Aconcágua: conheça o pico mais alto das Américas

Poucas coisas me motivam a acordar antes do sol nascer. Conhecer um o Aconcágua, uma das montanhas mais altas do mundo é uma delas. Em quéchua, Aconcágua significa Sentinela de Pedra, título mais que justo para o teto das Américas, o ponto mais alto do continente e também o mais alto fora da Ásia, com 6.962 metros de pura imponência.

Neste post, vamos mostrar com detalhes tudo que você precisa saber para conhecer o Parque Nacional do Aconcágua, perto de Mendoza, e ainda dar dicas de quando ir, onde ficar e roteiros pela região.

Veja também:
O que fazer em Mendoza: atrações, roteiros e outras dicas
Onde ficar em Mendoza: hotéis e regiões

Monte Aconcágua: onde fica?

O monte Aconcágua fica bem no meio da Cordilheira dos Andes, dentro do Parque Provincial do Aconcágua, que pertence à província de Mendoza, na Argentina. A montanha está a 112 quilômetros da cidade de Mendoza e a apenas 15 quilômetros da fronteira com o Chile.

O Aconcágua é um dos Sete Cumes, os sete picos mais altos em cada continente, juntamente com o Everest, o Kilimanjaro, Mont Blanc e outro.

Como chegar ao Parque Provincial do Aconcágua

O acesso ao Parque Provincial do Aconcágua se dá a partir de Mendoza, na Argentina. Não é recomendável fazer o trajeto a partir de Santiago, uma vez que são mais de 400 quilômetros de distância. Quando a neve permite, no entanto, muitos viajantes passam pela montanha para cruzar a fronteira e seguir viagem pelo país vizinho.

Nós optamos por comprar um tour de um dia até o mirante da montanha. Essa é a forma mais prática de fazer o trajeto a partir de Mendonza, uma vez que a empresa inclui o traslado a partir do hotel, paradas e refeições, com partidas programadas para as 7h30 da manhã. Há diversas agências que oferecem o serviço na cidade, mas você pode deixar reservado com antecedência em uma das empresas recomendadas aqui.

 

Essa não é, no entanto, a única forma de ver de perto esse gigante. É possível, por exemplo, fazer um trekking com até sete dias de duração até Laguna Horcones, melhor ponto para observar o pico. Mais abaixo explicamos sobre como fazer trekking no Aconcágua.

Também dá para fazer o trajeto por conta própria, com carro alugado, mas você precisará de alguns cuidados caso tenha que dirigir na neve (como correntes para os pneus). A vantagem é não ficar dependente das programações das agências e ver tudo no seu ritmo. Para isso, nós indicamos o buscador RentCars, que busca entre as principais locadoras e te ajuda a encontrar os melhores preços e condições de aluguel.

Mirante Potrerillos - Tour Aconcagua - Mendoza Tour parque Aconcagua - Mendoza

Qual a melhor época para conhecer o Aconcágua?

A região de Mendonza tem verões quentes e secos e invernos frios e chuvosos. O clima no monte Aconcágua está inserido nessa zona climática, mas é influenciado por sua grande altitude.

Por isso, se na capital da província os termômetros marcam 30oC nos meses mais quentes, lá em cima a temperatura dificilmente vai passar dos 10oC (por isso, esteja sempre muito bem agasalhado).

No inverno, a forte presença de neve pode fechar algumas estradas e trilhas, impedindo o acesso a pontos de interesse famosos, como o mirante do parque. Nessas ocasiões, pode ocorrer que o Paso de la Fronteira, estrada que liga a Argentina e o Chile, também fique fechada por alguns dias.

Vale a pena visitar o Parque Aconcágua no inverno?

Embora não seja a melhor época, eu gostei muito de ter visitado o Aconcágua no inverno. Mesmo sem ter conseguido chegar ao mirante do Aconcágua, meu objetivo do dia, eu diria que valeu muito a pena. Para falar a verdade, eu já sabia que essa era uma possibilidade real quando deixei o hotel, mas sempre temos aquela esperancinha, né?

Mesmo assim, esse foi um dos passeios mais legais que eu fiz em Mendoza. Fazia um bom tempo que eu não via neve e, como boa brasileira, estava ansiosa por um pouco da paisagem branca e clima de inverno de verdade.

Não é todo mundo que tem o mesmo azar que eu. As estradas e trilhas só são fechadas quando há muita neve. Isso muda em cada inverno e não atinge todas as semanas uniformemente. Há uma chance real de você fazer esse passeio em junho, julho e agosto e conseguir pegar todas as estradas e trilhas abertas.

Claro, eu quero voltar lá no verão ou na primavera para repetir a dose, pois acredito que esse mesmo tour proporciona uma experiência completamente diferente em cada época do ano. A paisagem se transforma totalmente, nem parece o mesmo lugar. E ambas são lindas.

Naty bola de neve  Naty na neve

Tour pelo Parque Provincial do Aconcágua

As agências costumam buzinar na porta do seu hotel por volta das 7h30. Depois é só encarar os 180 quilômetros de estrada. Mas não se preocupe. O trajeto até lá é lindíssimo e você vai ter muito para ver (e fotografar) durante a viagem. A primeira parada é o mirante de Potrerillos, quando a gente tem o primeiro contato ao ar livre com a exótica paisagem da região.

A parada seguinte foi em Uspallata, um pequeno povoado no meio da Cordilheira dos Andes que serve de base para quem vai explorar a região. O lugar é bem voltado para o turismo e por isso tem uma ótima estrutura, com bons hotéis, restaurantes e lojas de artesanato.

Paramos ali para tomar um café no hotel Los Condores. Nosso guia aproveitou para se informar sobre a situação meteorológica no parque. Já sabíamos que havia nevado bastante na noite anterior, mas o clima não dava sinais de melhora até aquele momento.

Com neve até dizer chega, aproveitamos a parada em Uspallata para alugar roupas apropriadas. Eu já tinha um casaco impermeável comigo, mas acabei pegando uma calça e uma bota. Nós alugamos na loja Nolimits, que ficava bem ao lado do hotel e que, segundo o guia, tinha preços razoável. Mas se você já possui roupa própria para neve e pretende fazer o passeio no inverno, leve com você e poupe algum dinheiro.

A próxima parte da viagem é um deleite para os fans de road trips. A cada curva, montanhas nevadas, casinhas de madeira, vales incríveis para serem fotografados da janela do carro. Seguimos nessa estrada por algum tempo, adentrando cada vez mais nas cordilheiras, até chegar ao povoado Puente del Inca, já dentro da área de proteção ambiental do Parque do Aconcágua.

Punte del Inca

O nome do povoado vem de uma ponte natural que se formou sobre o Rio Caves. De acordo com a lenda Inca, a formação ocorreu quando um rei tentava levar seu filho doente para ser tratado nas águas termais do sul. Mas no meio do caminho ele deu de cara com um rio caudaloso que o impedia de continuar.

Os guerreiros que viajavam com ele, vendo o desespero do pai, se abraçaram para criar uma ponte humana que permitisse a passagem. Ao chegar do outro lado, o rei se virou para agradecer, mas os homens já haviam se transformado em pedra.

Já a versão científica da história diz que, há milhares de anos, criou-se uma ponte de gelo no local e a ação do tempo e da mãe natureza se encarregaram de solidificar a formação.

O lugar já abrigou um famoso hotel de águas termais, mas hoje é apenas um povoado pacato e afastado do resto do mundo. Seus habitantes vivem da atividade turística, principalmente da venda de souvenirs e comida.

Parque Provincial do Aconcágua

Dali, deveríamos ter seguido a pé para o mirante do Aconcágua, mas ainda na estrada ficamos sabendo que, por causa do excesso de neve, a trilha estava fechada. Não seria dessa vez que veríamos a Sentinela de Pedra de perto.

Ao invés disso, seguimos para Los Penitentes, uma estacão de esqui ali perto. A parada já estava prevista no roteiro, mas como estávamos com tempo sobrando, foi possível ficar um pouco mais e subir no teleférico para apreciar melhor a paisagem peculiar do local.

A última parada foi para o almoço, de volta a Uspallata. O restaurante escolhido para almoço foi o El Rancho, que serve carnes e massas.

Recomendações para o passeio

  • Leve um bom casaco impermeável, independentemente da estação
  • A estrada é longa, por isso, coloque lanchinhos eu uma garrafa d’água na mochila
  • Se você tiver botas de neve, esse é um bom momento para tirá-las da mala e economizar um bom dinheiro em aluguel

Trekking no Aconcágua

Trekking no monte Aconcagua

Há três tipos de trekking para os aventureiros que querem ver de perto o pico mais alto das Américas: o curto, que dura três dias; o longo, que dura sete – ambos até o campo base -; e o de Ascensão, para escaladores experientes que desejam chegar até o cume.

Quem preferir algo mais light, há também um trekking de um dia que vai de Mendoza até o acampamento base do Aconcágua. Você pode reservar seu lugar no grupo por aqui.

Para os trekkings de 3, 7 dias ou Ascensão, será preciso conseguir uma permissão de entrada no parque, mediante o pagamento de uma taxa.  O valor muda de acordo com a modalidade de trekking escolhida, da nacionalidade e da temporada. No site oficial do Parque Providencial Aconcágua há informações detalhadas sobre como fazer o seu requerimento, que deve ser retirado no escritório da administração do parque, em Mendoza. 

Quem for fazer a modalidade de um dia pode pagar a taxa no momento de entrada no parque, no escritório do Centro de Visitantes Horcones.

Em geral, as trilhas só estão abertas na temporada de verão, entre novembro e março.

Onde ficar no Aconcágua

Em geral, quem vai explorar o Aconcágua utiliza a cidade de Mendoza como base. Além de conhecer de perto a montanha mais alta do continente, quem fica por lá também tem a oportunidade de provar os melhores vinhos da Argentina.

Algumas hospedagens recomendadas em Mendoza são:

Seguro de viagem na Argentina

O seguro de viagem é opcional para a Argentina, mas mas nossa recomendação é que você nunca viaje sem, porque no caso de qualquer emergência médica, roubo, extravio de bagagem ou necessidade de interromper a viagem por conta de algum grande imprevisto, você estará protegido.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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11 comentários sobre o texto “Aconcágua: conheça o pico mais alto das Américas

  1. Natalia, tudo bem?

    Eu estou querendo ir pra Mendoza em Julho deste ano, porém irei de carro. Você acha que dá para fazer este passeio com o meu carro? Ou é arriscado devido a curvas e muita neve?

    Um grande abraço!

  2. Ola Natália, esta viagem deve ser fantástica mesmo, estou querendo ir em Mendoza em agosto vc sabe me disser se é muita neve nesta época ! meu interesse é o mesmo que o seu na época!! “Ver o aconcágua !! abraços e parabéns pelo site, muito informativo!!

    1. Jean, vai ter neve nas montanhas sim, mas é uma questão de sorte. Meu azar foi que nevou um dia antes e por isso as estradas fecharam, mas elas não ficam fechadas durante todo o inverno…

      Abraços

  3. OI Natália!!! Que delícia de passeio. Estou planejando ir em agosto. Você lembrar o valor do passeio?Estou na fase de fazer orçamentos

    1. Tatiana, infelizmente não lembro e com a inflação na Argentina o valor que eu paguei em 2014 com certeza será bem diferente do praticado atualmente…

      Abraços

  4. Oi Natália! Muito legal esse post. Estou indo pra lá agora em maio e estou procurando os passeios, pois terei poucos dias. Esse tour vc fez com o pessoal do próprio hostel ou era terceirizada? Estou em dúvida, pois já me ofereceram um passeio onde vc faz a caminhada pelo parque e outro onde não tem a caminhada…que é muito mais barato por sinal…

  5. Muito bom reviver esse passeio no seu texto e comparar suas fotos com as minhas. Fui em abril de 2010, não tinha neve alguma, e conseguir ir até a divisa com o Chile onde tem um Cristo Redentor.

    Sou super fã do blog. Parabéns!!!

  6. Esse foi o meu passeio favorito quando estive em Mendoza. Fui no carnaval desse ano e consegui subir até o Cristo Redentor de Los Andes, foi incrivel. Mas acho que eu ia gostar de ver tudo bem branco também, nunca presenciei neve assim tão intensa. Depois passa lá no Meus Roteiros para ver minha fotos, dividi o passeio em dois posts.
    Um abraço,
    Diego

    1. Ei Diego! Foi incrível mesmo sem termos completado o trajeto, mas agora quero voltar para ver tudo sem neve. Pode deixar que vou dar uma olhada no post do Meus Roteiros!

      Abraços e obrigada por comentar

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