Passeio diferente em Belo Horizonte: caminhada literária pelos anos 1920

Carlos Drummond de Andrade garantiu: basta um pouco de poesia (ou de nostalgia) para você viajar ao passado. É justamente esse o objetivo de um passeio diferente em Belo Horizonte, a caminhada Boemia e Literatura nos anos 1920. Uma viagem no tempo para uma capital jovem, que não tinha nem 100 mil habitantes, mas que estava repleta de gente criativa e doida para escrever  histórias.

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Criada em dezembro de 2020, na comemoração dos 123 anos de BH, a caminhada entra em 2022 com grupos quase todo final de semana e até já famosinha: foi tema de pauta do G1, da rádio Itatiaia, do jornal O Tempo e do Bom dia Minas, da Globo.

O organizador, este jornalista que te escreve, trabalha há 10 anos com turismo, aqui no 360meridianos, e desde 2020 com literatura, por meio do projeto Grandes Viajantes.

passeio diferente em BH

Passeio diferente em Belo Horizonte: como funciona a caminhada?

Ao longo de três horas, o grupo percorre endereços bastante conhecidos do centro de Belo Horizonte. O objetivo é contemplar tudo com um novo olhar; observar pela primeira vez cenários que estão ali, e são portais para o passado, mas que o dia a dia torna invisíveis.

Não é exatamente um passeio turístico: mistura também literatura, contação de histórias e fotografia.

“Jardim da Praça da Liberdade,
Versailles entre bondes.
Na moldura das Secretarias compenetradas
a graça inteligente da relva
compõe o sonho dos verdes.”

Carlos Drummond de Andrade

A viagem no tempo não usa máquina, mas livros. A cada parada, resgatamos histórias de Pedro Nava, Carlos Drummond de Andrade, Henriqueta Lisboa, Olavo Bilac, Afonso Arinos Sobrinho, Fernando Sabino, só para citar algumas das pessoas que escreveram (e viveram) as primeiras décadas de Belo Horizonte.

De Drummond partem as histórias mais inacreditáveis da boemia da nova capital: de incêndios propositais ao alpinismo urbano; de nudez numa das principais avenidas da cidade ao dia a dia no lendário Bar do Ponto.

lugares diferentes em bh

Para ajudar ainda mais no transporte temporal, cada parada inclui também fotos antigas. Observamos a Praça da Liberdade ontem e hoje. A antiga Matriz da Boa Viagem de Curral del-Rey. A Rua da Bahia e seus bondes. A Afonso Pena e seus espetaculares fícus. O Parque Municipal, a Sapucaí, os Arcos do Santa Tereza e a Praça da Estação: 124 anos de capital, mais que o dobro de cidade.

“Todos os caminhos iam à rua da Bahia. Da rua da Bahia partiam vias para os fundos do fim do mundo, para os tramontes dos acabaminas… A simples reta urbana… Mas seria uma reta? Ou antes, a curva? Era a reta, a reta sem tempo, a reta continente dos segredos dos infinitos paralelos. E era a curva. A imarcescível curva, épura dos passos projetados, imanências das cicloides, círculo infinito… Nós sabíamos, o Carlos tinha dito. A rua da Bahia era uma rua sem princípio nem fim. Descíamos. Cada um de nós era um dos moços do poema. Subíamos”.

Pedro Nava

Eu criei a caminhada Boemia e Literatura nos anos 1920 junto com minha esposa. Nossa ideia era oferecer uma experiência diferente, fora do óbvio, por Belo Horizonte. E que misturasse algumas das nossas paixões – e também as coisas que BH tem de melhor: literatura, gastronomia, cultura, arquitetura, boemia e clima cervejeiro.

Como reservar?

O passeio custa R$ 48 por pessoa e os grupos têm no máximo 12 participantes (crianças de até 12 anos não pagam).

Em geral, as caminhadas ocorrem aos domingos, com saídas às 10h. Percorremos cerca de 3 km, tudo com calma e várias paradas, e encerramos a atividade por volta de 13h, hora perfeita para quem quiser emendar com um almoço na rua Sapucaí.

Quer fazer o passeio? Manda uma mensagem pelo Instagram: @ondecomerebeberem ou @rafael7camara e confira a disponibilidade de datas. Você pode também entrar em contato por email: raleixo7camara@360meridianos.com

Conheça Belo Horizonte, a capital que cresceu escondendo seus rios clique aqui.

lugares esquecidos de bh

Uma cidade se assemelha às outras

porém se a amamos é única:

tem a forma de um coração

traz nosso aroma predileto

é a paina do travesseiro

em que repousa a nossa fonte.

Belo Horizonte bem querer.

Henriqueta Lisboa

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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