Tem poucas coisas no mundo melhores do que queijo. Com exceção de quem tem intolerância a lactose, é possível achar pelo menos um dos vários tipos de queijo que agrade ao paladar. Existem registros desse alimento desde antes dos Romanos. Ele pode ter surgido entre 8 a 3 mil anos antes de Cristo, provavelmente no Oriente Médio ou na Ásia Central.
Antigamente, as pessoas utilizavam órgãos internos de animais para armazenar leite. E são grandes as chances do leite ter virado coalhada após ficar um tempo guardado dessa forma. Essa coalhada prensada e com a adição de sal é a receita de um processo que os humanos foram aprimorando ao longos dos anos, em diferentes lugares do mundo.
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Os principais pratos da comida grega
Quando estivemos na Região da Emília Romana, na Itália, tivemos a oportunidade de visitar uma fábrica em Parma, que produz um dos queijos mais conhecidos do mundo: o parmesão. Mas lá ele tem um nome especial, é o Parmigiano-Reggiano. O parmesão produzido em Parma e arredores é o único no mundo que pode levar esse nome pomposo. Mas isso não é frescura – os produtores locais têm muito cuidado com a qualidade de seus queijos, que merecem ter renome num mundo cheio de cópias do parmesão.
O Parmigiano-Reggiano tem uma série de padrões: é feito com o leite de um tipo de vaca específica, tem como ingredientes apenas leite e sal, tem uma inscrição em toda lateral, indicando a marca, número de série, ano e mês da produção. Depois de pronto e enformado, o queijo fica guardado em galpões de envelhecimento por 12 meses. Após esse tempo, o Consorzio Parmigiano-Reggiano inspeciona toda a produção com um martelinho. Só de bater no queijo, o inspetor consegue saber, pelo som, se aquele produto é de qualidade ou não. Os que passam no teste ganham um selo especial e os que não passam recebem uma marca para você saber que está comprando um queijo de pior qualidade. O Parmigiano-Reggiano pode vir envelhecido de 12 a 48 meses.
Esse nome específico para os queijos da região é uma lei. Na União Européia, os governos decidiram proteger os nomes de seus produtos artesanais, ajudando os produtores locais a conseguirem um preço especial por produtos autênticos e eliminando a competição injusta com produtos industriais. O nome dessa regra é algo como “Denominação de Origem Protegida” ou Protected Designation of Origin (DOP). Também há outras certificações semelhantes com as siglas IGP (Indicação Geográfica Protegida) ou DOC (Denominação de Origem Controlada).
Vários tipos de queijo em Paris
Sendo assim, um queijo, por exemplo, só pode receber essa regulamentação se: 1. for um produto com características especificas, principalmente se vier de áreas rurais ou menos favorecidas; 2. melhorar a renda de fazendeiros, que genuinamente se esforçam pela qualidade do produto; 3. ajuda a manter a população nas áreas rurais; 4. deixa bem claro para os consumidores a origem do produto.
O Pecorino Toscano, na Itália também é protegido
Vários tipos de queijo europeus famosos têm seu nome protegido por essas certificações. Ou seja, quando você estiver visitando alguns lugares, pode fazer como nós, que fomos a Parma e comemos o parmesão original. Ainda na Itália, o Gorgonzola oficial vem da cidade de Gorgonzola, perto de Milão; a Mozzarella di Bufala, de Campana, no sul da Itália; ou o Provolone, de Valpadana ou Mônaco. Aqui tem uma lista completa de todos os queijos DOP na Itália.
Além disso, os produtos DOP também estão na França (Camembert, Roquefort, Brie, etc) e Holanda (Gouda, Edammer…), só para citar os mais conhecidos. O mais legal é que em qualquer parte da Europa que você for, só vai encontrar no supermercado tipos de queijo europeus, ou quaisquer outros produtos dos países da União com esses certificados.
Queijo Gouda em Amsterdam
Mas talvez você esteja se perguntando: se esses queijos têm nome protegido, então por que encontro vários deles no supermercado no Brasil, sem nenhuma certificação, de diferentes marcas industriais? Veja bem, porque a DOP é uma regulamentação da União Européia, ou seja, no Brasil a regra teoricamente não vale, a não ser que exista um acordo bilateral. Outro problema pode ser se o nome do queijo já caiu em uso comum: encontramos várias opções de parmesão nas prateleiras, mas Parmiggiano Reggiano não é um tipo de queijo fácil de achar. Isso fica ainda mais difícil com queijos tipo o Cheddar, dos ingleses. Ele tem o DOP incluindo o nome da região que é produzido, para garantir a originalidade do produto e o diferenciar dos 1001 tipos de cheddar diferentes que encontramos por aí – não, ele não é laranja radioativo como o McDonalds insiste.
No Brasil, ainda não temos nenhuma regulamentação que proteja os nosso queijos tradicionais. Minas Gerais é o estado produtor de quase 50% dos queijos consumidos no país, e entre eles têm os tradicionais queijo Canastra e do Serro, por exemplo. Esses queijos antes não podiam sequer ser vendidos fora da região em que são produzidos, porque são feitos de leite cru (não pasteurizado). Com isso, acabavam desvalorizados e confundidos com outros de menor qualidade. Em agosto de 2013, o governo de Minas, em parceria com o Ministério da Agricultura, criou Centros de Qualidade do Queijo Minas Tradicional nas cidades onde o queijo é produzido. Por isso, agora é permitindo que esses produtores locais usem tal certificado para vender o produto em todo o Brasil, mas isso ainda não funciona para valorizar os melhores produtos, apesar de ser o primeiro passo para que nosso país também tenha queijos artesanais internacionalmente reconhecidos.
O 360meridianos esteve em Parma a convite do projeto BlogVille Emiglia Romana, que reúne blogueiros do mundo todo para comer, sentir e viver como um local na Itália.
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Fiz intercâmbio na Alemanha a um tempo atrás e realmente achei interessante só encontrar o permesao italiano lá. Todas as vezes que eu pedia “parmesan”, vinha o parmegiano reggiano e as vezes o grana padano. No Brasil gosto muito do parmesão uruguaio e argentino, mas tem muito parmesão de má qualidade aqui (principalmente os ralados empacotados). Outra coisa, não achei barato o preço do Parmesão na Europa: alguns queijos franceses como o Saint agur ou o roquefort Societé custam menos da metade do preço do Brasil, mas o Parmesão (inclusive o parmesão italiano no Brasil) achei que custa a mesma coisa (convertendo Euro pra Real).
Oi, Luiza, acabei de ler a matéria sobre os queijos. Adorei, estive na Itália nas férias de junho, agora em 2015( aqui na Bahia, as férias são em junho), sou professora e tinha o grande sonho de conhecer a Itália e resolvi deixar a preguiça de lado e me mandei pra lá. Comi muito o Parmigiano-Reggiano, quase trago na mala, mas fiquei com receio da alfândega pegar e jogar fora, achei melhor não arriscar; comi outros queijos também, mas este é incomparável. Lá custa bem mais barato que aqui, aqui é uma fortuna.Também queria ser jornalista, mas por amar a língua italiana terminei formada em Letras, Língua Portuguesa e Língua Italiana.
Escrevo crônicas e aprendo a escrever poesia e conto. Visite meu blog se desejar.
Aproveite e tente viajar o resto do mundo até os 50. Abraços, Alba.
Oi Alba,
Eu tenho um verdadeiro amor pelo parmigiano reggiano! Eu trouxe um pedaço enorme para o Brasil e fiquei morrendo de medo da alfândega também, mas não tive problemas!
Adorei suas crônicas, vou tentar acompanhar mais!
Oi, Luiza, obrigada por visitar meu blog. Nunca mais publiquei nada, tenho textos mais novos, mas esqueço de atualiza. Abração, Alba.
Ola Luiza.
Por acaso vc tem o endereço ou contato de algum lugar desses em Parma???
Vou para Italia no próximo 22 de junho. Chego em Veneza e viajo ate o sul em positano. Minha viagem termina dia 24 de julho.
Tenho bastante dias e se vc tiver alguma dica de lugares de comida eu adoraria.
Ah, esqueci de falar. Sou cozinheiro aqui no Brasil
Muito obrigado
Aluisio
Oi Aluisio,
Nesse post aqui tem as informações mais certinhas sobre a visita: https://www.360meridianos.com/dica/o-que-fazer-em-parma-e-arredores
Temos alguns posts sobre gastronomia italiana. Dá uma olhada:
https://www.360meridianos.com/especial/comida-tipica-italiana
https://www.360meridianos.com/dica/aula-de-culinaria-italia
https://www.360meridianos.com/especial/espaguete-bolonhesa-nao-existe
https://www.360meridianos.com/dica/pizza-napoletana-onde-comer
https://www.360meridianos.com/dica/universidade-gelato-bolonha
abraço
ñ consegui comer queijos em paris!
minha esposa é mó enjoada! rs
comprar um tecão pra nós 2 ñ dava!
Que pena Marcelo!
Vc devia ter comprado só para você, já que ela não gosta, hehe
ela que tava c/ o $$! ela era a caixa, contadora, mantenedora, e td mais!
rsrsrs