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Atlas: Espanha, França

6 curiosidades sobre o País Basco

De uns tempos para cá, San Sebastian, Bilbao e Biarritz tem entrado mais no vocabulário de viajante em busca de belos destinos na Europa. São todas cidades do chamado País Basco, uma região dividida entre os territórios da França e da Espanha, que durante muito tempo foi associado ao ETA, a sigla basca para Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade), ou, como todos conhecemos, o grupo terrorista que, durante anos, lutou pela independência da região.

Desde 2010, o grupo não pratica mais ataques ou luta de forma armada e se uniu a grupos políticos a fim de lutar por seus objetivos no parlamento. No entanto, a história sangrenta de 800 mortos ainda ecoa nas memórias de todos nós.

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O País Basco vai muito além de suas pretensões separatistas. Riquíssimo em cultura, história e gastronomia, a região tem o poder de encantar todo e qualquer viajante que coloca os pés por lá. Veja abaixo alguns motivos que tornam esse lugar tão fascinante:

6 curiosidades sobre o País Basco

1. Onde fica o País Basco no mapa

Mapa do País Basco

Mapa do País Basco. Crédito: Zorion, CC-BY-SAWikimedia Commons

A região do País Basco, ou “terra do euskara” fica exatamente entre o norte da Espanha e o Sudoeste da França, próximo da cadeia de montanhas dos Pirineus e banhado pelas águas do Golfo de Biscaia.

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2. A língua basca não tem nada a ver com o espanhol ou francês

Euskera, lingua basca

O que você pode esperar de uma língua que está espremida entre dois países de fala derivada do latim? No mínimo ela vai apresentar alguma semelhança com o espanhol ou o francês, não é mesmo? Pois você imaginou errado. O euskera, idioma do País Basco, não tem nada a ver com essas nem com nenhuma outra língua, sendo considerada por alguns estudiosos a mais antiga língua viva da Europa.

A origem do idioma, na verdade, intriga tanto os linguistas que eles foram buscar explicações em lugares distantes do mundinho indo-europeu, como nos povos nativos norte-americanos e até na Ásia.

Outra corrente polêmica afirma que o povo basco é o único sobrevivente de uma família linguística que se espalhava pela Europa em tempos ancestrais.  O mais provável, no entanto, é que ele tenha se derivado do Ibero, uma língua falada na Península Ibérica antes do domínio Romano.

Durante a ditadura franquista, o euskera e outros idiomas e dialetos falados na Espanha foram proibidos, o que colocou essa língua em um grave risco de extinção. Hoje, no entanto, a existência de escolas bilíngues e ações que visam preservar a cultura local fazem do basco um idioma vivo, não apenas nas placas e museus, mas também na boca de crianças e adultos que vivem ali.

3. Cesta Punta, o esporte basco

Um lugar entre a Espanha e a França tinha que gostar de futebol. Quem acompanha os campeonatos europeus certamente já ouviu falar do Atlético de Bilbao, clube que só aceita jogadores bascos em sua equipe. No entanto, o futebol passa longe de ser o único esporte que faz sucesso por ali.

Com uma bola menor que a de tênis, e raquetes, cestas ou a própria mão dos jogadores, a Pelota Basca mobiliza desde profissionais até atletas de final de semana. Esse esporte é, na verdade, um grupo de esportes com características semelhantes. Da mesma forma como há o futebol de campo, de quadra e areia, existem também vários tipos de Pelota.

Um dos mais famosos deles é a Cesta Punta, ou Jai alai, promovido pelo Governo Basco como o esporte mais rápido do mundo.

Quando estive em Biarritz, assisti a uma partida e garanto: o negócio é rápido mesmo. Tanto que demorei a entender as regras. Mas depois de quatro tempos, posso dizer que funciona mais ou menos assim:

Quadra Cesta Punta

As equipes, formadas por dois atletas cada, jogam em quadra delimitada por linhas horizontais e três paredes (nas laterais e no fundo, deixando apenas o lado da plateia livre de paredes). O objetivo é atirar uma bolinha menor que a bola de tênis com toda a força na parede. Quando a bola quicar e voltar, os jogadores do time adversário devem pegá-la com a cesta e atirá-la de volta na parede. Quem deixar a bola cair dá um ponto para a outra equipe.

Se você não entendeu nada, imagine uma espécie de tênis na qual, ao invés de passar a bola pro outro lado da rede, você precisa bater com ela na parede. Pronto, essa é a Cesta Punta, muito prazer.

4. As três coisas que não podem faltar em uma vila basca

Uma igreja, o prédio do conselho municipal e uma quadra de Pelota Basca.

Vila no País Basco

Quem me contou isso foi o gerente do hostel onde fiquei hospedada em Biarritz, enquanto cruzava a fronteira da França com a Espanha em um tour por esses adoráveis lugarejos.

Apesar das cidades mais conhecidas do País Basco serem Bilbao, San Sebastian e, do lado francês, Biarritz e Bayonne, essa região é formada também por diversas vilas pequenininhas e charmosas. Casinhas brancas com detalhes coloridos de verde, vermelho e marrom, ruas de pedra e jardins coloridos perdidos no meio dos Pirineus fazem do País Basco um lugar único.

5. Católicos, mas do jeito deles

A maior parte do povo basco é da religião do Papa, mas nem sempre foi assim. Antes da Igreja Católica dominar o continente europeu, os habitantes daquela região costumavam adorar um deusa conhecida como Mari, que tinha um marido, mais ou menos importante, chamado Sugaar. O casal controlava deuses menores, espíritos, gigantes, ninfas  e gênios, assim como toda boa religião pré-cristã.

Igreja católica no País Basco

Repare no barquinho pendurado no teto

A questão é que, quando a Igreja Católica chegou querendo mandar na área, teve que negociar com o povo e ceder em alguns pontos, incorporando algumas características da religião antiga, afinal fé é uma coisa que você não enfia pela garganta de ninguém. O resultado desse sincretismo religioso e outras características próprias da cultura basca ainda podem ser percebidas por ali.

No litoral do País Basco francês, por exemplo, é comum que as igrejas tenham barcos de madeira pendurados no teto, como uma forma de pedir a Deus que abençoe a pesca. Em algumas dessas igrejas, o teto possui a forma do casco de um barco.

Além disso, era comum, em tempos antigos, que a parte superior da igreja fosse ocupada apenas por mulheres, enquanto a inferior era reservada aos homens. Quem for mais observador vai reparar também que em muitas igrejas as cruzes são símbolos quase inexistentes, outra herança da religião da deusa Mari. Por outro lado, a cruz basca, símbolo do país, é encontrado não apenas em lugares sagrados e cemitérios, como em todos os lados.

Cruz Basca

6. O País Basco está na moda

Eu não sei se tem algum leitor aficionado por moda aqui, mas fique sabendo que uma peça de vestuário típica do País Basco virou tendência nos últimos tempos, inspirando estilistas da Chanel, Yves Saint-Laurent, Burberry, Louboutin e Hermés. São as alpargatas (Espanha) ou espadrilles (França).

Alpargatas

Elas surgiram há 8 séculos, por isso podemos dizer que demoraram um pouquinho para cair no gosto do povão. No entanto, por aqueles lados do País Basco e em outras regiões dos dois países, elas nunca saíram de moda.

Com solado de corda, hoje em dia são fabricadas em várias cores para diversificar a produção e aumentar o consumo, mas tradicionalmente são usadas em vermelho, branco ou azul.

Dicas de viagem para o País Basco

Se você pretende viajar para o País Basco, temos diversas dicas para você, que pode conferir nos textos abaixo:

Dicas de Bilbao:

Dicas de San Sebastian:

Outros locais:

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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121 comentários sobre o texto “6 curiosidades sobre o País Basco

  1. Ola Natália, tive e estou tendo o prazer de conhecer bem o País Basco , é um povo admirável, estou trabalhando numa empresa que tem a matriz no País Basco, uma cultura riquíssima depois que vc faz amizade com os moradores das cidades pequenas são muito acolhedores , amei e estou descobrindo sempre novos lugares um país muito lindo. A gastronomia é maravilhosa todo lugar tem um prato típico cada vilarejo tem seu sabor único. Vou voltar se Deus quiser em janeiro pra lá estou contando os dias rs , um abraço e parabéns pela matéria.

      1. Oi Natalia, você é descendente de Bascos? estou desconfiando que sou por causa das minhas características físicas(minha e dos meus familiares) nos já sabemos que somos descendentes de espanhóis mas não sabemos que parte da Espanha!

        1. Olá Vitória, não, não tenho descendência espanhola até onde eu sei. Os sobrenomes bascos são bem característicos. Você pode começar a investigar por aí!

          Abraços!

  2. Oi Natália!
    Adorei seus comentários , continue divulgando esta cultura desse povo tão extraordinário, os bascos!

  3. Parabéns Natalia, me encanta el País basco, vivi 8 anos, especificamente em Durango, e agora programando ir-me em 2018, para ficar , e viver essa maravilha que é a cultura e culinaria basca…y viva Euskadun!!! besos guapa

  4. Natália. Parabéns! Ótima escrita! Texto leve, divertido e muito informativo. Sou um brasileiro “cinquentão” apaixonado pela cultura espanhola (solo no me gustan las corridas de toros). Tive a felicidade de fazer um curso de extensão em Salamanca. Felicidades!

  5. Estive no país basco entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017 e adorei conhecer esse lugar fascinante,passei o Natal em San Sebastián e lá o Papai Noel não é tão comum e sim Olentzero,que é uma espécie de papai noel dos bascos,observei pessoas jogando punta cesta na praia,estive em Ondarribia que tem casinhas coloridas,achei o povo calmo e simpático,enfim uma experiência maravilhosa que espero viver novamente um dia!

  6. olá tudo bem
    Meu nome é Ozafran. Há pouco tempo descobri na Argentina meu primeiro nome por lá é sobrenome e ao perguntar de alguns ermanos fiqjei sabendo que a origem é basco-francesa.
    ae puder ajudar sobre o significado.

    Atenciosamente,

  7. Olá! Natalia.
    Tenho procurado a simbologia da “cruz basca” e não tenho encontrado .
    Saberias me dar alguma informação ?
    Ficaria agradecida !
    Abraço

  8. Realmente o país basco é fascinante, tem uma história incrível! A única coisa que estraga e dá nojo daquele povo é o racismo, eles se acham o supra sumo dos deuses na terra, são os puros, os bons que não precisam de ninguém. O orgulho dessa povo será sua própria ruína.

    1. MPA, existe gente racista em todos os lugares do mundo. Estamos cheios de racistas aqui mesmo no Brasil. Sua própria colocação é racista, já que generaliza e transfere a um povo inteiro características encontradas em determinados indivíduos. Todas as pessoas que conheci lá eram legais, humildes, abertas e em nada correspondem a sua ideia do povo. Há anos o País Basco tem posicionamento político mais progressista que a média da Espanha e são muito procurados por imigrantes por oferecerem melhores condições que outras partes do país. Existe os supremacistas entre eles? Certamente. Podemos classificar todo um povo dessa forma? Acho bem complicado…

      Abraços!

      1. Ola! Natália ! Concordo contigo ! Encontramos pessoas super simpáticas . sempre dispostas a um “papo” gostoso ! Sempre prontos a dar informações ! O que parece lhes agradar bastante!
        Além disso , Bilbao e San Sebastian são cidades maravilhosas ! Sem falar em uma esticada até Guernica !Bela experiência !
        Abraços

      2. Tem razão Natália, mas me indique um “pelotari” ou um jogador de futebol profissional do país basco que não seja basco. Você mesma citou isso, que é amplamente aceito pela população local.
        Se não é xenofobia e nacionalismo exagerado, é o que?
        Turismo é outra história: lá não existe preconceito com o seu dinheiro.
        Assista à comédia “Ocho apellidos vascos”, é bastante interessante.

        1. Rámon, não vejo isso como xenofobia no caso de um povo que já foi perseguido, que foi reduzido a uma fração do que era, arbitrariamaente dividido pela fronteira de dois Estados, que quase teve seu idioma e cultura extintos no período franquista e que até hoje é preterido pelo governo central (assim como a Catalunha). Vejo como uma forma de afirmação cultural através do esporte. Há uma diferença nesse caso com, por exemplo, se fosse um país poderosos e imperialista, com histórico de perseguição política de povos – fazendo o mesmo. Claro que não estou dizendo que não exista gente xenófoba ali, não é isso. Mas quando sua identidade cultural é ameaçada, é preciso protegê-la de alguma forma, não sei se me explico… é o mesmo raciocínio das ações afirmativas na política…

          Meu contato com a cultura não foi apenas através do turismo, já que conheci e estudei com vários bascos que me deram uma visão deles sobre o tema. De qualquer forma, anotada a dica da comédia 😉

          Abraços e obrigada por contribuir com a discussão!

          1. Só para complementar, não estou dizendo, mais uma vez, que não exita xenofobia, porém que isso não é regra e tampouco exclusividade do país basco. A xenofobia, é, na verdade, um problema bastante latente em toda a Espanha…

  9. adorei o relato, estou curiosa para conhecer esse local, por isso quero te pedir ajuda: como chegar ate la de aviao? qual seria a cidade mais adequada para comprar a passagem saindo de Dublin?

    1. Luciana, os aeroportos de Bilbao ou San Sebastian servem bem. Outra opção é voar para outra parte da Espanha e seguir por terra, mas lembrando que o País Basco está no norte, perto da França…

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