Foram 9 dias de muito sol, aventuras, comida boa, belas paisagens e várias histórias pra contar. A primeira vez que ouvi falar na Rota das Emoções foi em 2016, quando visitei os Lençóis Maranhenses. A vontade de fazer o trajeto surgiu na hora, mas a execução veio quase quatro anos depois. Se posso dizer algo, é que a espera valeu a pena! O resultado dessa aventura eu te mostro agora, neste guia de como fazer a Rota das Emoções!
Pega um bom drink e vem curtir a Rota das Emoções – Restaurante Brilho do mar, em Curimãs, Ceará
O que é a Rota das Emoções?
A Rota das Emoções foi criada em 2005, como um roteiro para integrar três importantes estados do nordeste brasileiro: Ceará, Piauí e Maranhão. Os três principais atrativos em cada um desses estados são as três Áreas de Proteção Ambiental localizadas em cada um deles. No Ceará, o Parque Nacional de Jericoacoara; no Piauí, o Delta do Parnaíba; e no Maranhão, o Parque Nacional dos Lençóis.
Em 2009, a Rota das Emoções recebeu o Troféu Roteiros do Brasil, um prêmio do Ministério do Turismo por ter sido considerado o melhor Roteiro Turístico Integrado. De acordo com o SEBRAE, a Rota é um dos destinos que mais crescem no Brasil, um crescimento de aproximadamente 30% ao ano. Mais de 900 empresas estão envolvidas na promoção do destino, com geração de quase 7 mil empregos diretos. O projeto tem dado tão certo que outras cidades do trajeto, acabaram entrando no circuito. Dá uma olhada no mapa da Rota das Emoções:
Mapa da Rota das Emoções- SEBRAE
Quanto tempo ficar e quanto custa o roteiro
O circuito foi criado em uma parceria entre os Sebrae dos três estados e os agentes de turismo de cada cidade. Para eles, o período mínimo para fazer a Rota das Emoções é de oito dias. Já o tempo ideal para essa viagem é de 12 a 15 dias. O valor vai depender do tipo de viajante e do tipo de viagem que você quer, mas você consegue fazer o roteiro a partir de R$3mil. Os fortes ventos dessa região ajudam bastante a divulgar o nome do roteiro, afinal, se você curte windsurfe ou kitesurfe, essa área é considerada uma das melhores do mundo para a prática desses esportes.
A nossa viagem começou pelo Maranhão, rumo ao Ceará, mas também dá para fazer o sentido inverso, começando pelo Ceará e terminando no Maranhão, com a parada no Piauí. O roteiro que vamos mostrar aqui vai segui a ordem que fizemos, ok?
Rota das Emoções, parte 1: Maranhão
- Maranhão – São Luís e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
A nossa porta de entrada foi por São Luís, a capital do estado do Maranhão. O aeroporto de lá é o Marechal Cunha Machado, que recebe voos das principais companhias aéreas do país. Chegar lá não é um problema! A partir daí, você pode escolher se aluga um carro para se locomover entre as principais cidades, se vai de ônibus ou se contrata alguma agência de turismo. Ao contratar uma agência você pode optar por uma que faça o roteiro inteiro, em pacote fechado ou ir comprando à medida que você for chegando em cada destino. As que fazem o trajeto completo: Natur Turismo, Eco Adventure Tour e a Rota Combo. Se for alugar um carro, dê uma olhada na RentCars, um buscador que compara preços e disponibilidade de veículos entre as principais agências.
Para os mais aventureiros, a Rota das Emoções também pode ser feita por mar. Mas calma lá, não é por cruzeiro ou qualquer outro tipo de barco, você pode fazer com kitesurfe, acredita? E tem muita gente que faz! Os gringos amam a região por conta dos fortes ventos e eles vêm de longe pra aproveitar o roteiro!
Você pode optar por passar um ou dois dias na capital ou ir direto para os Lençóis. A gente ficou um dia por lá e aproveitamos pra dar uma passada pelo centro histórico. Almoçamos no Restaurante Amendoeira, um prato maravilhoso: o arroz com carne de carneiro, muito bom, sai a R$89,90 o prato pra duas pessoas. E olha que eu sou uma das pessoas mais chatas pra comer!
Arroz com carne de carneiro, prato do Restaurante Amendoeira, em São Luís
Logo após o almoço, saímos em um tour pelo centro histórico do Maranhão com o pessoal da SINDEGTUR. Na nossa primeira visita, em 2016, o sentimento foi de tristeza, pelo descaso com uma herança tão rica da nossa cultura. Mas as coisas estão começando a mudar por lá: o centro histórico passa por um processo de revitalização e os casarões estão sendo restaurados.
Para quem não sabe, o centro histórico de São Luís é de uma importância gigantesca para a arquitetura brasileira. Pelas ruas organizadas de maneira retangular, podemos encontrar diversos casarões históricos. Muitos deles, com fachada decorada com os famosos azulejos portugueses. A cidade tem o maior número de fachadas nesse estilo fora do Portugal, o que faz do conjunto arquitetônico um exemplo de uma cidade colonial das nações ibéricas.
Casarão em São Luís com azulejos portugueses- em processo de restauração
Além dos casarões, vale a pena também se perder um pouquinho pelos bares e restaurantes do centro. O ritmo que você mais vai ouvir por ali é o reggae. Na década de 1980, a cidade se tornou a capital nacional do reggae e de lá pra cá, além de divertir, o ritmo jamaicano é responsável pelo sustento de muitas famílias. Seja de músicos, de quem trabalha nas festas ou da galera do Museu do Reggae Maranhão (se quiser visitar, ele fica na Rua da Feira Praia Grande, R. da Estrela, 124 – Centro Histórico, São Luís – link do GoogleMaps)
Quer conhecer mais de São Luís? Não deixe de ler os nossos textos sobre a cidade:
O Centro Histórico de São Luís, no Maranhão
Pontos turísticos de São Luís do Maranhão para conhecer a cidade
Quer saber onde ficar hospedado? Nessa viagem uma parte do grupo ficou no Grand São Luis, Brisamar Hotel, SLZ Lagoa Hotel e no Ibis. Se quiser mais dicas de onde ficar, descubra mais lugares nesse post.
- De São Luís para Barreirinhas, com parada em Rosário
De São Luís seguimos para Barreirinhas, a mais conhecida porta de entrada para os Lençóis Maranhenses. Antes de chegar, tivemos uma pequena parada na cidade de Rosário, quarto município mais antigo do estado e que está começando a integrar o circuito. Lá, tivemos uma apresentação sobre os atrativos da cidade, mas, infelizmente, não tivemos tempo para conhecer muita coisa. Mas se você se interessou, vale saber que a cidade pretende ser a capital maranhense do turismo de aventura. Tirando essa parada em Rosário, a viagem de van entre São Luís e Barreirinhas, tem duração aproximada de 3h a 3h30.
Os Lençóis são o único deserto do mundo com milhares de lagoas, sabia disso? São mais de 155 mil hectares de dunas com areias brancas!
Em Barreirinhas, nos hospedamos na Pousada Murici.
Por do sol no Rio Preguiças, em Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses
- Visita ao Povoado Marcelino e o artesanato com fibra de buriti
O povoado Marcelino é bastante conhecido pelo artesanato maranhense em fibra de Buriti. O barco estava esperando por nós no deck da nossa pousada, então fica a dica: pra não precisar sair para o centro da cidade, combine com a agência que você contratar para que o barco te pegue na pousada, pelo lado do rio. A gente fez o passeio com o pessoal da Vale dos Lençóis. O povoado não fica muito longe do centro de Barreirinhas, só uns 40 minutinhos de barco. O passeio é privativo e custa R$500 para um grupo de até seis pessoas.
O Buriti é uma árvore facilmente encontrada nas margens do Rio Preguiças. Tamanha abundância não poderia dar em outra coisa: artesanato a partir de sua fibra. Todo o processo é feito manualmente, com materiais naturais, pra preservar a identidade local. O trabalho é bastante valorizado nacionalmente, o que faz com que algumas grandes empresas procurem as artesãs para parcerias comerciais. No site da cooperativa dá pra conhecer um pouco mais do trabalho dos artesãos.
O passeio vai Rio Preguiças acima e não está na rota tradicional dos passeios aos Lençóis. No entanto, se você gosta de ter contato mais próximo com cultura local, vale muito a pedida. Por aqui já demos também outras dias sobre os passeios do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Artesã tingindo a fibra de Buriti, no povoado Marcelino
À noite, o jantar foi no Restaurante Bambaê, uma ótima pedida. Tem opção pra quem curte frutos do mar, carne e saladas, tudo delicioso.
Nascer do sol nos Lençóis Maranhenses
- Café da manhã nos Lençóis Maranhenses
Se os Lençóis por si só já são lindos, imagina ver toda esse beleza logo nos primeiros sinais do amanhecer? Para isso, é preciso acordar bem cedo, já que o passeio começa às 3h30 da matina. Mas se o mau humor matinal é inevitável, a expectativa pra uma experiência única deixa tudo mais agradável. Mas se prepare para enfrentar a trilha que dura em média 45 minutos até chegar no local escolhido. Lá, os guias preparam o café da manhã e você tem a liberdade de tomar banho, caminhar pelas dunas e tirar belas fotos antes de voltar pra Barreirinhas, às 8h.
Visitar os Lençóis tão cedo é uma experiência que não acontece o ano inteiro. Somente no período seco, que vai de maio até setembro ou outubro, dependendo do ano. Esse passeio é feito de forma privativa, com grupos de até seis pessoas. O valor é de cerca de R$ 1.050,00 por grupo, mas pode variar de acordo com o mês. Se quiser conferir, entre em contato com a Caetés Turismo.
Se não tiver a oportunidade de fazer esse passeio, não desanime! Os Lençóis são lindos de qualquer forma (só tome cuidado pra ir na época certa, de maio a setembro), que é pra não se decepcionar com as lagoas vazias ou com as fortes chuvas na região. Para não ter erro no planejamento, saiba mais sobre clima por lá e a qual melhor época para visitar os Lençóis Maranhenses.
Mesa de café da manhã na Lagoa Azul, nos Lençóis Maranhenses
Depois de começar o dia em grande estilo, voltamos para o hotel para dar adeus a Barreirinhas e seguirmos para Tutóia, ainda no Maranhão. Antes de pegar a estrada, um almoço no Restaurante e Pousada Orla Náutica.
- Tutóia
De Barreirinhas a Tutóia fomos com a JJ Tur.
Tutóia tem duas grandes vantagens: ela concentra o que tem de melhor em duas partes da Rota das Emoções, os pequenos lençóis maranhenses e um pedaço do Delta das Américas, o famoso Delta do Parnaíba. A nossa viagem foi bem no começo de novembro e os grandes lençóis estavam começando a secar, mas quando chegamos nos Pequenos Lençóis de Tutóia, tivemos a grata surpresa de encontrá-los mais cheios. Então, vale dar uma passada por lá, principalmente se você viaja fora de época.
Vista dos Pequenos Lençóis Maranhenses, em Tutóia
Nós ficamos hospedados na Pousada Baluarte Ecoturismo. Eles também fazem os passeios pela região, o que é uma ótima pedida na hora de hora de organizar o seu roteiro. Eles nos levaram para um tour pelas praias, que são lindas, com um ar meio deserto, um paraíso que foi feito só pra gente. Se dê ao direito de passar um tempo entre as praias da Barra, Moita Verde e a praia do Amor.
Uma das atrações da praia da Barra são as casas e os barcos bem pertinho do mar
Pra fechar a noite, um jantar com muitos frutos do mar, no Restaurante Flor do Mangue. Há quem diga que os melhores camarões do Brasil são pescados por ali. Reza a lenda que o segredo pra eles serem TÃO saborosos é por conta da dieta deles, que é à base de algas que se desprendem do chão por conta dos fortes ventos e dão um sabor especial ao camarão. Quer ter certeza? Bora pra lá!
Rota das Emoções, parte 2: o adeus ao Maranhão e começar a descobrir o Piauí
- Passeio pelo Rio Parnaíba e as belezas pelo caminho
Hora de refazer as malas e seguir para o segundo estado na Rota das Emoções, o Piauí, que tem a menor faixa de litoral do nordeste, apenas 66 quilômetros. Quem fez o trajeto entre Tutóia e Parnaíba foi a Eco Adventure Tour.
Logo na chegada ao Porto dos Tatus, em Ilha grande, fomos muito bem recepcionados pela equipe do Restaurante Barlavento. Eles prepararam uma corda de caranguejo pra gente. Lá, a corda com quatro caranguejos com a arroz, farofa e vinagrete sai por R$ 20,00, o caranguejo grande. E eles juram que esse daí da foto é só o médio!
Corda de caranguejo do Restaurante Barlavento
Com a barriga cheia, fomos começar a desbravar o Delta do Parnaíba, a partir do Porto dos Tatus. Um passeio de barco para conhecer o terceiro maior delta do mundo e o maior das Américas. São 2.700km² de área, sendo 35% no estado do Piauí e 65% no Maranhão. O desenho geográfico do Delta se assemelha a uma mão aberta, cujos “dedos” representam os principais afluentes do Rio Parnaíba. Desde 1996 o território é uma APA (Área de Proteção Ambiental).
Pegamos uma lancha voadora e saímos pelo Rio Parnaíba, navegando pelo Delta. Logo no começo do passeio fomos surpreendidos com uma bela apresentação local. Um ator caracterizado como indígena contava a história do Mandu Ladino, que liderou uma revolta indígena contra colonos da região, entre os anos de 1712 a 1719.
Ator interpretando o indígena Mandu Ladino, líder da Revolta de Mandu Ladino, que ocorreu no Piauí, entre os anos de 1712 a 1719
De lá, seguimos para o nosso próximo destino, o Restaurante Casa de Caboclo, que apesar de ficar em Araioses, no Maranhão, é uma parada obrigatória pra quem visita o Delta a partir de Parnaíba. Quando chegar, faça questão de pedir pelo Peixe à Delícia (e se prepare para nunca mais querer comer outra coisa). Quem levou a gente por esse dia inteiro de belezas foram a Eco Adventure Tour e Natur Turismo. Como esse passeio foi maior do que o habitual, entre em contato com eles pra saber qual o melhor pacote pra sua viagem.
Varandinha na Casa de Caboclo, de frente pro Rio Parnaíba. Tranquilidade, comida boa e beleza em um só lugar
Depois de muito descansar na tranquilidade da Casa de Caboclo, hora de descer o Rio Parnaíba rumo a mais dois passeios muito aguardados: a cata do caranguejo e a revoada dos Guarás (um dos carros chefe da visita ao Delta do Parnaíba).
Se quiser mais dicas sobre o Piauí, fique de olho nesses textos:
Delta do Parnaíba: o que fazer no litoral do Piauí
Roteiro completo na Serra da Capivara + Petrolina ou Teresina
Navegando pelos mangues do Rio Parnaíba
Descendo o Rio Parnaíba, fomos entrando por caminhos de belas árvores e muita água e seguimos em busca dos caranguejos. Os primeiros foram bem difíceis de avistar, mas basta ter um pouco mais de paciência e você vai ver caranguejo que não acaba mais. São tantos, que eles acabam sendo a fonte de renda de várias famílias da região. A estimativa do ICMBio é de que no Delta do Parnaíba, sejam coletados entre 144 mil e 200 mil caranguejos por mês. Por motivos de procriação, é somente permitida a cata dos machos.
Quem fez a demonstração pra gente foi o nosso guia, super expert no assunto! Vendo ele fazer até parecia fácil, mas eu não me arrisquei na tarefa.
Nosso guia fazendo a demonstração da cata do caranguejo. Tarefa fácil? Não me arrisquei a tentar
Seguimos o nosso percurso descendo o Rio Parnaíba. A missão agora era ver a revoada dos Guarás, um dos maiores espetáculos da natureza. Todos os dias, no por do sol, milhares de Guarás pousam nas árvores de uma ilha no meio do rio, para descansarem. É uma experiência única, daquelas que a gente leva pra vida. Tamanha beleza se dá pela cor viva das aves. Eles têm uma cor vermelho-carmesim, um vermelho bem vivo. Essa tonalidade se dá por conta da dieta deles, que é à base de caranguejos dos mangues. Esses caranguejos possuem a cataxantina, uma substância que vem do caroteno, que está na casca do caranguejo. É a biologia dando mais um tom para o nosso maravilhoso nordeste brasileiro.
Revoada dos Guarás- Foto de Gerson de Lima Junior/ Wikimedia Commons
Para passar a noite, a escolhida da vez foi a Pousada Vila Paranaíba.
No dia seguinte, hora do passeio mais cheio de emoção de toda a viagem. Já pensou em pilotar um quadriciclo pelas dunas de areias brancas, com um sol maravilhoso em um dia perfeito? A gente fez esse passeio pelas dunas da Lagoa do Portinho e isso foi possível graças a Quadri&Aventura. Foi uma experiência muito bacana, mesmo pra quem não sabe dirigir, como é o meu caso. Os preços dos passeios vão variar de acordo com a sua disponibilidade de tempo, de onde você quer ir e, claro, quanto pretende gastar. Tem passeio a partir de R$250, com 2h30 de duração.
Aqui vão algumas dicas para quem quiser se aventurar nesse tipo de passeio:
- Uso de tênis, sandálias ou outro calçado que proteja o a parte superior do pé;
- Protetor Solar;
- Camisa longa Filtro UV;
- Óculos de Sol;
- Toalha;
- Repelente de insetos;
- Água;
- Uma pequena mochila ou bolsa pra carregar os pertences que poderá ser fixada no quadriciclo com elásticos no bagageiro.
Nosso grupo pilotando quadriciclos pelas dunas piauienses
Depois de tanta aventura, nada melhor do que sentar, colocar o pé na água e aproveitar a praia, não é mesmo? Se isso tudo vier acompanhado de boa comida e uma cerveja gelada, melhor ainda! O nosso passeio terminou na Praia do Itaqui, já no município de Luís Correia. Lá, almoçamos na Pousada Vila Itaqui.
Energias recarregadas, hora de conhecer um pouco mais da região. Já ouviu falar da árvore penteada? Por conta dos fortes ventos, a árvore acabou ganhando um formato especial, que acabou fazendo com que ela parecesse como longas madeixas sendo penteadas. quer ver se é isso mesmo? Se liga aqui.
Árvore Penteada, no município de Luís Correia, no Piauí
Use a abuse de criatividade na hora das fotos, ok? Se quiser visitar, a árvore fica entre a Praia dos Coqueiro e a Praia de Miramar (link para localização no Google Maps).
Se você chegou até aqui, deve ter percebido que o nosso roteiro foi bem corrido, né? Pois é! Por isso que a Rota das Emoções pode levar entre 8 e 15 dias para ser concluída, dependendo da sua pressa. Dá até para fazer em mais tempo, se você quiser esticar bastante a viagem. É isso, você vai viajando e onde gostar mais, fica. Tem lugares que gostaríamos de ter ficado mais, mas não deu. Quem sabe na próxima?
Por do sol na Pousada BGK e kitesurfe
Depois das fotos, hora de voltar pra van e continuar na estrada, rumo a Barra Grande, ainda no Piauí. Chegando lá, fizemos check-in na Pousada Titas e fomos correndo para a Pousada BGK ver o pôr do sol e ver a galera fazendo kitesurfe. A gente não tinha muito tempo, mas pra quem quer aprender a modalidade, na BGK tem escola de kitesurfe para iniciantes. Os valores vão variar de acordo com o seu grau de instrução no esporte e disponibilidade. Pra ter uma ideia, 10 horas (pacote básico para iniciantes) sai por R$ 2.000 (4 dias).
Se você se animou, fique sabendo que a temporada de kitesurfe tem início com os primeiros ventos, que começam em julho. O melhor período é entre agosto e novembro, mas você ainda consegue encontrar vento por lá até fevereiro. Então já vai se preparando pra próxima temporada, heim?
Vista da praia de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, Piauí
Pra fechar a noite, o jantar foi na Pousada Manati. Se você for desses, Barra Grande tem uma vida noturna bem animada, com vários barzinhos pelas ruas, com uma galera jovem e que adora uma festa. Tudo pé na areia! Pra nós, era hora de descansar e voltar pra estrada logo pela manhã, afinal, o Ceará nos esperava! O último estado da nossa viagem, que começava a dar as caras para o fim.
Rota das Emoções, parte 3: Ceará – Das belezas de Jericoacoara a Fortaleza
O dia amanheceu e lá fomos nós para a última etapa da nossa viagem, cruzando a divisa entre o Piauí e dando as boas vindas ao Ceará. O ponto principal dessa parte da viagem é conhecer Jericoacora, uma vila de pescadores que atualmente é um dos pontos turísticos mais procurados no Brasil. Jeri faz parte da Área de Proteção Ambiental do Parque Nacional de Jericoacoara. Quem fez o nosso trajeto do Piauí para o Ceará foi o pessoal da Experimente Jeri e CoopJeri.
- Curimãs
O destino era Camocim, mas uma grata parada em Curimãs fez com que a vontade de ficar um pouco mais por ali batesse forte. Fomos recebidos por um francês super gente boa, que resolveu criar raízes no nordeste e criou o Brilho do Mar, um dos poucos estabelecimentos preparados pra receber turistas na região. Mas não se assuste, pois isso é um ótimo sinal. Sinal de que se você busca sossego e vida boa, ali é o local. O local, tem tudo pra ser o novo point daquele pedaço de litoral cearense. E não falta gente querendo investir por lá: na pousada da vila, a Pousada Mandala, por exemplo, o dono é alemão. Os gringos andam descobrindo e se apaixonando pelo nordeste.
Fim de tarde na Praia de Curimãs, no Ceará
- Camocim
62 quilômetros de praias, a maior costa litorânea do Ceará e quase o mesmo tamanho do litoral do Piauí inteiro. Seguimos com o plano do dia, que era conhecer os arredores da cidade e, depois, seguiríamos para Jericoacora, para ver o pôr do sol. Fomos para a Barra dos Remédios, um braço de mar rodeado de dunas. Como são várias dunas, há algumas lagoas por lá também. Dependendo do dia, você encontra uma água azul ou verde. Quando a gente foi, era de um verde encantador. O lugar ainda tem aquele quê de deserto, de pouco explorado. Por isso mesmo, se pretende passar um tempo por lá, se prepare pra levar água e o que mais precisar. O único quiosque que há por ali tem cara de que está de férias há algum tempo.
Praia da Barra dos Remédios, em Camocim, no Ceará
Nosso próximo passeio já nos deu um baita cartão postal, as famosas redes dentro da lagoa, que fizeram o nome de Jericoacoara rodar o mundo. E olha que a gente ainda nem tinha chegado lá! Ainda em Camocim, paramos na Lagoa Encantada de Cangalhas, que como bem diz o nome, te encanta antes mesmo de você entrar na água. Não sei se foi o dia lindo ou a sintonia legal do grupo que estávamos, mas foi uma das paradas mais reconfortantes da viagem. Sem contar que tivemos uma lagoa inteirinha só pra gente! Lá há uma barraquinha de apoio que dá pra quebrar o galho. Na alta temporada, uma tirolesa funciona no local.
As famosas redes dentro da água. Na foto, a Lagoa Encantada, em Camocim, Ceará
No almoço, fomos até a Praia de Maceió e paramos para comer na Barra Pôr do Sol. Se tem uma coisa que a gente não pode reclamar é de ter comido bem e com fartura. Peixe, carne, massa, tinha de tudo, sempre. Além da ótima estrutura do restaurante, a praia de lá é linda. Se você quer tirar boas fotos, a hora é agora.
Praia de Maceió, em Camocim, no Ceará
- Mangue Seco
Hora de cair na estrada novamente. De Camocim a Jericoacora, um hora de distância. Se for pela praia, uma horinha de belas paisagens. Ao sair da cidade, pegamos uma balsa para fazer a travessia e passamos pela famosa Ilha do Amor, com areias brancas e aquele visual que só o nordeste tem. Antes de chegar em Jeri, paramos no mangue seco pra admirar a paisagem. No papel, ele fica em Camocim, mas é mais visitado por quem está em Jericoacoara e é daqueles passeios que você precisa fazer.
O mangue seco é um povoado com aproximadamente 200 famílias, que vivem no encontro do Rio Guriu com o mar. A cada ano que passa, a área do mangue cresce mais, entrando para o povoado. É nesse passeio que você consegue fazer a observação dos cavalos marinhos. Nós não fizemos.
Mangue seco, no município de Camocim, Ceará
- Jericoacoara, o paraíso é aqui
Chegamos ao último grande ponto da Rota das Emoções, Jericoacoara. A vila de pescadores tem atraído muita gente pra lá, o que em contrapartida, tem afastado muita gente de lá também. Quem conheceu Jeri lá no começo, diz que atualmente, a vila é outra. Nós estivemos lá em dezembro de 2016 e de lá pra cá, em três dias, temos que concordar que muita coisa mudou. Muito mais gente nas ruas. O que para o comércio e turismo é ótimo, mas é não tão bom quando se quer manter um ar de lugar pacato e sustentável.
Desde setembro de 2017, há uma taxa que você precisa pagar quando entra na vila (nos mesmos moldes de Fernando de Noronha, só que mais em conta). São R$5 para cada dia que o turista permanecer por lá. O valor é para ajudar na manutenção e preservação do Parque. Moradores da vila, PDC, trabalhadores locais, maiores de 60 anos e crianças de até 12 anos não precisam pagar a taxa. O pagamento pode ser feito na entrada da vila ou se você preferir, online, nesse link da prefeitura.
De acordo com o Ministério do Turismo, Jericoacoara alcançou o topo do ranking do turismo nacional. De 2015 para 2017, a vila subiu da categoria B para a categoria A no ranking dos principais pontos turísticos. Muito em razão do aeroporto de Cruz, que passou a receber mais voos. A capacidade inicial é para receber três voos diários e até 600 mil passageiros por ano, entre voos regulares e fretados. De 2017 para 2018, segundo a prefeitura, houve um aumento de 20% no número de turistas.
Jericoacoara anda tão cheia, que alguns lugares estão quase que impossíveis de ir. Se a sua vontade é tirar uma foto do pôr do sol nas dunas, se prepare para algumas várias cabeças na sua frente.
Concorridíssimo pôr do sol nas dunas de Jericoacoara. Chegue cedo pra ter uma boa vista
Quanto à hospedagem, nós ficamos na Pousada Recanto do Barão, quase em frente ao famoso forró da vila, com localização, café da manhã e acomodações excelentes. Outras pessoas que nos acompanhavam ficaram divididos entre as pousadas Jeri Dunas; Pousada Naquela; Pousada Carcará; Pousada Surfing Jeri e La Villa Jeri.
Depois de um bom banho e de descansar um pouco, foi hora de jantar em um dos locais mais conhecidos de Jericoacoara, o famoso Restaurante Dona Amélia, que fica na Rua do Forró, como ele é popularmente conhecido. E, claro, a noite foi seguida de muita música e até alguns passos de forró.
- Pedra Furada, lagoas de Jericoacora e o buraco azul
Recuperados da farra na noite anterior, partimos cedo para turistar pelos principais pontos turísticos. A primeira parada foi em um dos principais cartões postais de Jeri, a Pedra Furada. A gente foi de buggy com o pessoal da Cooperativa dos Bugueiros de Jericoacoara e Experimente Jeri. Paramos na área mais perto possível da Pedra Furada e seguimos a pé, por uns 20 minutos até chegar lá. Não se assuste com o tamanho da fila, como a vila tá sempre muito cheia, tem sido cada vez mais comum encontrar muita gente nos principais pontos. Se quiser aquela foto perfeita do sol se pondo no meio do fura da pedra, você precisa ir pra lá em julho, ok?
Depois de 10 minutos na fila, finalmente uma foto só da Pedra Furada, em Jericoacoara
Depois de 20 minutos de caminhada na ida, mais 10 minutos na fila pra tirar foto e mais 20 minutos de caminhada na volta, nosso grupo resolver ir conhecer o novo “point” do momento. Já ouviu falar do “Buraco Azul”? Ainda não? Então eu te explico! Na verdade, vou tentar explicar, afinal, ninguém sabe muito ao certo o que é.
São duas lagoas que se formaram depois que abriram um buraco no chão, para obras de infra estrutura na região. Como em 2019 choveu bastante, esses buracos ficaram cheios de água e essas águas impressionam devido ao tom azul turquesa, que chama muita a atenção. Isso aconteceu em dois lugares, distantes aproximadamente 20 quilômetros de Jericoacoara. Um é em Castelhano, em Acaraú, e outro no povoado de Caiçara, em Cruz.
Ninguém sabe ao certo o motivo da água ser tão azul. A probabilidade mais aceita é por conta da qualidade do solo. Há quem diga que órgãos públicos já atestaram que a água seja própria para banho, mas eu, como boa mineira desconfiada que sou, resolvi não arriscar um mergulho. Várias pessoas do nosso grupo entraram. Se você procurar pela internet, vai ver que até Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso já andaram dando uns mergulhos por lá. Fica por sua conta! Aproveita que, por enquanto, eles ainda não cobram entrada nos lugares, o que não deve durar muito tempo.
Buraco Azul, em Castelhano, Acaraú. Ninfuem sabe o motivo dessa água azul turquesa e nem se ela é própria pra banho
Saindo do Buraco Azul, hora de irmos para a lagoa mais famosa da região, a Lagoa do Paraíso. A primeira parada, no Alchymist Beach Club, o point mais elitizado das lagoas. Com uma mega estrutura, o club tem tabela fixa de preços e até área VIP. Pra quem gosta de luxo, essa é a pedida. Além das famosas redes dentro da água, ótimos bares e restaurantes, de atendimento personalizado e uma área privativa com camas de frente pra lagoa, o lugar surpreende pela beleza. Tudo de acordo com o preço da comodidade.
Vista da parte externa do Alchymist Beach Club, na Lagoa do Paraíso, em Jericoacoara
De lá, seguimos para a Paraíso Natural Pousada e Restaurante. O local possui uma ótima estrutura, com preços menores e muito menos gente do que no Alchymist. Ali almoçamos e passamos um bom tempo na água, tomando cerveja, conversando e vendo o tempo passar preguiçosamente, assim como se espera de uma viagem a Jericoacoara. Gostamos tanto, que quase perdemos a hora para o nosso próximo compromisso, um pôr do sol com bons drinks e muito forró no centro da vila.
Uma mulher na praia, com a sua taça de espumante na mão, não quer guerra com ninguém
Se na lagoa a ordem era relaxar, no fim da tarde a regra era DESFRUTAR A VIDA. Para isso, uma parada no Blue Residence, um hotel maravilhoso, bem de frente pra praia, pra tomar uns bons drinks e depois seguimos para o nosso fim de tarde. O nosso último pôr do sol da viagem foi ao som de muito forró, uma comida maravilhosa, gente alegre e drinks deliciosos no ClubVentos. Para celebrar a nossa última noite e encerrar a nossa Rota das Emoções, o jantar foi no Restaurante Siara, que faz parte da mesma rede que o Blue Residence e do Club Ventos. Nos foi servido um menu delicioso, preparado pelo Chef Bruno Schmatz.
Entre bebidas e comidas, o pôr do sol no ClubVentos, em Jericoacoara
- De Jericoacoara a Fortaleza, com Trairi no meio do caminho
Depois de nove dias na estrada, hora de despedir da vida boa e seguir rumo a Fortaleza, para pegar o voo de volta. A viagem foi feita com o pessoal da Tribus Ecotrip, mas antes de concluirmos os 300 quilômetros que separam os dois locais, fizemos uma parada inesperada, mas muito agradável, em Trairi, na praia de Flecheiras (ou Flexeiras, de acordo com alguns).
A região é uma das novas integrantes da Rota das Emoções e, por isso, ainda é pouco conhecida. Como o nosso tempo foi bem curto por lá, só fizemos uma passeio rápido de buggy, que nos deixou com vontade de visitar mais. Mas se você der uma olhada no Instagram, vai perceber que tem muita coisa pra fazer e muito lugar bonito pra visitar.
Nós fomos até a Pedra da Índia, conhecer um pouco da história do lugar. Reza a lenda que antigamente, quando várias tribos ainda habitavam a região, os homens saíam para pescar e caçar enquanto as mulheres ficavam na aldeia. Para vigiar os indígenas durante a caça, elas subiam no ponto mais alto das dunas, onde fica a pedra. Por isso a origem do nome Pedra da Índia.
Pedra da Índia, na Praia de Flecheiras, em Trairi- um local cheio de histórias
Almoçamos no Restaurante Alquimia, despedimos de uma parte do nosso grupo e seguimos mais 2h30 de estrada até Fortaleza, pra voltar pra casa! Voltamos cheios de recordações, bons momentos, novos amigos e uma vontade enorme de fazer de novo a Rota das Emoções, mas com um tempo maior. Os nove dias foram ótimos, mas se a gente pudesse, teria ficado um pouco mais, pra poder aproveitar ainda mais alguns lugares.
Leia também: O que fazer em Jericoacoara: 6 melhores praias e guia completo
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Bom dia! Excelente. Gostei. Qual a melhor época, mês do ano para fazer? Grato
Gostaria de mais informações sobre o delta do Parnaíba( cidades e lugares para dormir)
Oi Aloisio,
Você pediu e a gente entrega (haha): https://www.360meridianos.com/dica/delta-do-parnaiba-litoral-piaui
Nesse link tem todas as dicas, incluíndo hotéis no final