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A Gripe Espanhola nos jornais de 1918: como o coronavírus repete o passado

“O Rio é um vasto hospital”, anunciava A Gazeta de Notícias, em outubro de 1918. O motivo era explicado também na capa do jornal, que destacava a “invasão da influenza hespanhola” e a “preguiça criminosa do governo”. “Não há médicos, não há remédios”, completava a publicação. A gripe espanhola foi uma das maiores epidemias enfrentadas pelo ser humano. Entre 1918 e 1920, 1/4 da população mundial foi infectada pelo vírus, uma estirpe do H1N1 que deixou um rastro estimado entre 20 e 50 milhões de mortes. Como comparação, a Primeira Guerra Mundial deixou cerca de 10 milhões de mortos.

“Eu me lembro da minha avó, que falava pra mim assim: ‘ahh, menina, isso aconteceu no tempo da espanhola’. A epidemia foi tão forte que teve um momento em que as gerações passaram a marcar o tempo se referenciando dessa forma”, conta Heloísa Starling, historiadora da Universidade Federal de Minas Gerais.

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capa de jornal sobre a gripe espanhola de 1918

Como foi a gripe espanhola no Brasil?

“Cinco mil pessoas morreram em apenas um mês em São Paulo”, conta Starling. Assim como o coronavírus em 2020, uma das consequências da gripe espanhola era a falta de leitos, já que muitas pessoas adoeciam ao mesmo tempo, sobrecarregando os hospitais. E isso numa época em que o SUS não existia.

Rodrigues Alves, presidente do país entre 1902 e 1906 e que tinha sido eleito para um novo mandato em 1918, morreu em janeiro 1919, sem conseguir assumir. Durante décadas, a morte do político foi atribuída à gripe espanhola, mas há quem defenda que ele teve, na realidade, leucemia. E que ele já estava debilitado há meses, como o jornalista Ruy Castro relatou recentemente, numa coluna para a Folha de São Paulo.

capa de jornal noticia morte de rpdrigues alves

No Rio de Janeiro, então capital da República, a destruição deixada pelo vírus também foi gigantesca. “Faltava gente para enterrar os mortos, uma situação como a que estamos vendo hoje no Equador”, explica Heloísa Starling. A epidemia fez com que o Cemitério da Consolação, em São Paulo, funcionasse 24 horas, enquanto prefeituras gastavam boa parte do dinheiro para o combate ao vírus com a compra de caixões.

O jornal A Noite relatou que a prefeitura do Rio fazia uma caça a coveiros: percorria as ruas em busca de homens fortes, que eram imediatamente levados para os cemitérios, onde trabalhavam na abertura de valas. Em Belo Horizonte, a prefeitura fechou o cemitério para visitação em pleno dia de Finados, enquanto velórios foram proibidos em todo o Brasil.

Em Porto Alegre, cinco mil pessoas morreram por conta do vírus e foi necessário achar um novo local para enterrar tantos corpos. Assim como em 2020, as pessoas ficaram em casa, mas em muitas partes do país a quarentena não foi medida do governo, mas consequência da infecção de centenas de milhares, que simplesmente não tinham condições de trabalhar.

Para entender como um vírus de gripe paralisou o Brasil há um século, pesquisei dezenas de edições dos principais jornais do país, usando o acervo digital da Biblioteca Nacional. Concentrei minhas pesquisas nos meses de setembro, outubro e novembro de 1918, o pico da epidemia de gripe espanhola no Brasil. Manchetes que dão o dia a dia da doença no país e trazem semelhanças assustadoras com a crise da Covid-19.

epidemia de gripe 1918

A origem da gripe espanhola e como a doença chegou ao Brasil

A gripe espanhola não surgiu na Espanha – há versões que dizem que a primeira epidemia da doença foi detectada no Kansas, Estados Unidos, em quartéis, enquanto outras garantem que o vírus surgiu em acampamentos militares no Reino Unido e na França.

Em todo caso, o certo é que a Primeira Guerra Mundial, que concentrou milhões de soldados em trincheiras e quartéis, ofereceu as condições ideais para a propagação da doença. A guerra também pode ter ajudado a mascarar as mortes pela gripe, contribuindo para que a epidemia caísse em relativo esquecimento nas décadas seguintes.

A gripe já tinha deixado um grande número de mortos quando chegou à Espanha, país que estava neutro no conflito e que por isso deu mais atenção ao problema. Ali, o vírus acamou o Rei Afonso 13 e tomou conta dos noticiários. A maior visibilidade fez com que a gripe ganhasse o mundo com sotaque espanhol. Hoje, a Organização Mundial da Saúde pede para que novas doenças não façam referência a lugares, animais ou pessoas, para evitar o preconceito e a estigmatização.

Como Veneza sobreviveu à Peste Negra, a pior epidemia de todos os tempos

Assim como a Covid-19, a gripe espanhola se espalhou pelo mundo junto com os viajantes. O vírus chegou ao Brasil a bordo do navio Demerara, que saiu da Europa em setembro de 1918 e fez escalas em Recife, Salvador e no Rio de Janeiro. Embora a gripe já fosse uma realidade mundial, causando inúmeras mortes nos muitos países afetados, o risco era minimizado no Brasil – políticos tratavam a doença como uma gripezinha e jornais davam pequenas notas sobre o vírus que corria solto na Europa.

“A epidemia de gripe espanhola, apesar de grande número de doentes, se tem revelado muito benigna. Os casos de óbito são devidos a complicações. E tem se verificado que complicações só aparecem nos indivíduos depauperados”, dizia um jornal da época.

epidemia de 1918

No começo de outubro, Carlos Seidl, que seria um equivalente ao Ministro da Saúde atualmente, reafirmou que a gripe era benigna e que tudo não passava de “histeria da imprensa”, que deveria ser censurada. Uma semana depois, quando o Rio chegou a 800 mortes, ele foi demitido pelo presidente Venceslau Brás.

epidemia de gripe espanhola história

Carlos Seidl, então Ministro da Saúde, virou sinônimo para a doença 

O pouco caso do governo federal explica como os quase 600 passageiros do Demerara conseguiram desembarcar sem quarentena ou qualquer tipo de teste – e isso mesmo com algumas mortes tendo ocorrido durante a travessia do Atlântico. Do desembarque para a transmissão comunitária em solo brasileiro foi questão de dias. Em 7 de outubro, uma nota na Gazeta de Notícias relatava:

“Parece não haver mais dúvida sobre a irrupção da influenza espanhola entre nós. E nem era de se esperar outra coisa, dado o indiferentismo em que se manteve a Diretoria de Saúde Pública, só procurando agir mui tardiamente sobre o caso, deixando que inúmeros navios aqui aportassem, vindos das zonas infeccionadas, sem nenhum trabalho de expurgo e de desinfecção”.

A Gazeta de Notícias, 7 de outubro de 1918

gripe espanhola de 1918

Apesar da crítica, o colunista ainda minimizava o potencial da epidemia: “A gripe para aqui transplantada não tem a virulência manifestada na Europa e na África”. Mas isso logo ia mudar. Em 21 de outubro, o jornal O País dedicava toda sua terceira página à epidemia. Numa crônica, Carlos Malheiro Dias descrevia um Rio de Janeiro “imerso no pânico” e “cheio dos aspectos medievais de uma cidade pecadora e vítima das cóleras celestes”.

Semelhanças entre as pandemias de 1918 e 2020

Com a cidade vazia, comerciantes e empresários protestaram. Numa coluna da Gazeta de Notícias, um homem reclamava da situação “precária do comércio”, que “enfrentava uma crise jamais vista”. Depois de esbravejar contra os donos dos bancos, que não tinham conseguido abrir por falta de funcionários, a nota terminava dizendo: “calcule o transtorno que esses fatos causam à vida comercial do Rio de Janeiro!”

Duas notícias relatam a situação do comércio e o pedido de moratória (à direita)

A Associação Comercial pediu ao governo federal uma moratória, quando há atraso ou suspensão de uma dívida, mas o Ministro da Economia foi contra. “O comércio também pagou, com inúmeros prejuízos, o seu tributo ao flagelo, e só a moratória o poderá salvar”, dizia um artigo.

Se os comerciantes relatavam perdas, aos operários restava a miséria. Também na Gazeta de Notícias, um leitor dizia que só na Gávea havia três mil enfermos. “Famílias inteiras de operários jazem no leito sem recursos e até muitas vezes sem médico e sem remédios”.

Em nota, a diretoria de saúde pública deixava claro que pessoas com sintomas não deveriam sair de casa. No fim da página, o jornal trazia a história de Olavo Camargo, “de 40 anos, que sentindo-se vítima da epidemia reinante, de tal modo se apavorou que, dando um golpe de navalha no pescoço, poucas horas mais teve de vida”. Esse foi apenas um dos relatos de suicídio que encontrei nos arquivos da Biblioteca Nacional envolvendo infectados pela gripe.

   

Relatos de suicídios por conta da gripe espanhola, em jornais de 1918 

Uma coluna da Gazeta de Notícias assinada por Luiz Dantas, um leitor de Barra Mansa, dava a dimensão do problema em 25 de outubro de 1918, cerca de um mês após o desembarque do Demerara. “A situação agrava-se seriamente devido a completa falta d’água. (…) Os médicos acham-se enfermos. O prefeito e todo o pessoal da prefeitura estão atacados de influenza. (…) O comércio está paralisado, a epidemia alastra-se pelas fazendas e os serviços estão paralisados por falta de pessoal”. Na capa, o jornal destacava que a epidemia era seguida de outro problema, a fome.

Três dias antes, em 22 de outubro, o mesmo jornal trouxe “as oportunas e interessantes observações de um médico”. Ele atribuía a doença a um “micróbio especial”, garantindo que este “não está absolutamente no ar, nem pode viver fora do seu elemento, que é o organismo humano”.

O médico exortava: “Acabem-se, pelo menos agora, com os perigosos apertos de mão. Procure sempre tê-la bem lavada e abstenha de levá-la à boca enquanto estiver na rua”. Embora tardiamente, o setor de saúde tentou reagir e foram criados, às presas, hospitais de campanha. No Rio, o hospital Nilo Peçanha tinha 150 leitos para vítimas do vírus.

Outra notícia dizia que o vírus estava matando jovens. “Em Niterói, tem morrido de espanhola muitas crianças”. Enquanto isso, o jornal relatava a dificuldade para enterrar os mortos pela epidemia. “Inúmeros são os cadáveres que até hoje se acham desenterrados e outros à espera de caixões”, dizia a nota.

O corpo de um homem de 33 anos ficou cinco dias numa rua do Rio de Janeiro, em estado de decomposição. “Os moradores do prédio 34, por não poderem mais suportar o mau cheiro que exala, telefonaram para a Delegacia de Saúde e pediram providências ao Presidente da República”. E o número de obituários crescia.

Moradores pedem que governo recolha corpo que está na rua há cinco dias

Com a manchete “Mais um dia de angústias”, A Gazeta de Notícias contou que “três defuntos tinham sido recolhidos em adiantado estado de decomposição, sendo que um deles se encontrava em plena rua”. No mesmo dia a polícia do Rio tinha recebido “mais de 200 caixões”.

O sistema funerário colapsou em semanas em todo o país, e os jornais deixavam claro que a situação na capital da República era péssima.

“Não foi poupado à população o doloroso espetáculo dos cadáveres atirados à via pública. Nos subúrbios, nos arrebaldes e nos centros das cidades eram vistos, a cada passo, corpos humanos abandonados, ora nos passeios, ora nas sarjetas, uns dentro de caixões de madeira mal forrados, outros simplesmente envoltos em retalhos”.

As supostas curas para a espanhola

Enquanto as mortes e o pânico se espalhavam, a indústria farmacêutica aproveitava os jornais para anunciar remédios que supostamente curavam a gripe – depois dos obituários, eram essas propagandas os itens mais comuns nas páginas das publicações. Um desses medicamentos, o Contratosse, garantia ter “efeito sensacional contra a gripe espanhola”.

“Os médicos mais ilustres o receitam”, dizia o anúncio.

Centímetros abaixo, na mesma folha, uma notinha anunciava outro tratamento para espanhola: “recomendamos a máxima higiene e o uso das conhecidas pílulas sudoríficas de Luiz Varlos“. As pílulas Rosadas do Dr Williams eram apontadas como uma das (muitas) soluções para aquele cansaço que ficava após o fim da febre e o Antipampyrus prometia “curar rapidamente” a gripe. O Albapenitum ia ainda mais longe na promessa: garantia curas radicais em 24 horas.

jornais antigos gripe espanhola

história das pandemias

Já a farmácia de Adolpho Vasconcellos anunciava a Gripina, que teria garantido “curas milagrosas na gripe espanhola”. Ao mesmo tempo, um laboratório afirmava que “o organismo enfraquecido pela gripe encontra no elixir restaurador um baluarte inexpugnável”.

tratamento para a influenza espanhola

Em 29 de março de 1919, o jornal A Noite defendia o uso da quinina, um medicamento usado há séculos no combate à malária. “Um grande médico norte-americano contava, assombrado, a um médico francês em Nova York que o filho dele, na França, tinha sido tratado da ‘flu’ com quinina. E isso lhe parecia um disparate formidável”. O artigo de Medeiros e Albuquerque concluía que o uso do medicamento poderia explicar a menor letalidade do vírus em solo francês.

“O quinino, que custava 1,6 conto de réis, passou a custar 9. E as pessoas que precisavam dele, pois é importante para combater a malária, principalmente no Norte do país, não encontraram”, conta o escritor Eduardo Bueno, que dedicou um vídeo para a gripe espanhola no seu Canal do YouTube, o Buenas Ideias. Segundo ele, outro produto que sumiu das prateleiras foi a naftalina, que também serviria no combate à doença.

cura para a gripe espanhola

Os jornais também noticiaram o aumento de preços. Adelino Silva, um morador do Rio de Janeiro, visitou redações de jornais para contar que “alguns farmacêuticos inescrupulosos” não estavam seguindo a tabela de preços dos medicamentos. O repórter foi até uma farmácia citada pelo leitor e descobriu que um remédio que deveria custar 200 réis era vendido por mil.

gripe espanhola e coronavírus

No fim da epidemia, a gripe deixou pelo menos 40 mil mortos no Brasil, embora tenha existido subnotificação.

“Na verdade, até mesmo pela violência, aquela foi a epidemia mais próxima, mais parecida, com a que nós estamos vivendo hoje, pelas características, por não dominarmos o vírus. Os cientistas na época não sabiam direito nem o que era um vírus, quanto mais que ele sofria mutação”, explica Heloísa Starling. As primeiras imagens de um vírus só foram feitas em 1931, quando surgiu o microscópio eletrônico.

epidemia de 1918

Por que nós esquecemos da gripe espanhola de 1918?

Dia desses, ao conversar com meus avós, tentei tirar deles algo sobre a gripe espanhola – eles ainda não eram vivos, mas seus pais sim. Não consegui muitas informações. O vírus que fechou o Brasil e deixou cadáveres insepultos nas ruas parece ter sido esquecido, desapareceu da memória coletiva.

“Com o passar dos anos e gerações a gente se esqueceu. Eu acho, mas estou especulando, que esquecemos para apagar o trauma. E também tem um pouco de arrogância. Nós conhecemos a ciência, é como se nós dominássemos a natureza e não fôssemos sofrer nada similar novamente. E isso foi um erro, porque o passado não volta, mas pode nos ajudar a pensar sobre hoje.

Heloísa Starling, historiadora da UFMG

A historiadora investigou a gripe espanhola em Belo Horizonte, então uma jovem cidade, com cerca de 20 anos e 50 mil habitantes. A epidemia deixou 292 mortos na capital mineira, uma taxa de letalidade bem menor que a de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. “Mesmo que a gente assuma que houve subnotificação e triplique esse número, ainda assim fica claro que Belo Horizonte conseguiu um controle muito bom da epidemia.

Heloísa Starling destaca que é preciso ter uma ideia mais ampla de como foi o cenário no resto do país antes de tirarmos conclusões, mas que já é possível formular alguns questionamentos. “A gente se esqueceu de fazer algumas perguntas para o passado. Por exemplo, como foi que os outros estados, além do Rio de Janeiro, enfrentaram a espanhola? Belo Horizonte enfrentou de maneira diferente. O que a gente pode aprender com esse enfrentamento?”

A princípio a capital mineira agiu como o restante do país: acreditou que a gripe não chegaria na cidade e que, se chegasse, seria um problema menor. “Por ser uma cidade nova, com ótimas condições sanitárias, as epidemias que costumavam acontecer no país, como cólera e febre amarela, não ocorreram em Belo Horizonte”, explica a pesquisadora. Mas bastou que o vírus desembarcasse de trem para que a política pública mudasse, com uma série de medidas adotadas pelo prefeito Vaz de Mello e pelo diretor de higiene Samuel Libânio.

(Para saber mais sobre a gripe espanhola na capital mineira, vale ouvir o podcast Tempo Hábil).

Eles fecharam o comércio, suspenderam as aulas. Belo Horizonte tinha um orgulho enorme dos bondes elétricos. E o prefeito mandou higienizar os bondes. Fechou os cafés, os bares. Os comerciantes reclamaram: ‘mas e a economia?’, mas o prefeito não quis saber, mantendo as pessoas em casa”.

Heloísa Starling, historiadora da UFMG

Além do governo, a comunidade se uniu. Empresas, igrejas e a população passaram a fazer doações e a Faculdade de Medicina se transformou num hospital. “O Rio de Janeiro não tomou essas medidas, provavelmente por que não teve tempo: a gripe desembarcou lá e não se esperava. Quando o Rio acordou, a mortandade já estava muito grande”, conta.

gripe espanhola jornais

Pergunto o que podemos aprender com o passado e como lidar com a atual epidemia e com o futuro. “Nós podemos agir como fizemos com a espanhola: esquecer, o que seria o pior caminho. É que há respostas que estavam no passado e que deveríamos ter mantido vivas. Nós não podemos dominar de uma vez só uma peste, uma epidemia mundial. Mas nós podemos combatê-la. E o modo como se escolhe combatê-la faz toda a diferença”, conclui a historiadora.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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17 comentários sobre o texto “A Gripe Espanhola nos jornais de 1918: como o coronavírus repete o passado

  1. Impressionada com a riqueza desta materia! E tambem com a memoria da gente. O que mais foi dito e que era uma “situacao sem precendentes”. Nossa memoria e mesmo muito curta. Parabens, Rafael! Obrigada pelo conteudo.

  2. Excelente artigo!!! O levantamento foi tão bem documentado que até parece um artigo científico. Parabéns ao escritor pela habilidade.

  3. Foi muito bom saber tudo isso. Obrigada pela pesquisa. Tenho uma curiosidade. Como acaba uma pandemia como estas? Por que acaba? Eu não entendo como esta tragédia tem fim se um passa pro outro e assim vai sem fim. Se alguém pudr me ajudar a entender, eu agradeço. Um abraço e obrigada

    1. Oi, Therezinha. Feliz que você gostou. 🙂

      A gripe espanhola começou em 1918, teve outra onda em 1919 e o último caso registrado em 1920. O vírus parou de circular, provavelmente porque ocorreu a tal da “imunidade de rebanho”. Ou seja, a maior parte da população mundial pegou e ficou imune.

      O coronavírus, claro, é outra história. Outra doença, outra época, outro contexto. A gripe espanhola ocorreu no fim da Primeira Guerra Mundial, o que agravou a situação. E a ciência não tinha nem feito uma imagem de um vírus ainda.

      Hoje, podemos sonhar, num prazo razoável, com uma vacina. E com o desenvolvimento de tratamentos melhores. Enquanto isso, vamos de isolamento!

      Abraço.

  4. Resumir muitas histórias em uma pesquisa, que fique curioso e esclarecedor nem sempre é uma tarefa fácil, mesmo para um jornalista. Mas gostei muito, e infelizmente, parte dessa triste história poderá ser repetida . Parabéns, ótimo texto.

  5. Minha avó, estava no Rio durante a gripe espanhola. Morreu o marido e dois filhos. Salvaram 5 filhos. Mudou-se para Juiz de Fora e la seguiu a vida

  6. Parabéns pela pesquisa e comentários. Meu avô nasceu em 1901 e faleceu em 2005 com 104 anos. Ele viveu esse período e me contou as estórias sobre os cadáveres deixados na porta de casa, na beira das sarjetas, para que um caminhão baú, que era utilizado para recolher o lixo nas épocas anteriores a pandemia, pegasse os corpos, os quais eram sepultados em valas comuns. Nem sempre havia enterro em caixões e covas individuais, diante da falta de recursos e tempo. A coisa era muito pior do que foi exposto, segundo os seus relatos, até por que ele não era rico, pelo contrário, de forma que viveu na pele a experiência. Parabéns pelo estudo da história deste país chamado Brasil, que sempre a esquece e acaba repetindo os seus erros.

    1. Muito obrigado pelo relato do seu avô, Luis. Sim, imagino que muitos corpos foram pra vala comum mesmo! Já chegaram, por meio deste texto, alguns relatos de gente que não sabe onde antepassados foram enterrados, vítimas da pandemia. Não achei nada sobre isso em jornais da época, mas certamente isso ocorreu – e muito.

  7. Caramba, e a história se repete….
    Estava procurando mais informações sobre esse período, e esse texto foi perfeito para sanar minha curiosidade!
    Obrigada pelo tempo em fazer as pesquisas e entrevistas, e dividir com a gente esse conhecimento. =)

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