Entender o efeito da luz na cor dos objetos e refletir isso perfeitamente numa pintura. Você pode, como eu, não entender muito de arte. Mas é difícil olhar para um quadro de Monet e não ver a beleza que o artista representava em suas obras. Me lembro a primeira vez que vi um quadro do artista e fiquei alguns minutos hipnotizada com as cores, sonhando acordada com aquele mundo que ele retratava.
Oscar-Claude Monet era um pintor francês, cujo trabalho deu o nome a um estilo muito particular de pinturas, o impressionismo, que surgiu no final do século 19. O nome, na verdade, vinha de uma crítica que Monet e outros impressionistas abraçaram para si. É que um dos primeiros quadros de Monet chamava-se “Impressão, nascer do sol”:
O quadro foi roubado em 1985
Sobre esse quadro, o pintor e escritor Louis Leroy comentou acidamente:
‘Impressão, nascer do Sol’ – eu bem o sabia! Pensava eu, justamente, se estou impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha.
Mal sabia ele que sua crítica daria nome a uma revolução no mundo das artes, uma vez que o movimento impressionista era anti-acadêmico e contra os estabelecimentos formais para expor e vender pinturas: eles criaram uma associação de artistas e passaram a expor de forma independente (algo bastante controverso para a época).
Monet era um dos mais célebres dos impressionistas. O artista buscava exaustivamente dominar a luz e, por isso, desenvolveu um método de pintar a mesma cena muitas vezes para capturar a mudança de luz, a passagem da estação, os efeitos da chuva e até fumaça na paisagem.
Water Lilies and the Japanese bridge, 1897–99, Princeton University Art Museum
Monet e a Arquitetura
No primeiro semestre de 2018, a National Gallery, em Londres, montou uma exposição chamada Monet & Architecture, que reunia algumas das obras em que o pintor retratou paisagens de cidades europeias famosas, de Veneza a Londres, do interior da França à Amsterdam. Apesar da exposição já ter acabado, o Google Arts and Culture preparou um especial sobre ela com uma ferramenta do Google Earth que permite viajar para alguns lugares das pinturas. Além disso, tem uma entrevista com o curador da exposição.
“Em termos de onde as obras foram pintadas, é uma viagem por toda a Europa. Boa parte das primeiras obras são da Normandia, na França, onde Monet foi criado, e de Paris, é claro. O artista também viajou muito; então há pinturas de Zaandam e Amsterdã, na Holanda, que ele visitou na década de 1870, e há imagens de Antibes, no sul da França, e da Riviera Italiana da década de 1880. Ele foi até lá para capturar a luz mediterrânea, e há um ar completamente diferente na arquitetura dali. Além disso, na mostra temos as três grandes séries urbanas pintadas posteriormente em Rouen, Londres e Veneza.” Rosalind McKever, curadora da exposição Monet & Architecture. Leia a entrevista completa.
As viagens de Monet
Eu, que já amo o trabalho de Monet, resolvi pesquisar alguns de seus belos quadros que retratam lugares pela Europa onde ele esteve. Como o trabalho dele está sob domínio público, não foi difícil encontrar as obras e trazer para vocês:
Monet fez mais de 30 pinturas da Catedral de Rouen, na França, entre 1892 e 1893. Ele alugava espaços do outro lado da rua.
Esquerda: Claude Monet, Rouen Cathedral, West Façade, Sunlight 1892 National Gallery of Art – Washington, D.C., EUA
Direita: Oliver Hoffmann, Shutterstock
Entre 1899 e 1905, Monet viajou para Londres. Foi do quinto andar do Savoy Hotel que ele capturou as imagens da Charing Cross Bridge e também de outras cenas londrinas, encantado com a neblina da cidade.
Esquerda: Claude Monet, Charing Cross Bridge, London, 1899-1901, Saint Louis Art Museum, EUA
Direita: Renata Sedmakova, Shutterstock
O Palácio de Wesminster também fez parte da série de pinturas a óleo. O ponto de vista, além da janela do hotel, era o terraço do St. Thomas’ Hospital.
Esquerda: Claude Monet, The Houses of Parliament, Sunset, 1903, National Gallery of Art Washington, DC., EUA
Direita: Ekaterina Pokrovsky, Shutterstock
Foi no final dos anos de 1860 que Monet e outros colegas rejeitaram a conservadora Academia de Belas Artes e fizeram uma exposição própria. Além de Impressão, Nascer do Sol, outro quadro nessa primeira exposição impressionista foi a pintura do boulevard dos Capucines, em Paris, que havia sido recusada pelo Salon de Paris.
Esquerda: Claude Monet, Boulevard des Capucines, 1873-74, Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas City, EUA
Direita: Alexey Broslavets, Shutterstock
Pintura da estação de trem Gare Saint-Lazare, em Paris. O artista morou na cidade por alguns anos antes de se fixar em Giverny, na Normandia.
Esquerda: Claude Monet,Arrival of the Normandy Train, Gare Saint-Lazare, 1877, Art Institute of Chicago, EUA
Direita: BalkansCat, Shutterstocl
Étretat é uma cidadezinha no norte da Normandia, com famosos penhascos. A pintura representa um dia de tempestade no inverno. Monet pintou diversos quadros da mesma cena. Esse em particular, da janela de seu hotel.
Esquerda: Claude Monet, Stormy Sea in Étretat, 1883, Musée des Beaux-Arts de Lyon, França
Direita: Alyona Rudenko, Shutterstock
Ao todo, Monet pintou seis quadros com o tema do Grand Canal de Veneza. Essa é parte de uma série de pinturas sobre Veneza que foi feita em 1908, na sua única visita.
Esquerda: Claude Monet, Le Grand Canal, 1908, Museum of Fine Arts, Boston, EUA
Direita: Rudy Balaskojpg, Shutterstock
Para quem quer conhecer de perto o trabalho de Claude Monet
Dois museus que já visitamos e que têm posts no 360meridianos, o Albertina, em Viena e o D’Orsay, em Paris, tem uma boa coleção de obras do pintor. Além disso, também em Paris, é recomendável ir ao Museu de L’Orangerie, que tem uma sala específica, que foi desenhada pelo próprio Monet, para guardar grandes telas das série Ninféias, ou “Water Lillies”
Também vale a pena fazer um bate-volta de Paris a Giverny, onde Monet morou e plantou as famosas ninfeias que foram tema da série mais extensa de sua carreira. Lá fica não só a antiga casa e os jardins do artista, mas a Fundação Monet.
Water Lilies no Metropolitan Museum of Art, Nova York
Além disso, como ele foi um artista bastante ativo, existem muitas obras de Monet mundo afora: Londres, São Petersburgo, Nova York, Tóquio, São Francisco, Chicago, Boston, Madrid, Munique, entre outras cidades, têm museus com quadros do pintor.
Dica extra: você consegue ver online as exposições desses museus no Google Arts and Culture. Que obviamente não está patrocinando esse post, é só é uma ferramenta de pesquisa incrível mesmo.
Inscreva-se na nossa newsletter
Que idéia de texto maravilhosa. Tive o prazer de ir a Giverny e sentir a atmosfera dos maravilhosos jardins do lugar . Além de ver ao vivo as paisagens retratadas em nos quadros de Monet.
obrigada Neusa! Fico feliz que gostou
Ainda não conheço Giverny, mas quero muito ir
Eu lembro claramente que a primeira vez que entrei no Museu Nacional de Belas Artes no Rio foi pra ir numa exposição de Monet. Tinha uns 12 anos e lembro de sair de lá completamente impressionada (com o perdão do trocadilho) por ver de perto as pinceladas dele. É incrível.
Eu fico completamente hipnotizada com os quadros dele <3
Adorei o post ! Para quem gosta de Monet, outra dica de museu em Paris é o Museu Marmottan : ele tem a maior coleção de obras de arte de Claude Monet do mundo (graças ao segundo filho do pintor, Michel Monet, que doou ao Museu Marmottan as obras herdadas do seu pai). O endereço é 2 rue Louis Boilly 75016.
Olá, obrigada pela dica!
Amei ! Façam mais Artigos assim !
Valeu Ana!
AMO Monet, preciso ir a todos esses museus!!! Gente como pode se emocionar vendo um quadro pelo computador? Surtando rs
Monet é muito emocionante ne?