Falésias e comida boa nas Praias de Pipa, no Rio Grande do Norte

Quando navegadores portugueses avistaram uma grande pedra em formato de pipa – outro nome para um barril de vinho – aquela faixa do litoral do Rio Grande do Norte ganhou um nome definitivo. Parte do município de Tibau do Sul, a 85 km de Natal, as praias de Pipa permaneceram despercebidas nos séculos seguintes, um vilarejo onde pescadores levavam uma vida pacata e gente de fora era raramente vista. Até que chegaram os surfistas, na década de 1980.

Eles, os turistas desbravadores, logo colocaram Pipa no mapa, e em poucos anos a vila estava repleta de pousadas, hotéis, bons restaurantes e com vida noturna agitada. Hoje, Pipa tem a fama de ter algumas das praias mais bonitas do Brasil. E a responsabilidade de ser o destino dos sonhos de muita gente.

Eu confesso, me surpreendi ao desembarcar por lá. Para isso, foi importantíssimo não ter transformado a região num destino de bate-volta a partir de Natal, como fazem muitos viajantes. É que Pipa é muitas. Na maré alta, o mar invade a areia, cobre as pedras e ronca forte embaixo de restaurantes. Na baixa, a areia reaparece, dezenas de piscinas naturais surgem, como um convite à preguiça. Junte isso com as falésias, golfinhos, tartarugas e dunas da região: esse é o mapa do paraíso.

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Praia de Pipa

Praias de Pipa: passeios e pontos turísticos

A principal avenida de Pipa é a Baía dos Golfinhos. É nela e ao redor que ficam os restaurantes, bares e opções mais concorridas da vila, uma rua de pedras onde tudo acontece, principalmente à noite. É a partir dela, descendo a rua e passando por baixo da ponte do Largo São Sebastião, que fica o acesso para a Praia de Pipa, também chamada de Praia do Centro. A principal faixa de areia da vila é lindíssima e está cheia de barracas e restaurantes de frente para o mar.

A partir dali, seguindo à direta de quem olha para o mar, basta caminhar por alguns minutos para chegar à Praia do Amor, que é cercada por falésias que, do alto, lembram um coração – daí seu nome. Embora existam algumas barracas de praia por ali, a estrutura já é bem mais simples. Essa praia é frequentada por surfistas e só pode ser acessada pela areia na maré baixa, por isso lembre-se de voltar antes que a maré suba novamente.

Praias de Pipa

À esquerda da Praia de Pipa está a Baía dos Golfinhos, outra praia lindíssima e onde, como o nome indica, é possível ver dezenas de golfinhos, quase que diariamente. Também dá para chegar lá pela areia, na maré baixa, mas não espere muita estrutura: por ali, tudo fica por conta dos ambulantes que fazem o mesmo trajeto e que obviamente cobram um pouco mais por isso.

Eu nem cheguei a ir na Baía dos Golfinhos por terra, mas isso porque fiz o passeio de barco que parte da Praia do Centro. Em uma hora, percorremos os 10 quilômetros de litoral de Pipa, com direito a pausa para banho. Os golfinhos estavam lá. O passeio custa a partir de R$ 40, dependendo do tipo de embarcação.

praias de pipa

Na mesma direção e depois da Baía dos Golfinhos está a Praia do Madeiro, que já tem algumas barracas de praia e que pode ser acessada por uma grande escadaria a partir da falésia. Essa é uma praia que costuma ser visitada de carro – há um estacionamento perto da estrada e da escadaria.

Também é comum que os visitantes juntem um dia de sol na Praia do Madeiro com uma passagem pelo Santuário Ecológico de Pipa, uma reserva ambiental com quase duas dezenas de trilhas e com vários mirantes para praias. Ali também funciona uma sede do Projeto Tamar. O parque funciona até às 16h e a entrada custa R$ 5.

Além das praias, não faltam atividades e passeios em Pipa. Observar o nascer ou o pôr do sol a partir de uma das falésias da região é um dos programas mais concorridos, com destaque para o Mirante do Chapadão. A forma tradicional de percorrer essa área é de jardineira, num passeio turístico que passa por muitos dos pontos importantes, incluindo uma pausa, com possibilidade de passeio de jangada, na Barra do Cunhaú. Passeios de bugue são outras alternativas, assim como voos de parapente, mas, numa boa, mesmo o mais sedentário dos viajantes não vai ter muito do que reclamar – basta escolher uma espreguiçadeira e relaxar. Já é um programão.

o que fazer em Pipa

Restaurantes e hotéis

Caiu a noite, siga para a Avenida Baía dos Golfinhos, onde está a vida noturna de Pipa. Por ali, testamos o Aprecíe Restaurante, que fica na Rua Bem Te Vis, 34, uma travessa que parte da avenida principal. Além de boa comida, lá eles servem a CAP, cerveja artesanal de Pipa cuja garrafa custou R$ 14.

De frente para o mar, na Praia do Centro, testamos duas boas opções para almoço. A Barraca da Neide vende porções, moquecas e peixes diversos, enquanto o Restaurante Caxangá é um pouco mais caro, mas tem boas alternativas – e uma vista espetacular para praia, com direito a testemunhar a maré subindo e o cenário mudando completamente. Na maré alta, a praia desaparece e o mar bate nas pedras abaixo do restaurante, que se torna uma baita varanda para o oceano. Aqui você encontra mais dicas de restaurantes em Pipa.

Quando o assunto é hospedagem, há opções de hotéis em frente ao mar e bem avaliados, como a Pousada Céu e Mar e a Boutique Hotel Marlin’s. Eu me hospedei no Serhs Villas da Pipa Hotel, que está a menos de 10 minutos de caminhada da praia e a cinco da Avenida Baía dos Golfinhos. Esse hotel tem chalés individuais, cada um deles com estrutura de casa: cozinha, sala de estar e quarto. Todos os chalés têm piscinas e área de churrasqueira individual e há café da manhã. O melhor foi o preço: fui no meio de semana e paguei apenas R$ 180 na diária, num chalé que até banheira de hidromassagem tinha. Melhor custo/benefício possível.

Pipa, o que fazer

Quando ir: melhor época em Pipa

A estação chuvosa vai de março a julho, sendo que abril, maio e junho são os meses que costumam ser mais molhados. De agosto a fevereiro o tempo melhora, com destaque para outubro, novembro e dezembro, que recepcionam os turistas com muito sol e chuvas raras.

Em termos de economia, é bom lembrar que dezembro, janeiro e datas especiais, como Réveillon e Carnaval, significam um aumento nos preços de pousadas, hotéis e até nos menus dos restaurantes. Por fim, se for combinar Pipa com Natal ou João Pessoa, prefira passar finais de semana nessas capitais e dias úteis em Pipa – você será recompensando com preços bem melhores e praias mais vazias.

Roteiro e como chegar

Pipa está a apenas 85 quilômetros de Natal e a menos de 100 do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves. Vans fazem o transfer diretamente de lá e podem ser agendadas no desembarque. Táxis também fazem o trajeto e mesmo corridas nos aplicativos de transporte não costumam ser caras. Quem preferir também pode ir de ônibus, fazendo uma baldeação no município de Goianinha.

Veja também:  Praias do nordeste – seis roteiros para você viajar

Mas o ideal, justamente pela proximidade, é montar um roteiro que inclua Natal, Pipa e João Pessoa, que está a 154 km ao sul de Pipa, pela BR-101. Nesse caso vale a pena alugar um veículo, que pode ser bastante útil no deslocamento entre as cidades, principalmente para quem viaja em grupos. Veja aqui uma dica de como alugar um carro com o melhor custo/benefício.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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