É claro que um ponto turístico de quase 22 mil quilômetros pode ser visitado a partir de vários trechos – e regiões – diferentes. Apesar do enorme número de possibilidades, os endereços mais famosos da Grande Muralha da China estão mesmo ao redor de Pequim, capital do país. A partir dali, duas ou três horas de estrada levam turistas a pelo menos meia duzia de partes da Muralha, todas com estrutura turística e relativamente fáceis de visitar.
Quando eu digo estrutura turística, leia-se teleférico – em muitos trechos é possível subir até a Muralha assim. E bilheteria, estacionamento, restaurantes, bares e lanchonetes. Com tantas possibilidades e, em geral, pouco tempo disponível, a tarefa do turista é escolher bem qual parte da Muralha conhecer.
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Principais trechos da Muralha da China, em Pequim
- Badaling
- Mutianyu
- Jinshanling
- Simatai
Esses quatro trechos são alguns dos mais importantes. Falarei sobre as vantagens e desvantagens, um a um, explicando por que eu escolhi visitar a parte da Grande Muralha conhecida como Mutianyu – mas também dando motivos para que você opte por outro caminho.
Badaling (八达岭)
A menos de 70 quilômetros do centro de Pequim, Badaling é um dos trechos mais visitados da Muralha da China. Tem excelente estrutura turística e acesso fácil e rápido – você vai gastar entre 1h e 1h30 no deslocamento. Por isso mesmo, é o trecho mais concorrido (leia-se lotado) da Muralha, o favorito dos turistas chineses.
Como eu viajei em pleno Ano Novo chinês, época do ano em que centenas de milhões de pessoas turistam pelo país, Badaling estaria ainda mais cheia que o normal. Por isso, resolvemos evitar esse trecho – e recomendo que você faça o mesmo se preferir ver a Muralha sem lutar por espaço, ainda mais em feriados e finais de semana.
Mas por que tanta gente curte Badaling? Bem, além da facilidade de acesso, esse é um trecho bonito e revitalizado da Muralha, que foi construída durante a dinastia Ming, a partir de 1505. Quase 400 chefes de estado já passaram por ali, incluindo alguns presidentes dos Estados Unidos e a Rainha da Inglaterra.
Foto: Por warangkhana suriyakan, shutterstock.com
Badaling tem um teleférico, estacionamento, lanchonetes e até um cinema. A entrada custa 45 yuans e o teleférico outros 40 (o trecho). Uma vez no topo da Muralha, prepare-se para andar. Esse trecho tem cerca de oito quilômetros, com 30 torres de vigia. Funciona de 7h30 às 16h30, embora o horário possa ser estendido na alta temporada.
De transporte público, pegue o trem da linha S2, na estação Huangtudian, e siga para a estação Badaling. Depois, é só caminhar até a Muralha. Outra opção é pegar o ônibus 877, que parte de Deshengmen, em Pequim.
Também dá para ir de táxi ou no tour de alguma agência, comprado no próprio hotel. Se essa for sua opção, não contrate tours que envolvam visitas a lojas de jade e seda – eles são obrigatórios e, em geral, uma perda de tempo. É importante dizer também que esses tours costumam ser caros, custando em torno de 50 dólares. Por conta do preço, muitas vezes pode valer mais a pena combinar a ida com um taxista indicado pelo hotel (para quem prefere não ter trabalho) ou ir de transporte público (para quem quer economizar).
Mutianyu (慕田峪)
Com 23 torres espalhadas por pouco menos de três quilômetros e totalmente revitalizada, Mutianyu é a favorita dos turistas estrangeiros e, ao mesmo tempo, pouco procurada pelos chineses. O resultado é uma Muralha mais vazia, mesmo em feriados e finais de semana – e que pode ser praticamente só sua se você desembarcar por lá cedo. Foi esse trecho que eu visitei, uma escolha que se mostrou correta. Essa parte da Muralha foi construída durante a dinastia Qi, entre 550 e 577.
Mutianyu está a cerca de 80 km de Pequim, o que dá entre 1h30 e 2h de estrada, dependendo do trânsito e da sua forma de locomoção. O setor abre todos os dias, de 7h30 às 17h30. Além do tradicional teleférico, outro ponto alto de Mutianyu é um tobogã, que pode ser usado para descer montanha abaixo. Não testamos nenhum dos dois – subimos a Muralha a pé, por uma trilha de mais ou menos uns 20 minutos, e descemos do mesmo jeito.
É possível chegar lá pegando o ônibus 867, a partir da estação Dongzhimen do metrô de Pequim. Só que esse ônibus tem horários limitados e que variam ao longo do ano. Por isso, a opção mais comum envolve baldeações: do metrô para a estação Dongzhimen, de onde você pega o ônibus 916, que passa a cada 15 minutos. Você desce numa cidade chamada Huairou e de lá pega uma van para a entrada da Muralha.
Uma dica importante que vale para todos os deslocamentos envolvendo a Muralha: pegue apenas ônibus que você tem certeza que levam até o trecho que você quer ir, pois um golpe comum é o do falso ônibus da Muralha, que na realidade leva turistas para lojas, centros de compras ou simplesmente para um lugar distante, te obrigando a pegar um táxi, que faz parte do esquema, para seguir o passeio.
Jinshanling (金山岭)
Quem conhece garante que Jinshanling é a parte mais bonita da Muralha da China ao redor de Pequim. Parcialmente revitalizada, parcialmente tomada pelo mato e em ruínas, esse trecho permite que o turista tenha uma visão mais ampla de um projeto que levou milênios para ser feito, ao longo de dezenas de dinastias, e que não é um muro único, com princípio meio e fim.
Está a cerca de 160 km de Pequim, o que pode ser traduzido em três horas de estrada. Tem estrutura turística e teleférico e foi construída entre 1358 e 1389, mas, claro, reconstruída algumas vezes depois disso. Por conta da distância, é um trecho que costuma ficar mais vazio. É bastante procurado para quem deseja fazer trekking pela Muralha, uma caminhada de quatro a cinco horas que vai dessa área até o trecho vizinho, o Simatai.
Há um ônibus diário, que sai de Pequim às 8h e retorna às 15h. Para pegá-lo, vá até a estação Wangjing West e lá procure pelo local de ondem partem os ônibus.
Foto: Por Zhao jian kang, shutterstock.com
Simatai
Vizinha de Jinshanling, Simatai está a 130 km de Pequim. Passou por poucas revitalizações recentes, o que dá a ela a cara mais parecida com uma Muralha construída há 1500 anos, durante a dinastia Qi, e reconstruída e ampliada 10 séculos depois, durante da dinastia Ming.
Simatai é uma das únicas áreas da Grande Muralha que ficam abertas (e iluminadas) à noite. Por isso, é um passeio diferente e que envolve uma pernoite por ali – e uma vista incrível. Não existem ônibus diretos para chegar lá e o trajeto acaba envolvendo algumas baldeações. Pode ser melhor fechar a ida com um táxi ou perguntar no seu hotel se algum passeio turístico leva até lá. Se preferir ir de transporte público, veja aqui o passo a passo.
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Olá Rafael. Assim como o André que comentou há algum tempo, terei uma conexão de aproximadamente 12h em Pequim e penso em aproveitar para dar uma olhadinha na Grande Muralha (pelo menos um pedacinho dela, haja vista que ela toda deve me tomar um pouco mais do que essas horinhas que terei por lá. Rsrsrsrs). Considerando que a ida até os trechos mais próximos (Badaling e o outro) leva de 1h30 a 2h, imagino que para ir e voltar e passear por lá eu gaste no máximo umas 6 ou 7 horas, estou correto? Dá para curtir um pouco da Grande Muralha em 2 a 3 horas por lá? Desde já, agradeço por vc compartilhar suas experiências e conhecimento. Deus o abençoe!
Dá sim, Flávio. Esse é o tempo que a maioria das pessoas passa lá. Apenas evite tours com outras paradas – tipo os que forçam paradas em lojas. Economize seu tempo fazendo um tour mais direto.
Bom dia,
Em novembro vou para Tailândia.
Na ida tenho uma escala em Pequim.
12 horas e 25 minutos : Pequim
O que me aconselha fazer / visitar?
O mercado das sedas e as outras lojas aceitam cartão de crédito? Caso não, melhor eu levar dólar ou a moeda do país deles?
Na volta tenho 2 escalas
7 horas e 40 minutos : Pequim
4 horas e 50 minutos : Frankfurt
Se puder me ajudar com sugestões agradeço.
Oi, André. Eu ficaria pela cidade mesmo. Cidade Proibida, Praça da Paz Celestial e atrações nos arredores. Talvez dê tempo até de ir ao Templo do Céu.
Também dá pra ir na Muralha, mas vai ser só isso e, nesse caso, o melhor seria um tour privativo, pra você não correr risco com o voo;
Não sei dizer se o mercado das sedas aceita cartão, mas digo o seguinte: em geral, cartão é aceito livremente em tudo que é loja. A China está até mais avançada nesse sentido que o ocidente, muita gente paga com QR code ou até usando o We Chat, espécie de Whatsapp chinês.
Olá!! Gostaria de saber se existe algum trecho de visita a muralha da China próximo a India.
Obrigada!!
Não sei dizer, Melina.
Muito bom seu blog. Vamos seguir suas dicas. Estamos morando há 15 dias na China. E aproveitando uma viagem do meu esposo de trabalho viemos a Beijin e vamos conhecer a Muralha.
Que legal, Ariane! Sucesso pra vocês. 🙂
Abraço.