Café, coffee, kaffe, caffè… Você consegue beber café em qualquer lugar do mundo, mas a diferença de pedir um cafezinho em vários países vai além do idioma: o modo de preparo da bebida também muda completamente. Porém, não importa onde você esteja, grandes são as chances de você beber café brasileiro. Afinal, exportamos mais de 30 bilhões de sacas, o que nos classifica como maior produtor do mundo. Ao mesmo tempo que colaboramos com o consumo mundial de 1.6 bilhão de xícaras de café por dia (números da Food Industry, 2013), o café bebido no Brasil, se comparado ao café brasileiro vendido na Europa ou nos Estados Unidos, é o de pior qualidade.
“O produtor de café no Brasil, em geral, não sabe qual foi a sua melhor safra. Ele não valoriza seu produto como um produtor de vinho, por exemplo, que sabe que aquela garrafa, da safra de um certo ano, é a melhor que ele produziu”, comentou Marco Suplicy, especialista em cafés e dono de uma marca de cafés especiais. Conheci o Suplicy – que é da mesma família dos políticos – tomando café. Sim, o café que ele produz. Além de lamentar a falta de qualidade do café bebido no Brasil, o Suplicy nos ensinou a fazer e beber café corretamente: sem açúcar e com um copinho de água do lado, para limpar o paladar.
A fala que eu citei, relacionando vinho e café, pode parecer a princípio estranha, mas esse tipo de associação já é feita pelos nossos vizinhos colombianos, o segundo maior produtor do mundo. Um dos programas turísticos na Colômbia é visitar as fazendas cafeeiras, do mesmo jeito visitamos vinícolas no Chile. O órgão oficial que promove turismo e negócios no país, tem como um dos destinos principais o que eles chamam de Paisagem Cultural Cafeeira, que envolve três regiões produtoras de café cujas capitais são Manizales, Armênia e Pereira. Você pode visitar as plantações e acompanhar a produção do café desde a colheita até o momento em que ele chega na sua xícara. Degustação de café, na Colômbia, é programa turístico.
Crédito: Proexport Colômbia/Divulgação
Na Itália, que não produz café nenhum, bebê-lo é uma arte. Eles que inventaram o espresso. Esse café é preparado pela passagem da água bem quente, mas não fervendo, em alta pressão pelo café moído. O espresso italiano deve ser bebido na xícara pequena, sem açúcar. Ele tem variações como o ristretto, que é feito com menos água e mais forte; o lungo, com mais água e mais fraquinho; e o doppio, ou seja, o dobro de expresso.
Além disso, faltou falar do cappuccino, que na Itália não tem chocolate: ele é feito com 1/3 espresso, 1/3 de leite vaporizado e 1/3 de espuma de leite. O macchiato usa apenas o espresso e a espuma de leite. Já o latte tem metade café e metade leite. Você encontra cafeterias para todos os lados na Itália, que fazem combinações deliciosas de café. Mas o que chocou nossa amiga dos Estados Unidos, que dividiu apartamento conosco em Bolonha, foi o tamanho das xícaras.
Foto: the opoponax/Wikimedia Commons
Você não precisa ir aos Estados Unidos para saber como eles gostam de café: nos filmes sempre vemos personagens correndo com um copão da bebida na mão. Quando eu morei lá, em 2008, ainda não tinha Starbucks no Brasil. Foi super divertido ir à loja e pedir um copão de um café deles (e gastar uns bons 5 dólares com isso). Certa vez vi um desses apresentadores de TV, daqueles shows noturnos, fazendo piada com o fato de um copo de café custar 4 dólares.
Me lembro também do nojo que sentia toda vez que via meus colegas de McDonalds servirem café descafeinado no copo de refrigerante (de 500ml!) e colocarem gelo dentro. Provas de que a cultura do café nos Estados Unidos é servir copos enormes da bebida, que costuma ser bem rala. Afinal, é praticamente impossível beber 500ml de expresso puro.
Eu servindo café nos Estados Unidos. Esse copo aí era o pequeno
O melhor café do mundo
Eu perguntei ao Marco Suplicy qual é o melhor café do mundo hoje em dia. A resposta: o da Etiópia. Reza a lenda que foi nesse país africano que a planta de café surgiu, descoberta por Kaldi, um pastor de cabras, que percebeu que seus animais ficaram animados e insones depois de comer os frutos da planta. Nos tempos antigos, a fruta do café era cozida e comida. Só depois surgiu a tradição de fazer a bebida, a partir dos grãos que foram levados para a Arábia em navios negreiros.
Hoje, a Etiópia está na lista de dez maiores produtores de café do mundo. Além disso, beber café, que eles chamam de buna, faz parte de um ritual cuja preparação e o ato de servir podem demorar até duas horas. O buna pode ser servido com sal ou manteiga, no lugar de açúcar.
Cerimônia de café na Etiópia (Foto: sameffron/Wikimedia Commons)
Alguns dos cafés mais caros do mundo são produzidos, estranhamente, a partir das fezes de animais. O mais famoso é o Kopi Luwak, feito a partir das fezes de um felino asiático chamado viverrídeo. Esse café é produzido na Indonésia e nas Filipinas. Alguns dizem que o Kopi Luwak é mais suave e menos ácido que cafés comuns, enquanto outros criticam o gosto e dizem que essa bebida é mais mítica do que boa. Existem muitas críticas e relatos de maus-tratos aos animais para produção da bebida – os bichos são presos em jaulas e forçados a comer os grãos de café.
Além disso, o viverrídeo foi considerado vetor da gripe asiática. Outras variedades de cafés caros produzidos com fezes de animais são o Black Ivory, feito na Tailândia com com cocô de elefante, e o Jaccu Coffe, feito com as fezes do Jacu, um pássaro brasileiro.
No resto do mundo, a forma de preparo varia de acordo com o gosto e cultura nacionais. Por exemplo, o café turco é muito forte e com os grãos bebidos junto na xícara, enquanto o indiano está mais para chafé, bem aguado e doce. Esse infográfico bem legal mostra 31 jeitos de se tomar a bebida ao redor do mundo. Está em inglês, mas vale a pena dar uma olhada.
Como comprar e fazer café
Apesar da má qualidade dos cafés nos supermercados brasileiros, estão surgindo opções de marcas melhores – com o nome metido de gourmet. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café, o consumo desse tipo de grão de melhor qualidade subiu 15% no último ano.
Comprando café gourmet ou não, leve em consideração a data de fabricação da embalagem – quanto mais fresco, melhor. O problema, aponta Suplicy, é que muitas marcas não colocam essa informação no pacote, só a data de validade. Não guarde o café na geladeira, já que o produto é capaz de captar os cheiros e gostos de outros alimentos armazenados lá. Deixe-o em algum lugar fresco e seco.
Crédito: MarkSweep/Wikimedia Commons
Quando for fazer café, não coloque açúcar na água – esse é um hábito da minha casa, por exemplo. Também não deixe a água ferver – segundo os italianos, a temperatura ideal é 93 graus. Outra sugestão é do especialista Marco Suplicy: para tirar o sabor de papel que vem do coador, filtre-o com água quente primeiro e só depois coloque o pó e coe o café. Para saborear um bom café, tome um copinho d’água com gás para limpar o paladar e evite comer biscoitinhos ou outros doces, que tiram o sabor da bebida. Ou tome como quiser. O jeito que você gosta, no final das contas, é o que importa.
*Imagem Destacada: skinnydiver/Flickr Commons
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Por favor.
Estou pesquisando para um trabalho de faculdade, para minha filha.
Uma marca de café da Índia.
Já procurei de tudo que é jeito, na Internet, e nada de encontrar.
Se puder nos ajudar.
Agradeço.
Namastê!
Oi Sandro,
Infelizmente não posso te ajudar!
abraço
Nos últimos anos tenho começado a gostar cada vez mais de café, não sou daquelas que toma 347545 xícaras por dia, mas um café bem feito (leia-se: nada de café ralo americano) é tudo de bom! Um dia desses comi um chocolate com grãos de café – uma delícia tb, mas nem lembro onde comprei!!! Certeza que eu iria adorar uma degustação de café!!! Minha mãe já participou até de uma degustação de água (!!!) e tem diferenças, então é óbvio que de café tb vai ter rs… Sempre que vou pedir sobremesas ou comprar algum doce, se tiver algo com café no meio, é provável que seja a minha escolha – só perde se tiver alguma opção melhor com chocolate hehehe! Experimentei um sorvete de café do Kenya na África do Sul recentemente que era MUITO bom! E quanto a docinhos e bolachinhas para acompanhar o café eu sempre experimento mas odeio a maioria, as únicas exceções são uma bolachinha belga (que tem no Sam´s Club e não é mto doce, mas não lembro o nome) e meu preferido: stroopwafel da Holanda!!!! Sempre que vejo eu TENHO que comprar pq aqui em casa todo mundo ama pra acompanhar o café (ou msm sem café).
Ei Fernanda,
Eu amo café também, principalmente café com leite – porque gosto e não porque quero ficar acordada.
Esse chocolate com grãos de café deve ser maravilhoso mesmo.
Me conta onde vc acha stroopwafel para comprar?? Eu nunca vi aqui no Brasil e acho maravilhoso!
bjs
Bom, eu tenho a vantagem de morar em Campinas, pertinho de Holambra e de vez em quando poder ir lá comprar o famoso stroopwafel da padaria Martin Holandesa, mas outro bem + fácil de encontrar e que gostei bastante é o da Starbucks! Caro, mas bom! Fica ali na frente do caixa, se bobear já vendiam há séculos e como fica escondido eu só descobri no final do ano passado hehehe. Mas tem outros lugares e outras marcas tb e falo delas num post do meu blog: https://taindopraonde.blogspot.com.br/2013/09/onde-comprar-stroopwafel-no-brasil.html. Nos comentários tem dicas de leitores tb!