Sou louco por lugares históricos. Tremi de emoção quando entrei no Coliseu. Em Paris, enquanto todos admiram a Torre Eiffel, eu pirei mesmo foi na Praça da Concórdia, imaginando o local exato em que mais de mil cabeças rolaram – incluindo as de Luís XVI e Maria Antonieta. Também me emocionei ao imitar Pedro Álvares Cabral, que depois de conhecer a passarela do álcool e pegar uma praia em Porto Seguro resolveu achar o caminho das Índias, chegando numa cidade chamada Cochim. E uma das minhas viagens dos sonhos envolve seguir os passos de Filipe II e um certo Alexandre, pai e filho que reinaram e transformaram a Macedônia no maior Império do mundo até então.
Mas a história pode ser cruel – afinal é contada pelos vencedores. Aos derrotados cabe um papel menor. Isso explica porque qualquer criança sabe quem é aquele Alexandre do paragrafo de cima, que ampliou o reinado do pai dele, conquistou todo o mundo conhecido e por isso ganhou o adjetivo “O Grande” de sobrenome. Mas pouca gente ouviu falar de Pachacuti e Túpac Inca, pai e filho que, no século XV, tiveram conquistas militares comparáveis às de Filipe e Alexandre.
História dos Incas: a construção do Império
A expansão inca começou em 1438 d.C. Cuzco, na época uma cidade pequena, foi transformada em capital da América por pai e filho. Após cerca de 50 anos de reinado, o Império Inca alcançava toda a área que hoje é o Peru e a Bolívia, além de o norte do Equador, o sul da Colômbia e partes do Chile e da Argentina. Em tamanho, o Império Inca chegou a ter 2 milhões de metros quadrados – cerca de metade do que foi conquistado por Filipe e Alexandre. Impressionante, não? Mas Pachacuti e Túpac Inca não têm nem metade da fama dos conquistadores macedônios, tudo porque a história normalmente é contada do ponto de vista europeu.
Pachacuti assumiu o trono durante uma crise política. Com ele no poder, o Império chegou a dominar algo entre 10 e 30 milhões de pessoas – a margem de erro de 200% não é culpa minha, mas da Wikipédia que não fez o serviço direito. As tribos e povos ao redor tinham duas opções: (1) se rendiam e passavam a fazer parte do Império, ou (2) não se rendiam e eram massacrados pelo exército do Império. Pachacuti tentava resolver a coisa pacificamente (oi?), e mandava diplomatas com a oferta número 1 antes de enviar guerreiros com a número 2.
Além do exército, os incas tinham técnicas avançadas de agricultura e uma extensa malha de estradas. A arquitetura também deixou os incas famosos. Prova disso é que, anos depois da queda desse povo, os espanhóis foram humilhados pelos terremotos. Os constantes tremores de terra da região derrubavam as construções dos europeus, mais novas, mas praticamente não afetavam as obras incas, de melhor qualidade.
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Após a morte de Pachacuti, o filho dele assumiu o trono. Túpac Inca foi o décimo governante dos incas e o segundo Imperador. Líder do exército em algumas das conquistas militares do governo do pai dele, Túpac Inca conquistou tribos rivais do Peru e ampliou o Império durante seus 20 anos de governo. O apogeu inca terminou com a chegada dos homens barbudos, comandados pelo espanhol Francisco Pizarro, por volta de 1530.
Autorizado pela monarquia espanhola a conquistar o Império Inca, Pizarro começou sua campanha de conquistas com menos de 200 homens. O que contribuiu para a queda Inca foi o momento em que os espanhóis começaram a atacar: os incas estavam em guerra civil pela sucessão, que era disputada pelos irmãos Huáscar e Atahualpa, netos de Túpac Inca. E a varíola, que entrou na América junto com os conquistadores europeus, enfraqueceu ainda mais o poder de reação, matando grande parte da população local. Assim caiu um dos maiores impérios da história.
Mesmo que a história não dê o devido valor, me emocionei ao pisar no que um dia foi um dos maiores impérios da humanidade. Estive em Cuzco, o umbigo do mundo inca, em julho de 2012. As ruínas do antigo Vale Sagrado Inca se espalham por todos os lados. Incluem templos, casas, terrenos usados para plantações, lugares sagrados, etc.
De Cuzco seguimos para Machu Picchu, a cidade inca que só foi descoberta no século XX, causando quedas de queixo e euforia em arqueólogos, exploradores e mochileiros mundo afora. Toda a região de Cuzco é impressionante por si só: basta olhar para os cenários que juntam montanhas nevadas, natureza exuberante e construções de diversos séculos para se impressionar – você gostando de história ou não.
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Simplesmente fantástico! Sou um admirador da cultura Inca, seus feitos são absolutamente incríveis para época e principalmente as dificuldades naturais da região dos Andes. Em vista a São Pedro do Atacama tive a oportunidade de conhecer o caminho das três crianças Incas até o Vulcão mais alto da região, absolutamente incrível, essas crianças caminharam centenas de quilômetros através de um relevo extremamente difícil para sobrevivência até para os dias de hoje para serem ofertadas ao sacrifício a mais de 6700 metros de altitude, absolutamente incrível, parabéns pelo fascinante relatos.
Em Salta, na Argentina, há um museu que conta a história de crianças assim. E há até múmias que foram encontradas, Frederico. Dá uma olhada nesse texto: https://www.360meridianos.com/2015/01/mumias-das-criancas-incas-de-salta.html
Abraço.
Adoro a história dos incas….. e um dia espero poder visitar Cuzco e Machu Picchu!!!
De fato Rafael, ao chegar em Machu Picchu o queixo cai tanto que é difícil imaginar que um dia ele chegaria a um nível tão baixo… rs
ótimo post!
Obrigado, Julio.
Abraço.
Adorei o post!
Me emociono tb quando penso na historia do lugar!
Estou indo agora em julho… nao vejo a hora.
=)
Que bom que gostou, Mah! Conhecer a história de um local é fundamental para curtir mesmo a viagem.
Abraço e boa viagem!