Durante décadas, foi pelas águas calmas do rio Nhundiaquara que o comércio entre Curitiba e a região portuária do Paraná achou seu caminho. Até que estradas e uma ferrovia afastaram as embarcações comerciais do rio, que passou a ser tomado por veículos, digamos, mais inusitados: boias. E canoas, jangadas, gôndolas e até water balls – aquelas bolas plásticas enormes em que é possível entrar dentro e andar sobre as águas. Morretes, a 70 km de Curitiba e pertinho do litoral do Paraná, nasceu às margens do rio Nhundiaquara. Uma cidade histórica cheia de vocação turística, que mistura comida boa, casarões coloniais e banho de rio.
Por conta da proximidade, Morretes é o bate-volta favorito do curitibano. De carro, em apenas uma hora é possível chegar lá. As viagens de ônibus também são curtas – levam cerca de 1h30 -, enquanto o passeio mais tradicional, de trem, dura quatro horas, mas compensa o tempo maior (e o preço, que é salgado) pela beleza da Serra do Mar. Não é à toa que esse trecho já foi apontado como um dos passeios ferroviários mais bonitos do mundo.
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Morretes, cidade histórica e banho de rio
Eu fui para Morretes de trem e voltei de ônibus, no fim do dia. A cidade é pequena, tem apenas 15 mil habitantes, e pode ser percorrida numa tarde – o ideal é voltar para Curitiba no ônibus das 18h, já que os bares e restaurantes começam a fechar nesse horário. Quem quiser esticar a estadia tem como principal atração o pôr do sol no rio Nhundiaquara.
O trem parte de Curitiba às 8h15 e chega em Morretes por volta de meio-dia. Caso vá pela ferrovia, evite comprar o pacote que já inclui o almoço, que nesse caso é no restaurante da Serra Verde Express, empresa que opera o passeio ferroviário. Nada contra, até porque não comi lá e não posso opinar, mas é muito melhor ter a liberdade de escolher o restaurante de sua preferência. E boa parte do charme local está em almoçar curtindo a vista do rio, dos casarões e da Mata Atlântica. Ó:
Restaurantes em Morretes: onde comer
Comemos no Empório do Largo, mas o Madalozo e o Restaurante Nhundiaquara são outras boas opções. Todos eles têm a vista como atrativo, além, claro, do barreado, talvez a comida típica mais importante do Paraná e um símbolo de Morretes. O prato chegou ao estado com os imigrantes açorianos e envolve carne bovina cozida até desmanchar, temperos, arroz e banana. No Empório do Largo a refeição para duas pessoas saiu por R$ 78 – destaque para os bolinhos de barreado recheados com queijo, servidos como acompanhamento. Dá para pagar menos e não faltam restaurantes que tenham a receita no cardápio.
Depois da comilança, é hora de caminhar pelas ruelas do centro histórico. A cidade, que recebeu esse nome por conta dos pequenos morros e montanhas ao seu redor, nasceu em 1733. A ocupação portuguesa nessa região, habitada por índios carijós por séculos, ocorreu após a descoberta de ouro. Mas a riqueza que movimentou Morretes foi mesmo a indústria da erva-mate, que seguia pra o porto de Paranaguá, a 40 km dali.
Um dos principais prédios históricos é a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto, construída no século 19, no mesmo local onde antes ficava uma capelinha. Dizem que ela é bonita por dentro, mas, francamente, não entrei. Outro templo importante de Morretes é a Igreja de São Benedito, comandada por uma irmandade de escravos criada no século 18.
A Ponte Metálica, ao redor da qual estão vários bares e restaurantes, o Marco Zero, com seus banquinhos com vista para o rio, e a Casa Rocha Pombo, em estilo colonial, são outros lugares interessantes, mas Morretes é a típica cidade cujo ponto turístico mais importante é caminhar sem pressa e procurar bons cafés, bares, sorveterias ou restaurantes. Lembre-se de levar roupa de banho, sobretudo no verão, já que entrar no rio é outro programa imperdível, principalmente se o calor for forte.
Nos finais de semana uma feirinha costuma ocorrer na rua principal.
Vale a pena dormir em Morretes?
Há pousadas e hotéis em Morretes, mas acho que a cidade funciona melhor como um destino de bate-volta a partir de Curitiba. Pode ser uma boa dormir lá caso você pretenda seguir para outros destinos, como Antonina, outra cidade histórica e que está a 15 km dali, ou mesmo Paranaguá, de onde partem balsas para a Ilha do Mel. Outra opção é encarar as trilhas do Santuário Nhundiaquara, um parque que fica no distrito de Porto de Cima.
Devo alugar um carro?
O veículo é desnecessário em Morretes – e com ele você fica sem fazer um dos trechos de trem, passeio que, apesar do preço alto, vale a pena. Por outro lado, se descer a serra de trem não estiver nos planos, aí alugar um carro começa a ser uma boa ideia, principalmente para quem viaja em grupos. O valor pode compensar, fora que facilita o deslocamento para Antonina, arredores e mesmo em Curitiba. Veja aqui como alugar um veículo garantindo o melhor custo/benefício.
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Quero me hospedar em morretes em dezembro qual melhor lugar..pra ficar
Estou planejando fazer o passeio de trem até Morretes em Julho, acho que vou passar um frio danado mas tenho certeza que valerá a pena!! Bjos e parabéns pelo blog!
Valerá sim, Natânia!
Depois conta pra gente como foi.
Abraço.
Ué, sumiu parte do meu comentário, mas me referi à parte “acho que a cidade funciona melhor como um destino de bate-volta a partir de Curitiba”.
Sobre esta parte <> para um turismo mais urbano eu concordo, mas vale a pena sim passar uns 2 ou 3 dias em Morretes e curtir o “boiacross”, ou seja, a descida de boia no rio Nhundiaquara. É com certeza uma das atrações mais legais da cidade e vale muito a pena, além de ser bem tranquilo, mesmo para quem não saiba nadar, já que o rio é pouco profundo. Mas é preciso ao menos uma tarde inteira para essa atração.
E Morretes tem ainda muitos lugares legais pra banho nos rios fora da cidade. Um lugar show é o Salto dos Macacos, uma cachoeira incrível no meio da mata atlântica, mas é necessário ter um dia todo para ir até lá, curtir e retornar, pois o acesso é somente por trilhas.
Obrigado pelo comentário, Luciano! Falei mais pelo fato de todos os restaurantes fecharem.
Abraço.