Além das milhares de vítimas, o 11 de setembro marcou para sempre a paisagem de Nova York. O World Trade Center, cartão-postal da cidade durante décadas, sumiu em questão de segundos. Mas essa não é a única atração turística que desapareceu por conta de desastres, da estupidez do homem ou pela simples passagem do tempo.
Neste texto, listamos 7 atrações turísticas que não existem mais. Não incluímos monumentos que desapareceram há muitos séculos, tipo seis das sete maravilhas do mundo antigo. As atrações listadas estavam no mundo durante o século 20 – algumas delas até conheceram o século 21.
Budas do Afeganistão
1º de março de 2001. Foi nesse dia que o Talibã, movimento político que governava o Afeganistão, apagou um pedaço da história do país. Os Budas de Bamiyan, estátuas que tinham resistido a quase dois milênios, foram destruídos com dinamite e tanques de guerra. A vila onde ficavam as estátuas também foi destruída.
Os budas em ilustração de 1885 (autor desconhecido)
O Talibã justificou a ação dizendo que os Budas eram ídolos e, portanto, contrários ao Alcorão. Também criticaram ONGs e governos estrangeiros que investiam dinheiro na preservação do lugar – para o Talibã, o Afeganistão tinha problemas maiores do que a preservação dos Budas.
Os Budas de Bamiyan foram construídos entre os séculos 1 e 13 e ficavam a 250 quilômetros de Cabul, capital do país. Os Budas eram parte do antigo Reino da Báctria e estavam na Rota da Seda. Eram as maiores representações de Buda em pé no planeta.
Antes e depois do Buda (Foto: Unesco, Creative Commons)
Sete Quedas
Infelizmente o Brasil também tem um representante na lista. O Salto das Sete Quedas, a maior cachoeira do mundo em volume de água, morreu em 1982. O motivo foi a criação da Usina de Itaipu, que causou o alagamento da área.
As Sete Quedas eram uma importante atração turística da cidade de Guaíra, no Paraná. Na ocasião, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema “Adeus a Sete Quedas”. O protesto – dele e de muitos outros – não adiantou. As Sete Quedas desapareceram para sempre.
Salto das Sete Quedas em 1936 (Foto: Domínio Público, autor desconhecido)
Grande Mesquita de Alepo, Síria
A histórica cidade de Alepo, na Síria, é um patrimônio mundial da humanidade. Isso não impediu que o Minarete, a torre da Mesquita, fosse destruído no dia 24 de abril de 2013, durante a guerra civil que já deixou mais de 130 mil mortos. Outras partes da cidade também foram seriamente danificadas.
A Grande Mesquita de Alepo era descrita pela Unesco como um dos prédios religiosos mais bonitos do mundo islâmico. O Minarete era justamente a parte mais antiga da Mesquita – a torre tinha sido construída no ano 1090.
A Mesquita em 2011 (Foto: Preacher lad, Wikimedia Commons)
O Minarete não foi o único monumento destruído na Síria nos últimos anos. O Crac des Chevaliers, que já foi considerado o castelo da época das cruzadas mais bem preservado do mundo, também foi seriamente afetado pela guerra. Na Wikipedia há uma lista com as dezenas de monumentos sírios que foram parcialmente (ou totalmente) destruídos.
O Palácio de Cristal de Londres
Assim como a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo de Barcelona, Londres também teve um ponto turístico que foi criado para um grande evento internacional. Foi o Palácio de Cristal, erguido no Hyde Park, em 1851, para receber a Exposição Universal (o arco catalão e a torre parisense foram erguidos para os eventos de 1888 e 1889, respectivamente).
Palácio de Cristal no século 19 (Foto: domínio público)
Ao contrário desses dois monumentos, o palácio londrino não existe mais. Após a exposição, o Palácio mudou de endereço, mas permaneceu em Londres até 1936, sempre atraindo inúmeros visitantes. A fama do Palácio acabou com um incêndio, que destruiu quase completamente a estrutura.
O Palácio de Cristal de Londres inspirou outras construções semelhantes, como o de Madrid e o de Curitiba.
Incêndio no Palácio de Cristal, em 1936 (Foto: Wikimedia Commons, autor desconhecido)
Biblioteca Nacional do Iraque
Criada em 1920, a Biblioteca Nacional do Iraque logo se tornou um dos grandes centros de sabedoria de Bagdá. Em abril de 2003, a biblioteca foi incendiada, durante a Guerra do Iraque.
Estima-se que 60% das obras da Biblioteca tenham sido destruídas, incluindo na conta algumas das cópias mais antigas do Alcorão e livros que guardavam parte importante da História da humanidade, incluindo registros do Império Otomano, do qual o atual Iraque fez parte.
Além dos arquivos da Biblioteca Nacional, a Guerra do Iraque também causou a destruição e pilhagem de alguns dos museus mais importantes do mundo, que ficavam no país e guardavam partes da história da mesopotâmia.
Biblioteca após o incêndio (Foto: Wikimedia Commons, autor desconhecido)
Ópera Real de Malta
A Segunda Guerra Mundial destruiu uma parte da cultura de Malta, país no sul da Europa. A Ópera Real ficava em Valletta, capital do país. Construído no século 19, o prédio foi ao chão em 1942, após bombardeios da Luftwaffe, força aérea alemã.
O prédio em 1896 (Foto: The Field Museum Library, Domínio Publico)
O local onde ficava o prédio permaneceu em ruínas durante décadas, até que o governo de Malta resolveu criar ali um teatro a céu aberto. O espaço foi inaugurado em 2013.
Assim como a Ópera de Malta, uma quantidade absurda de outros prédios europeus foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial.
Ruínas da Ópera, em 1942 (Foto: Russell, J E, Domínio Público)
Pennsylvania Station
Diz a Wikipédia que ela era uma das jóias da arquitetura de Nova York. Isso não impediu que o prédio original da Pennsylvania Station, inaugurada em 1910, fosse demolido em 1963. No local onde ficava a Pennsylvania Station foi instalado o Madison Square Garden, uma das arenas multiuso mais famosas de Manhattan. Uma outra estação (com o mesmo nome) também funciona lá.
A Estação em 1911 (Foto: Domínio Público, autor desconhecido)
A demolição da Pennsylvania Station estimulou a criação de leis e de uma política de preservação dos monumentos e prédios históricos dos Estados Unidos.
A Estação em 1911 (Foto: Domínio Público, autor desconhecido)
*Imagem em destaque: Mesquita de Alepo em 2010 (Foto: yeowatzup, Wikimedia Commons)
Matéria muito interessante, levanta muitas discussões. Faz refletir sobre preservação e proteção do patrimônio. Mostra como as motivações econômicas ou conflitos religiosos impactam no tempo e no espaço. Lembrei as destruições causadas pelo ISIS, a destruição da biodiversidade no Brasil em prol do lucro. Triste.
Pois é, Márcia. Muito triste!