Lagos, Portugal: roteiro de viagem completo pelo Algarve

Lagos, em Portugal, a primeira vista, pode parecer só mais uma cidadezinha litorânea, com casinhas brancas e coloridas e um centro histórico simpático, cheio de bares e restaurantes. E eu imagino que 80% dos turistas que vão até lá desconhecem ou estão pouco interessados na história da cidade, visto que as praias do Algarve são simplesmente maravilhosas. Pois saiba que a cidade foi fundada quase dois mil anos antes de Cristo! Nesse post faço para vocês um guia completo de viagem para Lagos, com dicas de o que fazer, onde comer, quais praias visitar, onde ficar e outras dicas importantes.

Quanto custa viajar para Lagos, Portugal

Mesmo sendo uma região muito turística, é possível encontrar bons preços para viajar pelo Algarve e Lagos. Eu estive lá em agosto de 2016 e gastei uma média de 45 euros por dia. Como? Meu hostel ficou por 19 euros a noite. Os restaurantes tem refeições entre 7 a 15 euros. Quanto mais você evitar a rua principal da cidade, mais barato consegue pagar. Além disso, os supermercados tem preços acessíveis. Um chopp varia entre 1 e 2 euros, que é o preço comum em Portugal.

Como chegar e como circular em Lagos, Portugal: de trem, ônibus ou carro

É possível chegar no Algarve de ônibus ou de trem, partindo de Lisboa. De trem, pela CP, você pega o Alfa Pendular (2h30) ou o Intercidades (3h) até Tunes. De lá, é preciso faz uma baldeação e pegar trem regional até Lagos, num trajeto de 1 hora. Se você comprar os bilhetes com antecedência, é possível conseguir descontos de até 60%.

De ônibus, as viagens duram 3h45 entre Lisboa e Lagos. A Rede Expressos, a EVA e a Renex fazem o trajeto. Dá para comparar os horários e melhores preços no site da GoEuro.

Chegar no Algarve sem carro é fácil. Mas se locomover entre as cidades e as praias já é tarefa mais difícil. Eu não aluguei carro e com isso não consegui explorar as praias para além de Lagos. Se seu objetivo é circular, alugue um carro.

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Um pouco da história de Lagos, Portugal

Lagos já existe há quase quatro mil anos e era um importante porto comercial dentre civilizações antigas. Para os romanos, foi Laccobriga, onde produzia-se de salga de peixes a cerâmicas. Por volta do século 15, quando já se chamava Lagus, foi fundamental para os Descobrimentos Portugueses: de lá, o Infante D. Henrique partiu para conquistar o norte da África. A cidade também tornou-se um importante entreposto comercial da maior parte dos produtos que eram trazidos da África. Também foi em Lagos que, infelizmente, foi fundado o primeiro mercado de escravos da Europa.

Por volta do século 17, porém, a importância da cidade já estava diminuindo. Doenças, crises e outros problemas começavam a se acumular. Mas nada foi pior do que aconteceu algumas dezenas de anos depois: o Terremoto de Lisboa, em 1755, também afetou boa parte do Algarve, e o tsunami que seguiu o terremoto devastou a região. Com milhares de mortos, construções destruídas e um rio assoreado, Lagos perdeu a posição de capital para Faro. Foi só depois da Segunda Guerra Mundial que o Algarve direcionou-se mais para o turismo e, consequentemente, a Lagos voltou a ter importância no mapa português.

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O que fazer em Lagos: um roteiro pelo centro histórico

Dá para visitar um pouco dessa história no centro de Lagos num passeio rápido, de uma tarde.  Basicamente andar pelas ruas do centro histórico de Lagos e ficar atento aos grafites nos muros e azulejos nos prédios já é um passeio bastante interessante, visto que muitas ruas são fechadas para circulação de carros. Segue um roteiro do que fazer:

Para começar, a Marina de Lagos, lugar que você dá de cara assim que chegar na cidade, se vier de trem. Bem bonita, você cruza a marina numa ponte dessas que se abre para os barcos passarem e chega a Av. dos Descobrimentos. Seguindo essa avenida, que tem uma espécie de calçadão e uma feirinha estilo hippie, você vai chegar ao Mercado Municipal. Fundado em 1924, o mercado não é muito grande, mas tem três andares e vários produtores locais vendo peixes, frutas, pães, etc.

Ao subir os três andares do mercado você chega num terraço com uma vista bonita da marina e da avenida. Do outro lado desse terraço fica o Centro Ciência Viva. Mesmo que você não entre nesse museu de ciências interativo, saiba que do lado de fora há instalações legais para brincar e fotografar. Seguindo caminho, você chega na Praça Gil Eanes, onde tem uma estátua meio diferentona em pedra de um dos reis de Portugal, D. Sebastião, que foi quem elevou Lagos ao status de cidade, em 1573.

A rua que chega nessa praça é a principal da cidade, chamada 25 de abril. Ali estão dezenas de restaurantes, lojas de souvenires e bares. Ao fim da rua você chega na Igreja de Santo Antônio, que foi reformada em 1769, após o terremoto. Atrás da igreja fica o Museu Municipal Dr. José Formosinho, que tem achados arqueológicos de vários períodos da história de Lagos. A entrada custa 3 euros.

A um quarteirão está a Praça Infante Dom Henrique. Bem grande, de um lado da praça você encontra o edifício onde funcionou o Mercado do Escravos, que foi transformado em museu. Estava fechado quando estive lá.

Do outro lado da praça fica a Igreja de Santa Maria, a principal da cidade, construída em 1498 e restaurada ao longo dos séculos.

Mais ou menos atrás da Igreja fica o Castelo dos Governadores, o prédio onde viviam os governadores do Algarve. Foi bastante arruinado pelo terremoto e depois o espaço foi cedido à Misericórdia de Lagos, que adaptou a construção em um hospital. Da construção original resta apenas uma janela do período manuelino.

Se você continuar seguindo em direção à praia, chegará ao Forte da Ponta da Bandeira, construído para proteger a cidade de piratas e ataques inimigos, entre 1679 e 1690.

Por fim, para terminar o passeio, vá procurar o que restou das muralhas e portas de Lagos, que começaram a ser construídas pelos romanos, foram ampliadas pelos árabes e aproveitadas pelos portugueses. Um bom lugar para vê-las é seguindo do centrinho pela Travessa do Forno – você vai dar de cara com uma boa parte da muralha e uma das antigas portas.

Uma dica final, para quem quiser ver o pôr do sol do alto: no local onde você encontrar a muralha, siga pela rua de São José, que vira rua dos Bombeiros. Depois, cruze uma avenida e continue na direção da rua José Formosinho. Você vai chegar no ponto do alto das pedras entre a praia do Pinhão e a praia de D. Ana. Aproveite a vista!

O que fazer em Lagos, Portugal: as melhores praias do Algarve

Em Lagos ficam as praias mais bonitas do Algarve, o que torna a cidade um dos melhores destinos da região, principalmente para quem não quer alugar carro, tendo em vista que dá para ir a pé entre as praias do Camilo, Dona Ana, Ponta da Piedade, Praia da Batata, Praia dos Estudantes e até a isolada Praia do Canavial.

Eu recomendo que vocês leiam o guia em que explico melhor sobre cada uma dessas praias do Algarve.

Outro programa imperdível para quem quer ver as belas paisagens de mar e falésias do Algarve é fazer um passeio de barco em Lagos. Nesse post eu conto todos os tipos de passeio de barco, quanto custa e qual empresa contratar!

Onde comer em Lagos: três dicas de restaurantes

Tenho três dicas de restaurantes em Lagos para vocês, todos na faixa de 10 a 15 euros, incluindo bebidas. O primeiro, que foi meu favorito, é o The Garden. Como vocês podem imaginar pelo nome, o restaurante fica num jardim, com mesas ao ar livre, muitas árvores no entorno e claro, comida muito boa. Eu comi um peixe na brasa – que era o prato do dia – e estava delicioso. O The Garden fica na Rua Laçarote de Freitas, 27.

Para quem quer variar um pouco dos frutos do mar e dos pratos mais tradicionais portugueses, pode experimentar o mexicano Beats & Burritos. O restaurante tem donos gringos e atendentes idem. Tem comida mexicana como tacos, burritos e quesadilhas, incluindo opções vegetarianas. E tem chopp Estrella de 500 ml por 3 euros. O endereço é Travessa do Cotovelo, 4.

Por fim, o Saibos mistura opções mais contemporâneas com pratos tradicionais do Algarve. Tem peixe, carne, hambúrguer e vegetariano. Tudo muito gostoso. A decoração e as cadeiras de lá são um luxo, tem música ao vivo algumas noites da semana. Fica na Marreiros Neto, 45.

Onde ficar em Lagos

Já fiz um post com várias dicas de hospedagem no Algarve.  Mas queria aproveitar esse espaço para dar a dica de onde eu fiquei em Lagos, o hostel Racing Mackerel.

Fotos: Divulgação

O hostel é de um casal de português e uma espanhola e é bem novo – tem menos de um ano. Fica num espaço como se fosse um apartamento e mantém essa vibe casa: são só 3 dormitórios e um quarto duplo privativo. Eu fiquei no dormitório de quatro camas. A cama era muito confortável e a beliche era daqueles bem firmes, que não range ou mexe quando a pessoa de cima se move.

E eles também têm tomadas e luz individual para cada cama. A cozinha é grande e equipada. O banheiro deixa um pouco a desejar, com a área dos chuveiros pequena. Pagamos 19 euros por noite, sem café da manhã. Claro, tinha wifi liberado bom e que funcionava em todas as áreas do hostel.

Você também pode ver outras opções de hospedagem em Lagos aqui! 

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