Efervescência, agitação, rebuliço. Frevo. A palavra, uma corruptela do verbo ferver, encarna a alma da capital pernambucana como nenhuma outra. Recife é daquelas cidades que respiram música, festa, carnaval. Por ali, o agito dura o ano inteiro, e o ritmo que comanda as ruas e multidões não poderia ser outro. Considerado Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO, a história desse estilo musical se confunde com a de Pernambuco – e tudo isso é contado de forma interativa no Museu do Paço do Frevo.
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Localizado em um bonito prédio histórico bem no coração do Recife Antigo, o Paço do Frevo se empenha em preservar e disseminar a memória do ritmo por meio não apenas de sua exposição permanente, mas também de oficinas e vivências ministradas nesse espaço. Por isso, o prédio de três andares funciona também como café, centro cultural e escola de dança e música.
A ambientação já começa no hall de entrada, que é toda pintada em vermelho e com os grandes nomes do estilo. A visita começa com um corredor que relembra as origens do frevo, com uma exposição de fotos antigas de manifestações populares embaladas pelo ritmo e uma linha do tempo que detalha os marcos históricos que levaram o gênero a se espalhar por todo o país. Logo ali ao lado há uma sala na qual os visitantes podem escrever nas paredes suas próprias versões sobre a história do frevo enquanto assistem a videos e leem artigos de revistas sobre o tema.
O segundo andar é dedicado às oficinas das escolas de música e de dança e às exposições temporárias. Mas a parte mais bonita do Paço do Frevo é, sem dúvidas, o terceiro andar. Na ampla sala com vista para os prédios do Recife Antigo, para o rio e para o mar, estão expostos os estandartes de diversos blocos que levaram alegria pelas ruas da capital pernambucana. As janelas e paredes mostram frases, trechos de música e poesia sobre o frevo, a cidade e a cultura nordestina.
A história do frevo e outras curiosidades
Bastam alguns acordes para que ninguém mais fique parado. O som contagiante do frevo é parte do dia a dia do pernambucano e toca nas ruas, festas e carnavais e nasceu de uma mistura louca de ritmos como a marcha, maxixe, dobrado e polca. Criado no século 19 pelas camadas mais periféricas da população com o objetivo de fazer todo mundo balançar as cadeiras nas festas de rua, o estilo está muito ligado à tradição carnavalesca em Recife.
É claro que ninguém precisa ser profissional para arriscar alguns passinhos de frevo no meio da multidão, mas a dança que acompanha a música – cheia de acrobacias – tem uma origem interessante: foi inspirada nos movimentos da capoeira. É que, no passado, era muito comum que os blocos de carnaval de rua do Recife se enfrentassem. Por isso, os capoeiristas seguiam na frente do grupo para intimidar os rivais.
A sombrinha colorida, hoje um símbolo do frevo, era usada como arma pelos capoeiristas nessas disputas. Foi escolhida porque assim era fácil disfarçar o intuito para a polícia, uma vez que um guarda-chuva não poderia ser enquadrado como arma branca. Por sorte e por causa do orgulho imenso que o pernambucano tem de sua cultura (não sem motivo, não é mesmo?), a dança do frevo perdeu aos poucos esse propósito combativo e se transformou em símbolo de resistência, uma manifestação cultural única, pacífica e cheia de personalidade, que só serve para unir pessoas de todas as tribos. Atualmente, são mais de 120 passos de frevo oficialmente catalogados, mas para dançar no meio do povo, é só sentir a música e deixar o corpo falar. Afinal, a improvisação continua sendo a alma do frevo.
Onde ouvir (e dançar) o Frevo em Recife
Além de visitar o Paço do Frevo, há outras formas de vivenciar o ritmo que embala a cidade. A principal delas é experienciar a música e a dança em seu habitat natural: as ruas. Não é preciso esperar o carnaval chegar para isso. Em Recife, há prévias e festas nos clubes dos blocos mais tradicionais a partir de setembro. Entre eventos que promovem o frevo fora dessa época estão o Arrastão do Frevo, com diversas edições durante o ano. No Dia Nacional do Frevo, celebrado em 14 de setembro, a cidade inteira se enche de festas.
Se você tiver a oportunidade, no entanto, o carnaval pernambucano estará de portas abertas. Sem dúvidas um dos mais tradicionais do país e, para algumas pessoas, o melhor (meu coração carnavalesco pertence a BH, sorry). Tá animado? Então confere o guia completo para o carnaval de Recife que temos aqui no blog.
A comunidade da Ilha de Deus também oferece oficinas de frevo, ciranda e outras danças populares como parte de seu projeto de turismo comunitário. A gente explica direitinho como fazer para incluir essa parada mais que especial no seu roteiro.
Visita ao Paço do Frevo, em Recife – Serviço
A visita ao Paço do Frevo custa R$ 10. Estudantes pagam meia
Endereço: Praça do Arsenal da Marinha, 91 – Recife Antigo
Telefone: (81) 3355-8142
Site: https://www.pacodofrevo.org.br
Inscrições e informações sobre as aulas de dança e oficinas: (81) 3355-9524
Onde ficar em Recife: dicas de hotéis e pousadas
Escolher onde ficar em Recife é um passo importante para definir o seu estilo de viagem. Quem escolher o Recife Antigo fica mais próximo das atrações culturais e da vida noturna da cidade. Já Boa viagem é para quem faz questão de ficar pertinho da praia.
Olinda merece atenção à parte, por isso o melhor é dividir a estadia: um pouquinho em cada cidade.
Veja alguns hotéis recomendados em Recife:
- Fity Hotel (Pousada, Boa Viagem)
- Hy Beach Flats (4 estrelas com vista para o mar, Boa Viagem)
- Piratas da Praia (Hostel, próximo à Boa Viagem)
- Ibis Recife Aeroporto (Econômico, próximo ao aeroporto)
- Mangue Oranje Hostel (Hostel econômico, Recife Antigo)
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