Rock Garden, um jardim de pedra em Chandigarh

Um jardim secreto feito de pedras e lixo é um dos principais cartões-postais de uma cidade cuidadosamente planejada. É o Rock Garden, maior atração turística de Chandigarh,  capital de dois estados indianos: Haryana e Punjab.

Tudo bem que o Rock Garden não é hoje mais segredo para ninguém – cerca de 5 mil pessoas passam pelo local todos os dias. Aos domingos, o jardim fica tão cheio que pode ser complicado caminhar pelos seus caminhos estreitos. Mas o Rock Garden ainda é feito de lixo e, é claro, pedras. E sim, já foi um jardim secreto. E por muito tempo.

Essa história começa durante a construção de Chandigarh. A Brasília das Índias foi planejada na década de 50 pelo modernista Le Corbusier que traçou ruas em linhas retas e dividiu a cidade em setores. E logo ali, no setor 1, perto de alguns dos prédios mais importantes da nova capital, nasceu o jardim secreto.

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Esculturas de mulheres no Rock Garden de Chandigarh

Rock garden, Chandigarh

Nek Chand, um indiano que trabalhava no departamento de obras públicas, tinha um hobby: ele resolveu aproveitar a grande quantidade de resíduos que a construção da cidade (e a destruição do que existia ali antes) deixou, e começou a usar lixo, pedras e rochas para fazer peças de arte numa floresta,  perto do Sukhna Lake.

Sem autorização para construir seu jardim numa área de proteção ambiental, Chand tomou a sábia medida de manter tudo em segredo. E ninguém notou nada por longos 18 anos. Somente quando as centenas de esculturas do jardim ocupavam quase 50 mil metros quadrados é que as autoridades descobriram o segredinho. Para alívio do artista, resolveram não demolir o local, que foi aberto ao público como um parque, em 1976.

Rock-Garden-de-Chandigarh

Com apoio público, Nek Chand conseguiu completar seu trabalho. Atualmente as esculturas feitas de pedras, pedaços de cerâmica, copos, garrafas e outros materiais do tipo ocupam uma área de  160 mil metros quadrados. O ingresso custa 15 Rúpias (míseros 34 centavos).  Para turista que passa por Chandigarh a dica é evitar o local durante o final de semana. As obras de Nek Chand, separadas por cachoeiras e riachos, precisam ser admiradas sem centenas de pessoas te empurrando. E depois vale descansar e fazer um piquenique no Sukhna Lake.

Esculturas no Rock Garden, Chandigarh

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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