Foi nas areias da Barceloneta, onde o Mediterrâneo se encontra com o continente, que Dom Quixote conheceu o mar. Como tantos outros antes e depois dele, se apaixonou por Barcelona. Publicado em 1605, o livro do escritor espanhol Miguel de Cervantes é considerado um dos grandes clássicos da literatura mundial e marco inaugural do romance moderno.
Mas foi apenas na segunda parte da obra, lançada 10 anos mais tarde, que o cavaleiro andante tomou a estrada que o levaria à capital da Catalunha justo na véspera das festas de São João, as mais importantes da região. Ali, encantado com o que viu, o personagem afirma: “E ainda que as coisas que lá me sucederam não foram de muito gosto, mas sim de muita aflição, suporto-as sem mágoa, só pelas ter visto”.
Apesar de que a Barcelona que descreveu Dom Quixote pertence a quatro séculos no passado, ainda é possível encontrar resquícios e correspondências da cidade que inspirou Cervantes pelas ruas atuais se você souber onde procurar. Há alguns meses, eu fiz uma rota literária pela cidade como parte do meu programa de mestrado e, embora este post não siga exatamente a lógica desse roteiro, dá para mostrar um pouco da Barcelona Quixotesca que inspira sonhos e delírios nos cavaleiros errantes de todas as partes do mundo.
Rota literária pela Barcelona de Dom Quixote
Quando passou pelas muralhas que protegiam a cidade no passado, é muito provável que a Barcelona que encontrou Dom Quixote fosse mais parecida com o Bairro Gótico que a qualquer outra parte da cidade, construído sobre antigas ruínas da época da ocupação romana. Um bom lugar para começar seu passeio é a Catedral de Barcelona. Caminhando à direita do edifício, você encontra a Carrer dels Comtes, onde há um antigo prédio utilizado pela Santa Inquisição, hoje Museo Frederic Marès. Ainda dá para ver um escudo da época nas paredes exteriores da construção.
De lá, siga para o antigo bairro judio, também conhecido como El Call. Entre os números 14 e 16 da Carrer del Call ficava a prensa que imprimiu a versão apócrifa de Dom Quixote (também conhecida como a primeira fanfic da história). É que a obra fez tanto sucesso na época que um escritor usou os personagens de Cervantes para criar sua própria versão da sequência do livro.
Cervantes fez uma menção irônica a esse fato na segunda parte da novela, quando Quixote entra na gráfica e vê que estão imprimindo um livro sobre as aventuras de Dom Quixote Avellaneda. Hoje, a gráfica já não existe, mas há desenhos entalhados nas paredes que fazem referência à obra de Cervantes.
Caminhando em direção ao Born, está a carrer Montcada. Justo em frente ao Museu de Picasso há um mosaico que retrata o cavaleiro recorrendo essas mesmas ruas para sair da cidade. Entre o Gótico e a praia, na Passeig de Colom, 2, está o prédio no qual viveu Cervantes no século 16. Dizem que no terceiro andar.
Discreto, o local só é identificado com uma placa de metal e um busto que as más línguas afirmam ser do escritor. O roteiro termina na praia de Barceloneta, local pelo qual Dom Quixote entrou na cidade e o mesmo por onde saiu depois de perder a disputa com o Cavaleiro da Branca Lua, uma das passagem mais famosas do livro.
“Estenderam D. Quixote e Sancho a vista por todos os lados, viram o mar, que até então nunca tinham visto, e pareceu-lhes imenso e espaçosíssimo, muito maior que as lagoas de Ruidera, que tinham na Mancha.”
Transporte público + Entrada para 16 museus de Barcelona
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Foto destacada: Shutterstock
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