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Atlas: Chandigarh, Índia

Os Sikhs, a religião dos turbantes

Eu segurava um pano preto com os dentes e lamentava não ter um espelho por perto. “São seis metros e meio”, me explicou Amarpreet, indiano de pouco mais de 20 anos, para logo depois acrescentar que existem alguns maiores e mais complicados de vestir. Diz o clichê que nunca nos esquecemos das primeiras coisas. De fato, jamais vou me esquecer do meu primeiro turbante.

Tudo bem que o turbante não era meu – foi um empréstimo que durou uns oito minutos, metade do tempo gasto para colocar os seis metros e meio de pano em minha cabeça. “Eu gasto 10 minutos para fazer o meu, todas as manhãs. E olha que faço sozinho, com uma ponta do pano amarrada na porta”, revela, enquanto faz os últimos ajustes.

Ajeita aqui, mexe um pouco ali e pronto. “Você quase parece um Sikh. Só falta a barba”. E a barba faz mesmo toda a diferença para os adeptos do sikhismo, religião fundada no século 15, no Punjab,  região atualmente dividida entre a Índia e o Paquistão. Existem cerca de 23 milhões de Sikhs no mundo e mais de 80% deles vivem na Índia. A conta inclui Manmohan Singh, que ocupa o cargo de Primeiro Ministro no país.

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Como fazer um turbante sikh

Mas por que os sikhs usam turbantes?

O sikhismo é a quinta maior religião do mundo em número de adeptos. Dentre as principais crenças estão a fé num Deus único e sem forma e nos ensinamentos dos dez gurus sagrados. Mas são as duas marcas mais típicas dos Sikh que me fazem parecer simplesmente um ocidental fantasiado com turbante preto. A primeira é o uso do Kara, um bracelete de metal que representa a eternidade e que os Sikhs usam desde o nascimento.

A segunda, mas não menos importante, é o respeito ao Kes, ou ao cabelo. Um Sikh nunca corta os cabelos do corpo. Nunca. “O meu, quando solto, bate aqui”, diz Amarpreet, apontando para a região da cintura. A barba de um Sikh pode até parecer curta, mas é só impressão. É que eles amarram os pelos logo abaixo do queixo.

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Homem sikh em Amritsar

Os cabelos, sagrados, devem ser preservados, custe o que custar. Por isso o uso do turbante. É uma forma de proteger os fios das impurezas do mundo. Eles podem ser pequenos ou grandes. Coloridos ou no tradicional preto e branco. Existem turbantes que, como um terno chique, só são usados em ocasiões muito especiais. E em outros momentos eles são mal vistos, como nos aeroportos, onde os Sikhs têm sido confundidos com terroristas, principalmente depois de um certo 11 de setembro.

Homens Sikhs em Chandigarh - Índia

Para dormir, os Sikhs  usam turbantes mais simples de colocar. Já o do dia a dia costuma ser maior, principalmente se o pano tiver muito cabelo para guardar. O mais usado é o turbante simples, com forma arredondada e tamanho médio. Mas também existem outros tipos: o pechan é usado por jovens; o round por militares Sikhs.

Uma dúvida ainda estimulava a minha curiosidade. “Existe alguma diferença nas cores dos turbantes? – pergunto. “Fashion”, responde Amarpreet. “Você pode escolher o turbante para combinar com suas roupas. Quando eu estou em dúvida escolho o preto”. Não é por nunca ter cortado os cabelos que ele iria ignorar as tendências da moda.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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27 comentários sobre o texto “Os Sikhs, a religião dos turbantes

  1. Estou interessada no sikh mas queria saber se eles podem namorar e casar com estrangeiras .se a religiao deles permite.gostaria de informaçoes a respeito.obrigada.

  2. Olá!
    Estou indo para Ludhiana em Punjab agora em janeiro sozinha, por meio de um intercâmbio entre faculdades de medicina. Você poderia passar seu e-mail ou entrar em contato comigo pelo meu (iarabmatos@hotmail.com) para me dar algumas dicas?
    Obrigada!
    Iara.

      1. Sat Siri Akal.
        Meu nome é Atma Singh Khalsa, sou um Sikh (que quer dizer aprendiz), e mestre em Kundalini Yoga!
        Se quizerem informações, entrem em contato comigo!

          1. Se pode do ponto de vista da religião eu não sei, mas eu conheço um casal de um sikh com uma alemã. Não é incomum, não.

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