Intercâmbio Work and Travel nos Estados Unidos

Vocês já devem ter percebido que a terra do Obama virou assunto neste blog na última semana. É que chegou a hora de contar como foi morar lá por quatro meses durante um intercâmbio Work and Travel nos Estados Unidos. No próximo post da série conto como foi trabalhar no McDonald’s.

Em 2008 eu estava no meu penúltimo ano de faculdade e meio cansada do dia a dia (incrível como a rotina sempre me cansa e eu fico me coçando para viajar). Nesse momento, uma amiga surgiu com a ideia de fazer o intercâmbio Work and Travel nos Estados Unidos. Nós visitamos algumas agências, escolhemos uma e avisamos nossos pais das intenções. Felizmente, minha mãe me apoiou nessa empreitada. Eu tinha amigos e conhecidos que tinham feito o mesmo tipo de intercâmbio no ano anterior e gostado muito.

O que é o Work and Travel?

O Work and Travel é um intercâmbio legalizado pelo governo norte-americano que permite que jovens universitários, de 18 a 28 anos, passem as férias da faculdade trabalhando nos EUA. Tem até um tipo específico de visto para isso, que é o J1. Esse visto te permite trabalhar por três meses e concede um mês de “grace period” ou seja, um mês para gastar tudo o que juntou trabalhando.

Quanto custa o intercâmbio?

Para ir, existem dois jeitos: o primeiro é procurar uma agência aqui no Brasil, que vai fazer o contato com o Sponsor nos Estados Unidos. O Sponsor é como se fosse uma agência de trabalho, que vai te arrumar uma vaga para o período do intercâmbio. A agência aqui no Brasil cuida da parte burocrática, que é a papelada toda, seguro, passagens e ajuda para tirar o visto. A outra forma é contratar a agência só para resolver seus problemas, enquanto você consegue uma vaga nos EUA por sua conta. Dei uma olhada na internet e o preço atualmente varia de U$2000 a U$2500 dólares para fazer esse tipo de intercâmbio.

É possível pagar o seu curso no exterior de forma rápida, prática e segura. O melhor de tudo, economizando! A Remessa Online é o jeito mais rápido e barato de enviar dinheiro tanto para contas de pessoas físicas no exterior quanto para pagamentos de cursos exterior.

Natal nos Estados Unidos

Quando fazer?

O período de trabalho costuma ser de novembro a março, mas isso fica acordado com a empresa. Eu viajei no final de novembro, comecei a trabalhar no dia 1 de dezembro de 2008 e voltei para o Brasil no meio de abril de 2009. Mas é importante olhar tudo bem antes. A parte de encontrar o trabalho (seja você mesmo, seja a agência) é demorada, sem contar que é mais barato comprar passagem aérea com antecedência. Eu comecei a planejar o intercâmbio em julho.

Quanto dinheiro dá para ganhar durante o work and travel?

Varia de onde você vai trabalhar e da sua disposição e sorte. Os empregos em geral pagam de 5 a 11 dólares a hora. Meu trabalho no McDonalds pagava U$ 7,25 a hora e U$ 10,50 a hora extra. Eu não consegui um segundo emprego porque fui logo quando estourou a crise de 2008. Além disso, estava numa cidade muito pequena, com cerca de mil habitantes. Meus amigos que foram em anos anteriores conseguiam segundos e até terceiros empregos e, logo, fizeram mais dinheiro que eu (na melhor expressão em inglês: make money). Porém, com a crise atual, não sei bem como está a situação da galera que foi ano passado e está indo este ano.

Eu recebia por semana, pagava só o aluguel, que já era descontado diretamente do meu contracheque. Eu ganhava então, líquido, entre 250 e 300 dólares por semana. Gastava com comida e passeios, mas juntava a maior parte para a viagem que queria fazer no final.

Casa dos intercambistas nos Estados Unidos

A casa onde eu morava

Dá para escolher a cidade?

Bom, depende. Eu dei sugestões de onde gostaria de ir: costa leste, próximo a Nova York. Deu certo, fui para New Hampshire, em Lincoln, uma cidade com uma montanha e pista de esqui que fica a cerca de duas horas de ônibus de Boston e umas cinco de Nova York. Tem gente que, ao contrário de mim, quer fugir da neve a todo custo e prefere ir para o sul. Isso vai de cada um. O que não dá para escolher (a não ser que você arrume por conta própria) é ficar em cidade grande ou a cidade exata para a qual você quer ir. Nesse programa, a maioria dos trabalhos são para cidades médias ou pequenas, porque é onde surgem ofertas de trabalho por temporada de férias.

Dá para escolher com que vou trabalhar?

Mais ou menos a mesma situação acima. Você pode até sugerir, mas vai depender do seu nível de inglês e da sua sorte. Eu queria muito um trabalho que eu pudesse falar inglês, afinal um dos motivos de ir para lá era treinar o idioma. Meu inglês era entre o intermediário e o avançado e consegui um trabalho em que eu ficava no caixa o dia inteiro, sempre falando com as pessoas, mas não ganhava gorjeta. Tem gente que vai ser operador de lift na estação de esqui, tem gente que é garçom, arrumadeira de hotel, vendedor de loja. Enfim, é o que chamamos de subemprego.

A diferença é que lá esses trabalhos são vistos com mais “dignidade” do que aqui. É comum trabalhar com jovens estudantes que estão ali para juntar uma grana ou universitários que precisam se manter. Também tem pais e mães que precisam sustentar os filhos. Enfim, não é um serviço visto de forma inferior (pelo menos eu, na minha experiência, não achei), mas com certeza, é pesado e cansativo.

Lincoln, Estados Unidos

Nevaaaasca

Quais perrengues podem me aguardar?

O primeiro grande perrengue é você não conseguir o visto. Isso pode acontecer porque a sua agência não te orientou direito, por falta de documentos que comprovem vínculo aqui ou até porque o pessoal do consulado ache que seu inglês não é bom o suficiente (aconteceu com um colega que estava tirando o visto junto comigo). Para mim deu tudo certo. Foi rápido e fácil, a agência me ajudou a organizar todos os documentos e a entrevista foi em inglês, mas muito tranquila.

Outra coisa que pode acontecer é você chegar aos Estados Unidos e descobrir que o emprego que te prometeram não vai rolar ou que a casa que você ia morar não existe. Isso aconteceu com um pessoal que foi no meu grupo e com um amigo que foi no ano anterior. Nessas horas, infelizmente, não adianta contar com a agência daqui – sim, são seus direitos, mas pela impressão que eu tive, algumas agências não se importam muito com os intercambistas depois que eles saem do Brasil. Por isso é importante pesquisar bastante antes de escolher a agência. Caso o pior aconteça e você não conseguir realmente nenhuma ajuda do Brasil, o jeito é tentar encontrar outro emprego (ou casa) por conta própria e salvar o seu intercâmbio. Com a crise, esse risco se agrava. Por isso, é melhor já questionar sua agência antes de sair do Brasil.

Inverno nos Estados Unidos

O terceiro perrengue que pode rolar é você odiar muito seu emprego e querer trocar. Nesse caso, a responsabilidade é só sua. Você pode tentar conversar com o chefe e ver se consegue mudar de cargo (acho difícil, mas vai que cola). Agora se o problema for o chefe em si, você pode tentar trocar de emprego, mas esteja bem atento ao contrato que você assinou – o seu chefe pode fazer com que você seja deportado por abandonar o trabalho acordado.

No fim das contas, vale a pena?

Ô, se vale. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Eu tinha 20 anos, estava morando pela primeira vez longe dos meus pais, num país diferente, com outra cultura e ainda trabalhando com coisas que eu nunca me imaginei fazendo antes. Vale a pena pelo crescimento pessoal, pela espírito de adaptação, pelo fato de você se dar conta que o mundo é muito maior e mais interessante do que você imaginava e claro, pelo inglês e por conhecer tantas pessoas diferentes. Recomendo para todo mundo que quiser e tiver como conseguir o dinheiro para ir. Sem contar que dá para viajar por um mês pelos Estados Unidos. Esse foi meu primeiro mochilão… contarei mais no futuro.

Atenção: Não é uma boa ideia viajar para os Estados Unidos sem um seguro de saúde internacional, já que os custos hospitalares lá são altíssimos. Leia aqui como achar um seguro com bom custo/benefício (e com desconto!)

Work and Travel x Work Exchange: qual a diferença?

Outra forma de fazer um intercâmbio de trabalho nos Estados Unidos são os programas de Work Exchange. À principio, eles se popularizaram entre mochileiros que buscavam uma forma de baratear a viagem, mas hoje são muito mais que isso. Baratos e flexíveis, eles se tornaram também uma forma de transformar qualquer viagem de férias em uma troca cultural, uma oportunidade de aprender habilidades novas – como uma língua – e ter experiências inesquecíveis.

Assim como no Work and Travel, no Work Exchange você terá experiência de trabalho nos Estados Unidos, mas em vez de ser considerado um trabalhador em tempo integral e receber um salário de verdade, no Work Exchange você faz uma troca: dedica cerca de quatro horas por dia desempenhando alguma atividade e ganha hospedagem gratuita e, em alguns casos, outros benefícios, como refeições.

A vantagem do Work Exchange é que ele é mais diverso e inclusivo: não há limite de idade e você pode se comprometer pelo tempo que quiser (os programas vão de uma semana há vários meses). Além disso, não é necessário ser estudante ou viajar com um visto específico: dá para usar o visto de turista mesmo. 

Além do tradicional “trabalhe em um hostel em troca de hospedagem”, hoje em dia os programas de Work Exchange têm muitas outras atividades: dá para trabalhar com projetos ecológicos, de impacto social ou educacionais, ensinando idiomas, como criador de conteúdo, social media, fotógrafo ou video maker, além de fazendas orgânicas e até mesmo como instrutor de yoga. As possibilidades são ilimitadas!

Há diversos sites que oferecem esse tipo de programa. No Worldpackers, parceiro do blog, a membresia custa U$ 49 por ano ou U$ 59 para um casal ou dupla de amigos, e você pode participar de quantos programas quiser durante o período.

No valor, está incluído um seguro que te ajuda a achar outra atividade caso você encontre condições diferentes da combinada ao chegar. E o site é brasileiro, logo, você tem suporte 24 horas em português.

Leitores do 360meridianos ganham U$ 10 dólares de desconto na membresia, basta utilizar o cupom 360MERIDIANOS na hora da compra. Clique aqui para saber mais sobre o programa.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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24 comentários sobre o texto “Intercâmbio Work and Travel nos Estados Unidos

  1. Ola,

    eu sou estudante de Administração e quero muito fazer intercambio em qualquer cidade dos EUA, mas eu quero ir la para aprender inglês, o meu nível é bem básico mesmo. Será que tem alguma agencia de intercambio que pode me ajudar??
    Help

    1. oi Camila,
      Todas as agências que eu conheço tem bons programas de estudar inglês nos Estados Unidos! De onde você é?

      Eu só tenho indicações de Belo Horizonte

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