Quando o gerenal Yuan Shikai entrou no Templo do Céu, em 1914, ele planejava fazer mais que liderar uma cerimônia religiosa que já era realizada há séculos. O objetivo dele, ao assumir um papel que tradicionalmente era do governante supremo do Império Chinês, era restabelecer a monarquia e ser reconhecido como Imperador da China.
A estratégia deu certo, mas durou pouco: Yuan Shikai foi Imperador por apenas três meses, até que seus opositores conseguissem vencê-lo, declarando a República e pondo um ponto final numa tradição que sobreviveu a várias dinastias e dezenas de imperadores.
Hoje, o Templo do Céu é, junto com a Cidade Proibida, o grande cartão-postal de Pequim. A imagem da estrutura circular em madeira, com três lances de telhados azulados e uma bola no topo, rodou o mundo. O que é irônico, já que durante séculos esses templos taoistas eram locais exclusivos – apenas a corte real era permitida ali. Nenhum cidadão chinês comum testemunhava a cerimônia realizada duas vezes por ano, quando o Imperador, usando roupas típicas e em jejum, entrava no Templo para pedir por uma boa colheita (na primavera) e depois agradecer por ela (no outono).
Além de religião e beleza, não falta história ao Templo do Céu. A construção é de 1420, durante o governo do Imperador Yongle, da Dinastia Ming, o mesmo que organizou a construção da Cidade Proibida. E se o local já testemunhou a fé, também, já viu a guerra. Foi ocupado por tropas inglesas e francesas, durante a Segunda Guerra do Ópio, quando os tratados desiguais forçaram a China a ceder partes do seu território para as potências estrangeiras, a pagar uma grande dívida pelos custos do conflito e abrir suas fronteiras para o consumo da droga vendida pelos europeus. Alguns anos mais tarde, em 1900, o templo foi novamente ocupado por tropas e transformado em quartel de exércitos estrangeiros, durante o Levante dos Boxers
O Templo do Céu é bem maior que a casa dos imperadores chineses, talvez representando que a moradia dos homens, mesmo imperadores, nunca pode ser maior que a dos deuses. São 273 hectares, área que é em sua maior parte ocupada por um parque onde os moradores de Pequim caminham, passam o tempo e fazem atividades esportivas. Todo o complexo do Parque Tiantan Gongyuan foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, em 1988.
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A Cidade Proibida, em Pequim, e a casa dos imperadores da China
Sala de Oração pelas Boas Colheitas
Visita ao Templo do Céu: entendendo a estrutura
As construções religiosas – os templos propriamente ditos – são três: a Sala de Oração pelas Boas Colheitas, o Altar Circular e a Abóbada Imperial Celestial. A primeira é a mais importante, mais visitada e maior do complexo, com 38 metros de altura e toda de madeira, sustentada por 28 colunas. A estrutura foi erguida acima de três níveis, todos em mármore.
A Sala de Oração é circular, o que representa o Céu, mas está num terreno quadrado, que representa a Terra – esse padrão se repete em outras partes do Templo. Prédios adjacentes e que também podem ser visitados – um deles foi transformado em Museu e conta a história do Templo – fecham o círculo.
Abóbada Imperial Celestial
Já o Altar Circular está ligado à Sala de Oração para Boas Colheitas por um caminho de 400 metros. É um altar ao ar livre, onde os imperadores iam orar. A lógica é a mesma: uma estrutura circular, de mármore e três lances de degraus, dentro de uma área quadrada.
Por fim, a Abóbada Imperial Celestial é onde o Imperador homenageava seus antepassados – os nomes dos antigos governantes eram inscritos ali. O prédio principal tem 19 metros e um teto em forma de cone, de cor azul-escura.
Como chegar ao Templo do Céu
Se for de táxi, basta mostrar o nome em chinês para o motorista (天壇). Uma corrida de Wangfujing, um dos centros hoteleiros de Pequim, até o Templo do Céu dará cerca de 30 yuans. Mas ir de metrô também é simples (e mais barato): basta pegar a linha 5 e descer na estação Tiantandongmen. Procure a saída A e você achará uma das portarias do Templo do Céu.
Ingresso e horários
O Templo do Céu abre todos os dias, das 8h às 18h. Se quiser pegar o lugar vazio e em sua maior beleza, vá cedo. Há alguns cafés e lanchonetes dentro do complexo. Não é necessário comprar o ingresso com antecedência. A entrada custa entre 30 e 40 yuans, dependendo da época do ano – é mais caro na alta temporada.
Vale lembrar que a área funciona como parque e é bastante usada pelos moradores de Pequim. O parque tem horário de funcionamento mais amplo, de 6h às 21h, e entrada mais barata, apenas 10 yuans.
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