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Atlas: China

Das metrópoles à muralha: roteiro de 15 dias pela China

Melhor já deixar claro:15 dias é pouco tempo para conhecer a China. Um dos maiores países do mundo, repleta de atrações naturais, paisagens fantásticas, lugares históricos e metrópoles gigantescas, a China demanda pelo menos um mês do viajante – e mesmo assim vai faltar muita coisa para conhecer. Mas como ter tanto tempo disponível não é lá muito comum, em geral é preciso se contentar com menos e fazer escolhas difíceis. Foi o meu caso. Neste texto, apresentarei o meu roteiro de 15 dias pela China. E depois darei algumas dicas para quem tem um pouco mais de tempo.

Veja também: Quanto custa viajar para a China?

15 dias na China: como se locomover?

A China tem mais trens de alta velocidade que qualquer país, o que torna o deslocamento fácil, mesmo para grandes distâncias. Por outro lado, restrições militares no espaço aéreo causam atrasos frequentes nos voos – o país lidera a lista de aeroportos com mais atrasos no mundo. Junte as duas informações e você terá a resposta óbvia: sempre que possível, prefira os trilhos. Por outro lado, como o país continental que é, algumas distâncias podem ser grandes demais mesmo para trens que viajam a uma média de 350 km/h. Nesses casos voar pode ser uma boa ideia.

Dentro das cidades o deslocamento também é tranquilo, principalmente nas metrópoles, como Pequim, Xangai e Hong Kong, que têm sistemas de metrô amplos e na lógica universal, com placas e máquinas de atendimento em inglês. Não há aplicativos de transporte – pelo menos não os ocidentais, tipo a Uber e o Cabify, mas andar de táxi é simples e barato. Tenha sempre o endereço do seu destino e do seu hotel anotados, em chinês, num papel. E garanta que o motorista ligou o taxímetro no começo da viagem, o que é obrigatório.

Veja também: Como viajar de trem na China, passo a passo

roteiro viagem China

Guilin

3 dias em Xangai

Meu voo chegaria em Xangai, maior cidade do mundo e principal centro comercial da China. Como já desembarcaríamos ali, passar alguns dias era a escolha mais óbvia. Xangai foi, de longe, a melhor surpresa da viagem: com as atenções (e sonhos) concentrados em Pequim e na Muralha, ao norte, e em Hong Kong e Macau, ao sul, pouco esperávamos da maior metrópole chinesa. Bastou desembarcar por lá pra ficar evidente que Xangai é o tipo de cidade que dá vontade de voltar várias vezes. Skyline lindo, clima cosmopolita, lugares históricos e muita modernidade, tudo junto e misturado.

Passe pelo menos três dias inteiros m Xangai, sem contar o dia de viagem, já que a chegada de um voo intercontinental deixa qualquer um brigando com o fuso horário. Nesse período, aproveite para conhecer o The Bund, os arranha-céus de Pudond, a Cidade Velha, a Praça do Povo e a French Concession.

Veja também: O que fazer em Xangai, na China – roteiro de três dias

Xangai, China

4 dias em Hong Kong e Macau

Não foi a mais lógica das escolhas. Para facilitar a organização, o ideal seria ter concentrado a viagem numa parte do país. Mas Hong Kong era, no nosso roteiro, parada obrigatória. Feita a escolha, foi preciso percorrer os 1200 quilômetros que separam Xangai do Delta do Rio das Pérolas. Esse é um típico caso em que teria valido a pena voar, mas preferimos ir de trem – era Ano Novo chinês, época em que os aeroportos testemunham ainda mais atrasos.

A viagem de trem durou cerca de 13 horas. Para fazer o roteiro por linhas férreas é preciso seguir de Xangai para Shenzhen e lá pegar o metrô até um dos pontos da fronteira com Hong Kong. É que embora HK tenha sido devolvida à China em 1997, após mais de um século de colonização britânica, a cidade permanece como uma Região Autônoma, com moeda própria, controle de fronteiras e um certo nível de liberdade. Com isso, não há trens que liguem HK ao resto do continente. É preciso fazer essa baldeação em Shenzhen.

hong kong

Passe quatro dias na região. Minha sugestão é que três deles sejam para Hong Kong mesmo e o outro para um bate-volta até Macau, antiga colônia portuguesa. Em HK, coloque no seu roteiro o Buda Gigante, a vista maravilhosa do The Peak, os muitos mercados de rua, bares e restaurantes da cidade.

E antes que eu me esqueça: tanto Hong Kong quanto Xangai têm parques da Disney. Reserve um dia inteiro para o programa, caso seja seu tipo de passeio.

Veja também: The Peak, a vista mais incrível de Hong Kong

3 dias em Guilin e Yangshou

Volte para Shenzhen e pegue um trem para Guilin, numa viagem de cerca de três horas. É a China das inesquecíveis paisagens naturais. Rios e uma quantidade absurda de picos calcários, formados durante milênios, com o vento das monções, criam um cenário de outro mundo – e que não por acaso já foi locação para um dos filmes da série Star Wars.

Passe um dia em Guilin e dois em Yangshou, uma cidade menor e que está ainda mais perto da montanhas. A distância entre as duas é pequena e pode ser percorrida em pouco mais de uma hora de estrada, mas o melhor mesmo é fazer o trecho de barco, o passeio número um da região. Campos de arroz, cavernas, lagos, praças e vilas históricas completam as atrações da área, que também é famosa entre os chineses pela vida noturna.

De Yangshou siga para Pequim. Aí a distância é tão grande que o melhor é ir até o aeroporto – são mais de dois mil quilômetros.

Veja também: Cruzeiro pelo rio Li e as fantásticas montanhas da China

china yangshuo viagem

Yangshou

5 dias em Pequim

A última parada é justamente a que exige mais tempo. Guarde pelo menos cinco dias para Pequim, a capital dos imperadores chineses. Um dia inteiro fica para o bate-volta até um dos trechos da Muralha da China, que estão nos arredores da cidade. Os outros são para conhecer a Cidade Proibida, o Palácio de Verão, o Palácio de Inverno, a Praça da Paz Celestial, o Templo do Céu e outras atrações.

Depois, é só pegar o trem de alta velocidade para Xangai, caso seu voo de volta parta de lá. A viagem dura cerca de cinco horas.

Veja também: O Templo do Céu, em Pequim, e a fé dos imperadores chineses

muralha da china

Roteiro de viagem pela China: opções para 20 e 30 dias

Se eu tivesse mais tempo, manteria a base desse roteiro, acrescentando alguns destinos. O primeiro deles seria a própria Shenzen, uma cidade que era minúscula há três décadas, mas que hoje é uma das maiores metrópoles do mundo. Não muito distante dali está Guangzhou, outra mega cidade – e que até 2050 tende a ter se transformado numa metrópole de quase 120 milhões de habitantes, numa fusão com Hong Kong, Shenzen e outros endereços vizinhos.

Longe do Rio das Pérolas, outra opção é gastar um pouco mais de tempo em Xangai, mas usá-lo com bate-voltas. Zhujiajiao, Suzhou e Jiaxing são possibilidades.

Mas o melhor mesmo é acrescentar destinos importantes, mas que ficaram de fora do roteiro original por falta de tempo. Listo abaixo três opções, lugares que gostaria de visitar em próximas viagens. A China tem, claro, muito mais destinos.

Chengdu – Capital do estado de Sichuan, Chengdu está mais ou menos no centro da China: são 1800 km até Pequim e 1300 até Hong Kong. Cabe bem num roteiro que inclua essas duas cidades e talvez Xian, que está no meio do caminho. Tem 14 milhões de habitantes, muitos arranha-céus e um centro histórico interessante, mas as grandes atrações de Chengdu são os pandas gigantes que vivem nas várias reservas ambientais da região.

Xian – Depois de Pequim e Xangai, Xian talvez seja o terceiro grande destino turístico da China – um dos roteiros mais comuns pelo país inclui justamente essas três cidades. Está a 1000 km de Pequim, distância que é percorrida em cerca de seis horas, nos trens de alta velocidade. Já a viagem até Xangai dura em torno de sete horas. Repleta de templos e construções históricas, Xian tem fama mundial por conta de outro tesouro da China, o Exército de Terracota.

Hangzhou – Localizada a cerca de 200 Km de Xangai, Hangzhou fica ainda mais perto graças aos trens de alta velocidade: são 45 minutos de viagem. Chamada de cidade mais charmosa do mundo por Marco Pólo, Hángzhōu tem 10 milhõs de habitantes e está repleta de lagos, parques, templos e até algumas plantações de chá. Funciona como bate-volta, mas dormir uma noite lá não parece má ideia.

O seguro de viagem é obrigatório em dezenas de países e indispensável nas férias. Não fique desprotegido na China. Veja como conseguir o seguro com o melhor custo/benefício para o país – e com cupom de desconto.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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20 comentários sobre o texto “Das metrópoles à muralha: roteiro de 15 dias pela China

  1. Oi Rafael
    Muito bom seu site!
    Porém, gostaria que você explicasse a questão da língua.
    Não falo muito bem inglês.
    Você recomenda a contratação de uma Guia para as principais atrações e para a alimentação (não comer cachorro por engano, por exemplo)

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