É impossível comer mal na Itália, que é a terra das massas espetaculares, dos vinhos ótimos e baratos e dos queijos. Muitos queijos. Para provar o tanto que a culinária deles influenciou o mundo, resolvemos fazer um texto, ou melhor, quase uma ode à comida típica italiana.
Vai funcionar assim: pense numa comida ou produto italiano que a gente te mostra de onde ela é. Muitas vezes o nome da cidade é o nome do produto, mas a gente nem se dá conta disso. Tipo o…
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Guia completo para viajar pela Itália
Produtos e comida típica italiana
Queijo Gorgonzola
O senhor de todos os queijos nasceu há mais de mil anos, em Gorgonzola, cidade de 20 mil habitantes que fica na região metropolitana de Milão. Amantes do produto em viagem pela Itália podem – e devem – incluir uma passadinha rápida na cidade para conhecer o berço de um produto que ganhou o mundo.
Foto: Dominik Hundhammer, Wikimedia Commons
Queijo Parmesão
O parmesão verdadeiro é feito em Parma, cidade de 200 mil habitantes no norte do país. Mas o parmesão de lá atende por um nome um pouco mais sofisticado: Parmigiano-Reggiano.
Nós já te contamos aqui no 360meridianos que esse nome é mais do que um uma estratégia de marketing. O Parmigiano-Reggiano tem um processo de produção complexo e que dura meses. A qualidade do queijo é testada antes que o produto vá para as prateleiras. Se não for aprovado no padrão de qualidade, o queijo não recebe o selo de identificação e será vendido como um produto inferior.
Presunto de Parma
Parma é uma cidade sortuda. Além do parmesão, é dali que vem o nome de um presunto consumido em todo o mundo. Durante minha passagem pela cidade, tive duas experiências opostas com o Prosciutto di Parma, como é chamada iguaria por lá. A primeira foi comendo o presunto, sempre acompanhado de uma cerveja.
Se a primeira experiência foi ótima, visitar uma fábrica e ver de perto um estoque com centenas de milhares de porcos transformados em presunto não foi exatamente uma coisa legal. Mesmo assim, não dá pra negar que o presunto de Parma é bom. Ele é feito da perna do porco e tem uma receita complexa, que envolve o envelhecimento da carne e temperos específicos.
Bife à milanesa, campeão da comida italiana
Existem pratos que tem um pé na Itália, viraram moda no mundo e por isso mesmo foram adaptados de várias formas, dependendo da culinária do país. Um bom exemplo é o bife feito à moda de Milão, nosso tradicional à milanesa.
A origem é polêmica, mas muita gente defende que o empanado mais famoso da Terra foi inspirado na cotoletta alla milanese, comida que surgiu em Milão. A cotoletta é um dos pratos mais tradicionais da cidade – o registro mais antigo sobre ele é do ano 1148.
Mas qual a diferença da comida made in Milão para o bife empanado que comemos no Brasil? Além do tipo de carne, que na Itália é costeleta de vitelo (com osso), o modo de preparo também é outro. Mas até que a aparência não é muito diferente não. Ó:
Foto: Marcelo Teson, Wikimedia Commons
Espaguete à bolonhesa
De Milão para Bolonha, outra cidade no norte da Itália. E novamente para falarmos de um prato que dá uma polêmica danada. Não há um italiano sequer que concorde que o espaguete à bolonhesa é de fato de lá. Os bolonheses deixam claro que o prato adorado pelo mundo não é feito de acordo com a receita inventada pelos ancestrais deles.
As diferenças? O mundo adora espaguete. Já em Bolonha essa massa é feita com tagliatelle. Lá, entre os ingredientes do molho estão cenoura, bacon e até vinho. Outra coisa importante é que o prato se chama ragù alla bolognese e foi até patentado pela Câmera de Comércio de Bolonha.
Em resumo: para os bolonheses, o espaguete à bolonhesa não existe. Mas ninguém discorda que a inspiração para o prato foi o tal do ragù alla bolognese. Ou seja, mais uma comida internacional que tem um pé numa cidade italiana.
Vinagre Balsâmico de Modena
Ele não é um vinagre qualquer. É de Modena, cidade do norte da Itália que tem 180 mil habitantes. Esse tipo de vinagre é produzido na cidade desde a Idade Média e tem várias características especias, entre elas o aroma.
É produzido com o suco de uvas brancas e armazenado durante muitos anos em barris de madeira, de forma a aumentar o sabor.
O curioso é que Modena só ficou conhecida ao produzir vinagre porque era incapaz de produzir ótimos vinhos. É que o clima na região não era dos melhores para produzir a bebida, mas permitia a fabricação do condimento.
Foto: Sputnikcccp, Wikimedia Commons
Linguiça toscana
É muito comum que o tipo de linguiça receba o nome do lugar onde foi criada a receita original. A Toscana é um dos estados (ou regiões) italianos, cuja capital é a cidade de Florença.
Segundo a Wikipédia, a linguiça toscana nasceu pertinho da Torre de Pisa. A origem seria Lucca, uma cidade com 80 mil habitantes e mais de dois mil anos de história.
Lucca
O primeiro registro histórico da linguiça foi feito pelo Império Romano e até a palavra vem do italiano, da expressão luganega. Mas a mente brilhante que criou o prato é motivo de rivalidade – vários estados italianos brigam pelo título de inventores do produto, incluindo Vêneto – onde fica Veneza – e a Lombardia, onde fica Milão.
Pizza napolitana
O documento mais antigo a falar da comida dos deuses, digo, da pizza, foi escrito na região de Lazio, no ano 997 d.C. Mas seja quem for o pai verdadeiro dessa maravilha, ele não fez questão de patenteá-la – as pizzas já existiam há um tempinho quando esse documento foi escrito.
Já que apontar a origem da pizza é tarefa das mais ingratas, vamos focar numa cidade que tornou a comida ainda mais famosa: Nápoles, no sul do país. Lá fica a Associação da Verdadeira Pizza Napolitana, uma organização fundada em 1984 e que tem como objetivo guardar a honra da pizza original de fábrica. Pelas regras, a pizza só é napolitana se for feita no forno a lenha e artesanalmente, além de outros aspectos, tipo não ter mais de 35 centímetros de diâmetro.
Quer uma boa notícia? O objetivo dessa associação é levar a receita original para pizzarias que estejam perto de você.
Veja também: A história da Pizza: de Nápoles para o mundo
Foto: Valerio Capello, Wikimedia Commons
Outros pratos típicos da Itália
Nosso mapa gastronômico da Itália poderia incluir outros nomes famosos. Tipo o queijo pecorino toscano, o manjericão (e o pesto) genovês, a bisteca Fiorentina, que é típica de Florença… e ainda têm aqueles pratos que não são italianos de origem, mas criados por imigrantes que foram viver em outros países. Tipo arroz à piemontese.
Seja italiano de origem ou não, uma coisa é certa: a Itália é fundamental para a gastronomia do mundo. Prova disso é que esses produtos são protegidos por lei. É que a União Europeia tomou medidas para proteger produtos artesanais que fazem parte do patrimônio de cada país.
A regra tem nome: Denominação de Origem Protegida. Isso significa que muitos queijos podem dizer que são “do tipo Parmesão”, mas só os produzidos pela receita de Parma levam o selo de Parmigiano-Reggiano. Está curioso para conhecer quais são as comidas com denominação de origem protegida da Itália? Clique aqui. Mas já aviso que a lista é enorme.
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realmente os variados temas, as descriçoes esmiuçadas e principalmente a honestidade dos textos e das informaçoes me surpreende positivamente a cada lida e relida. Parabens vcs não são simples blogueiros vcs poderiam ser chamados de guias das coisas boas pelas viagens neste mundo. Sou grato e torço para que continuem a nos brindar com essas informaçoes e dicas tão bem descritas e oportunas. Abraço.
Muito, muito obrigado pelo comentário carinhoso, Elson.
Abraço.