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Atlas: Guilin, China

O que fazer em Guilin, uma das paisagens mais belas da China

O que fazer em Guilin? Se você, como eu, chegou até essa parte da China, prepare-se para conhecer ‘uma das paisagens mais belas debaixo do céu’. É isso que diz um um audacioso, porém compreensível, ditado chinês.

Com pouco mais de um milhão de habitantes, Guilin está cercada por incontáveis picos calcários, montanhas formadas durante milhões de anos pela ação das monções.

Acrescente na equação os meandros e passeios de barco pelo rio Li, cavernas, campos de arroz, passeios de barco, arquitetura chinesa, lagos, praças e uma gastronomia rica – está feito o roteiro para uma viagem inesquecível por essa parte da China.

Guilin: um pouco de história

Alexandre, o Grande, estava morto há menos de 10 anos e Roma ainda era uma criança quando a dinastia Qin fundou a cidade de Guilin, no sul da China. Em 2300 anos, Guilin acumulou conflitos, virou um ponto estratégico na passagem entre sul e norte do país e atraiu moradores importantes.

Após a fundação da República Popular da China, em 1949, Guilin se tornou o primeiro destino do sul do país a ser alçado ao sucesso turístico. Primeiro foram os próprios chineses que descobriram a região – e desembarcaram por lá aos montes.

Só depois vieram os gringos, que se apaixonaram por uma cidade próxima chamada Yangshuo. Hoje, só o triângulo dourado chinês (Pequim, Xangai e Xian) tem mais importância turística na China.

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O que fazer em Guilin: pontos turísticos

Yangshuo e o Rio Li

Apesar da beleza indescritível, a principal atração turística de Guilin envolve entrar num barco e zarpar dali. São cerca de quatro horas de navegação, pelo Rio Li, até Yangshuo, uma cidade menor e que fica no trecho mais bonito das montanhas calcárias que tornaram essa região famosa.

Por isso, muita gente que desembarca em Guilin acaba não conhecendo as atrações da cidade em si. Como os passeios de barco partem sempre no começo da manhã, por volta das 8h, o melhor é reservar o dia anterior (ou o seguinte) para conhecer Guilin.

Há várias opções de passeios de barco. Como esse é o passeio mais concorrido da região e um dos mais buscados da China, é melhor reservar com antecedência. Com duração média de cinco horas, esse passeio custa a partir de 70 dólares. Você pode contratar tanto a partir de Guilin como de Yangshuo.

Nós pegamos de Guilin. Fomos de van (50 minutos) até o ponto de onde saem os barcos. De lá, seguimos navegando até Yangshuo, onde permanecemos por dois dias. Seguimos de ônibus direto para o aeroporto.

Os lagos de Guilin: Sanhu e Ronghu

Tudo por ali ocorre ao redor de lagos, em especial o Sanhu e o Ronghu, que são conectados entre si por um pequeno canal. Junte a eles dois rios, o Li e o Taohua, e ainda os lagos Gui e Mulong: esse é o sistema de dois rios e quatro lagos que torna Guilin uma cidade das mais agradáveis.

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Reserve três horas, pelo menos, para fazer aquela que é uma das atrações mais legais da cidade – perambular pelo calçadão ao redor dos lagos, dos canais e do Rio Li. Vários dos canais de Guilin foram construídos no tempo do Império chinês, para facilitar o escoamento de mercadorias.

Dá para fazer um passeio de barco apenas por esses canais e lagos de Guilin. O tour dura três horas e custa cerca de 50 dólares – vale cada centavo!

Pagodas do Sol e da Lua

No meio do Sanhu ficam as Pagodas do Sol e da Lua, que tem 41 e 35 metros de altura, respectivamente, e estão conectadas por um túnel subterrâneo. É possível visitá-las, mas o mais bonito é mesmo vê-las a partir do lago, principalmente à noite, quando as pagodas são iluminadas.

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Xiàngbí Shān, a Colina do Elefante

Outra grande atração de Guilin é a Xiàngbí Shān, ou Colina do Elefante. Usada como fundo de tela de muito computador por aí, essa colina lembra um elefante bebendo água.

Uma lenda local diz que um elefante, que era usado como montaria pelo Imperador dos Céus, apareceu ferido em Guilin, onde recebeu os cuidados de moradores locais. Apaixonado pela cidade, o animal resolveu não voltar para o céu – até que um dia ele virou colina.

Um show noturno conta essa história. Como eu não fui, não sei se vale a pena, mas recomendo que você pague para entrar na Área Cênica da Elephant Trunk Hill (12 dólares, de 6h30 às 21h30).

Além de observar o elefante bebendo água, dá para seguir uma trilha colina acima, de onde se tem uma vista incrível de Guilin. Lá no alto fica outra Pagoda, a Puxian, que foi erguida durante a dinastia Ming, há pelo menos 700 anos.  

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As cavernas de Guilin

Se Guilin está cercada por montanhas, também está lotada de cavernas. A mais famosa é a Ludi Yan, ou Reed Flute Cave, em seu nome ocidental. Com 240 metros de profundidade e uma história nada curta, de uns 180 milhões de anos, essa caverna é linda.

Colorida por luzes diversas, uma tendência por ali, a caverna pode ser visitada em cerca de duas horas. Abre para visitação todos os dias, de 8h às 17h30, e custa 20 dólares. Outra caverna conhecida na região é a Seven-Star (15 dólares, 8h às 17h30).

É possível contratar um tour guiado para as cavernas. Essa opção, com duração de quatro horas, custa a partir de 100 doláres.

Terraços de arroz de Guilin

Se Pequim permite que o turista conheça a China histórica e Xangai e Hong Kong sejam a cara da China moderna, Guilin oferece uma oportunidade diferente: conhecer a China rural. Para isso, o melhor é fazer uma viagem de bate-volta até os terraços de arroz de uma cidadezinha chamada Longsheng, que existem há pelo menos 800 anos.

Os campos de arroz ficam em vilas montanhosas a cerca de 100 km de Guilin (2h30 de carro). Como eles são mais próximos de Yangshuo, pode valer mais a pena fazer o bate-volta a partir daquela cidade.

Dentro de Longsheng existem duas áreas de terraços de arroz – Ping’an, que tem mais estrutura turística e por isso mesmo é mais lotada, e a Jinkeng, que é mais rústica e vazia. 

Há duas opções de passeios guiados pelos terraços de arroz e partindo de Guilin: você pode contratar o pacote completo, com transfer e guia, por 170 dólares, num roteiro de dia inteiro. Também é possível contratar sem o transporte, com o deslocamento de duas horas até o ponto de encontro por sua conta. Essa opção custa, em média, 70 dólares.

Dá pra combinar o transporte de forma inteligente: começando por Guilin e terminando em Yangshuo (ou o contrário).

O que fazer em Guilin: outros passeios

Se sobrar tempo, explore os mercados de rua, como o Xicheng, faça passeios de bicicleta e visite plantações de chá e prédios históricos.

Os menos sedentários podem fazer trilhas pelos picos que ficam nos arredores da cidade, como o Fubo e o Diecai. Um passeio desses, com vistas incríveis, duração de oito horas e guia particular, custa cerca de 70 dólares.

Já um roteiro de bicicleta pela zona rural da cidade custa a partir de 100 dólares e dura o dia inteiro. Eu não fiz esse, mas a avaliação no Get Your Guide é muito boa.

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Onde se hospedar em Guilin

O melhor é se hospedar no centro de Guilin, perto dos lagos, da Rua Zhengyang e das pagodas do Sol e da Lua. Foi nessa região que me hospedei.

  • Riverside Wing Hotel Guilin – Vista fantástica e localização excelente, a 600 metros do calcadão da Rua Zhengyang. Diárias a partir de 80 dólares.
  • Holiday Inn Express – O conforto de um hotel conhecido e de rede. Fica a 500 metros das pagodas. Diárias a 45 dólares.
  • Aroma Tea House – Opção charmosa na beira do lago. Quartos grandes, muitos com varanda, e localização fantástica. Diárias a 70 dólares.

Onde comer em Guilin

Em frente ao lago Shanhu, o restaurante The Congee serve comidas típicas por um preço muito bom – foi ali que tivemos uma de nossas melhores refeições na China. Também provamos algumas opções de comida de rua.

Guilin tem várias ruas com barraquinhas e pequenos restaurantes, todas próximas ao centro e aos lagos e que ficam lotadas na alta temporada. Não deixe de provar o Guilin Fried Rice, um prato local que é consumido em praticamente qualquer refeição.

Veja também: 6 pratos típicos da culinária chinesa

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Quanto tempo ficar em Guilin

Muita gente apenas passa em Guilin, onde fica o aeroporto internacional e o porto de onde saem os mais famosos passeios de barco pelo rio Li. Acho que isso é um erro: vale a pena dormir pelo menos um dia na cidade, com tempo de conhecer suas principais atrações.

Quem tiver duas noites e dias inteiros ganha a chance de conhecer também alguns destinos nos arredores e que são mais acessíveis a partir de Guilin do que de Yangshuo.

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Quando ir a Guilin

A primavera (de março a maio) e o outono (de setembro a novembro) são os melhores momentos do ano. O verão é quente e chuvoso e o inverno é frio e tem paisagens nubladas. Não quer dizer que não dê para ir, mas é bom saber das condições, que alteram os passeios possíveis, a paisagem e até a sua mala.

Se você for em outubro, cuidado para não viajar durante o Chinese National Day, principal feriado e altíssima temporada do país. Nessa época tudo fica mais caro, lotado e precisa ser reservado com antecedência.

Também é bom planejar com mais cuidado caso sua viagem seja no Ano Novo Chinês, que foi quando eu fui (entre janeiro e fevereiro). Se esse for o seu caso, vale a pena reservar hotéis, passeios e transportes com bastante antecedência.

Como chegar em Guilin

É uma boa ideia combinar essa região com uma passagem por Hong Kong, que está a apenas 500 km e três horas de distância, pelos trens de alta velocidade que partem de Shenzhen, metrópole conurbada com HK.

De avião a distância fica ainda menor – não dá 50 minutos. Guangzhou, outra das grandes metrópoles chinesas, está a menos de três horas de trem, enquanto pelo menos nove horas de trilhos separam Guilin de Xangai.

Veja também: Como viajar de trem na China, passo a passo
Como tirar o visto da China e preencher o formulário

Assim como outras cidades da China, quem chega a Guilin por via aérea e num esquema de conexão – saindo de um país e indo para outro – consegue a dispensa do visto chinês para períodos de até 72 horas.

Como é uma Região Autônoma da China, Hong Kong é contada como outro país, o que torna uma ida até Guilin uma possibilidade para quem está de passagem pela cidade, mas não tem o visto chinês.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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