Um presente dos franceses, símbolo de um estilo de vida e um monumento de boas vindas a todos que chegam ao país. A Estátua da Liberdade não é só o cartão-postal mais famoso de Nova York, também é um grande marco da história dos Estados Unidos.
Mesmo assim, quando eu visitei a famosa estátua, a achei muito pequena. Tem 46 metros de altura, mas com a base chega a 92,9 metros. Em comparação, a Torre Eiffel tem 324 metros. A sensação de que a Estátua da Liberdade é bem menor do que vemos nos filmes também vem do fato de ela ficar numa ilha, a Ilha da Liberdade, ao sul da ilha de Manhattan. Mas como tamanho não é documento, a história da Estátua e curiosidades sobre sua construção fazem dela, sim, muito importante.
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Presente dos franceses?
Se você pesquisar no site oficial da Estátua da Liberdade, cujo nome original era The Statue of Liberty Enlightening the World, vai descobrir que o monumento foi um presente dos franceses, entregue aos Estados Unidos em 1886. Edouard de Laboulaye teve a ideia de fazer a estátua, que foi construída pelo escultor Frederic-Auguste Bartholdi e teve a estrutura de ferro projetada por Gustave Eiffel. Sim, ele mesmo, o criador da Torre Eiffel.
Para Laboulaye, um especialista na constituição dos EUA e fã do Abraham Lincoln, o monumento era um presente em comemoração à vitória da União na Guerra Civil e pela Abolição da Escravatura. Ele esperava que tais acontecimentos, mais a construção da estátua, inspirassem o povo francês a lutar pela democracia – em 1865, quando ele propôs pela primeira vez o monumento, a França estava sob o governo de Napoleão III.
Portanto, foram os franceses que idealizaram e construíram a Estátua, mas isso não teve absolutamente nada a ver com o governo da França. Em setembro de 1875, quando Edouard de Laboulaye anunciou formalmente o projeto, também criou a União Franco-Americana, que financiaria a estátua.
Os americanos ficariam responsáveis por financiar o pedestal. Segundo Elizabeth Mitchell, autora de um livro chamado Liberty’s Torch, foi Bartholdi, o escultor, que criou uma estratégia para conseguir os 400 mil francos necessários: ele passou a cobrar dos visitantes para ver a estátua ser construída, além de vender lembrancinhas. A cabeça da Estátua da Liberdade foi exposta na Exposição Universal de Paris, em 1878.
Estátua da Liberdade na Exposição Universal Paris. Crédito: Domínio Público
Nova York sem estátua?
Nova York correu sérios riscos de não ter seu maior cartão-postal. Para começar, Frederic-Auguste Bartholdi originalmente desenhou um enorme farol em formato de mulher segurando uma tocha, monumento que seria para os egípcios e que ficaria na entrada do Canal de Suez. Isso quer dizer que se o Egito não tivesse recusado a oferta, provavelmente a Estátua da Liberdade como conhecemos jamais seria construída.
A patente do desenho da Estátua da Liberdade. Crédito: Domínio Público
Depois, empresários de Boston e da Filadélfia chegaram a oferecer pagar por todos os custos da construção da estátua, em troca de enviá-la para tais cidades. Bartholdi, que foi quem escolheu a Ilha Bedloe, como se chamava na época a Ilha da Liberdade, como espaço para a construção, acabou resistindo a essas pressões.
Mas quem realmente salvou a presença da Estátua da Liberdade em NYC foi Joseph Pulitzer, o editor do The New York World (aquele mesmo, da Nellie Bly). No começo, os americanos não estavam achando lá uma grande ideia gastar um dinheirão construindo um pedestal para uma ideia francesa. Mas aí Pulitzer lançou uma campanha no jornal, anunciando que publicaria o nome de todas as pessoas que doassem algum dinheiro para a construção da estátua.
E ele publicava mesmo, anunciando em manchetes sensacionalistas que, por exemplo, uma órfã doou 60 centavos de sua poupança e coisas do gênero. A ideia não só aumentou rapidamente a tiragem do jornal, com leitores comprando uma cópia só para ver seu nome publicado, como também conseguiu, em 1885, arrecadar 102.000 dólares – segundo eles, 80% do total foi recebido em quantias menores do que um dólar.
As luzes da Estátua
Antes da Estátua da Liberdade ser inaugurada, o então presidente Grover Cleveland mandou que ela servisse como farol. A luzes podiam ser vistas a uma distância de quase 40 quilômetros. Esse farol funcionou até 1902, quando o controle do monumento passou do Lighthouse Board para o U.S. War Department. Somente em 1933 a estátua passou para o controle do National Park Service.
Estátua da Liberdade em 2005. Crédito: Ed Schipul – (CC BY 2.0)
Mas o tal farol não tinha relação com a tocha original da Estátua, construída em 1876. Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, sabotadores alemães causaram uma explosão que danificou o braço que segurava a tocha. As escadas que permitiam ao público chegar até a tocha foram fechadas no mesmo ano e nunca mais foram reabertas. De 1942 a 45, durante a Segunda Guerra, as luzes da tocha foram apagadas por conta de racionamento de energia elétrica, mas as visitas à Estátua não foram interrompidas.
Em 1984, a tocha original foi substituída por uma versão nova, banhada em ouro de 24 quilates, que é iluminada a noite. A versão original ainda pode ser vista, exposta no lobby do monumento.
Crédito: Swaal – (CC BY-NC-ND 3.0)
Visita à Estátua da Liberdade
A figura feminina representada pela estátua é Libertas, deusa romana da liberdade. Não dá para ver, mas sob os pés dela ficam correntes quebradas, representando o fim da opressão e escravidão. No século 19, a Estátua da Liberdade tornou-se símbolo da imigração, quando mais de nove milhões de imigrantes se mudaram para os Estados Unidos. A estátua era a primeira coisa que eles viam, quando chegavam de barco. No livro que fica na mão esquerda do monumento está inscrita a data da Declaração Americana de Independência em números romanos: JULY IV MDCCLXXVI.
Nós já contamos como você pode ver a Estátua de perto sem pagar nada. Mas se você quiser ir até a ilha ou até mesmo subir até a coroa, é necessário pagar. A ferry State Cruises custa em torno de 18 dólares e inclui a subida somente até o pedestal – mas pode ser preciso fazer reserva com pelo menos 20 dias de antecedência.
Quem sobe até a coroa – há uma taxa adicional de três dólares e o passeio nem sempre está disponível – vai encontrar 25 janelas e sete espigões da coroa, que representam os sete oceanos e sete continentes do mundo (os americanos consideram América do Sul e do Norte como dois continentes diferentes).
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