Tem uma coisa que me incomoda, simplesmente porque quase ninguém me pergunta sobre esse assunto. E não acho que seja por falta de dúvida. Acho que, nessa altura do século 21, mesmo com toda mulher tendo que lidar de alguma forma com menstruação, o assunto ainda parece ser meio tabu, tido como muito pessoal para alguém vir num blog tirar dúvidas. Mas a verdade é que eu sempre tive dúvidas quanto a isso, especialmente quando vou fazer uma viagem mais longa ou um intercâmbio. Então, chega de tabu, bora falar sobre o assunto.
Antes de dizer qualquer coisa, acho que é importante, além de ler e compartilhar suas experiências, ir regularmente ao ginecologista, afinal, cada pessoa tem um ciclo diferente e existem reações diversas com mesma medicação.
Leia também: Depilação e viagens, o que fazer?
Cabelo cacheado, viagens e liberdade
1. Ficar ou não ficar menstruada em viagens?
Uma questão que costuma passar pela minha cabeça é ficar ou não menstruada durante uma viagem. Se for um passeio mais curto, eu não tenho dúvidas, simplesmente emendo o anticoncepcional uma vez. A Naty costumava sempre tomar as cartelas de pílula seguidas, sem pausa.
Mas para mim isso não funciona, porque depois de dois meses fazendo isso, eu costumo ter o problema de escape, ou seja, sangramentos irregulares que são um saco, porque você não sabe quando esperar. E também tem gente que não toma pílula e nem quer começar ou voltar a fazer isso. Enfim, se um sangramento surpresa é chato durante a nossa rotina, numa viagem, com um guarda roupa limitado e nem tanto acesso à maquina de lavar, é um saco!
Logo, para mim, em uma viagem de mais de um mês, eu vou ter que lidar com a menstruação, eventualmente. Então, o que fazer?
2. Como e quanto levar de absorvente ou outras técnicas?
Uma coisa que eu aprendi com a volta ao mundo é que aquele absorvente clássico, com ou sem abas, você encontra em QUALQUER LUGAR e não faz o menor sentido levar um estoque disso numa viagem longa. Na Índia, por exemplo, eu levei vários pacotes a toa. Porém, para viagens mais curtas, de até um mês, eu sempre levo um pacotinho para o caso de emergências.
Outra coisa que eu aprendi é que em alguns países, em geral os menos desenvolvidos ou muito tradicionais, pode ser um pouco mais difícil encontrar absorvente interno. Como a caixinha é menor, pode ser uma boa levar mais de uma, caso você tenha o costume de usar e vá fazer intercâmbio num lugar assim.
Além disso, existe o copinho coletor menstrual, que é a invenção do século, na opinião de todo mundo que usa (inclusive a minha, que comprei o tal copinho eu amo muito). Nunca ouviu falar? É uma alternativa aos absorventes, um copinho mesmo, que você insere na vagina e só precisa tirar umas duas vezes ao dia, quando já estiver no conforto do seu hotel ou hostel. Aqui tem um post explicando exatamente como funciona e quanto custa.
Eu acho o copinho coletor uma excelente opção para quem vai viajar porque não só diminui bastante a necessidade da troca (às vezes, durante viagens, é difícil achar um banheiro decente) e também porque você não vai precisar mais ficar se preocupando em comprar absorvente ou se vai achar o tipo que você gosta mais. Nesse site aqui eles ensinam como higienizar.
A grande questão que eu percebi lendo relatos sobre o assunto é que a maioria das pessoas tem um período de adaptação e de entender melhor o corpo e o ciclo. Tem gente, por exemplo, que precisa trocar mais vezes e isso acaba inviabilizando o uso em viagens. Por isso, não compre o copo na vésperas da viagem: use uns dois meses primeiro para garantir que não vai passar aperto longe de casa.
3. Dá para encontrar meu anticoncepcional fora do Brasil?
Essa é uma dúvida que sempre me afligia. Hoje em dia eu uso o DIU de cobre, que inseri pelo sistema público português (o SUS no Brasil também insere gratuitamente) e dura 10 anos, com uma proteção contra gravidez maior do que os outros métodos hormonais.
Mas durante anos, usei um anel vaginal durante o mês, que libera os hormônios e eliminava a necessidade de lembrar de tomar a pílula. Ainda mais durante viagens, que com a mudança de fuso horário, faz você se atrapalhar com a hora certa.
O anel é caro – custa uns 60 reais – e não pode ser armazenado em qualquer lugar. Antes de ir para a Índia, eu sofri porque não queria gastar uma fortuna fazendo estoque para todos os 10 meses de viagem. Assim, eu levei quatro caixinhas (a minha médica me deu uma delas, lembre-se de pedir para a sua), minha mãe me mandou mais duas pelo correio e os demais meses eu fiquei sem. Paciência.
Em Portugal, eu fui mais esperta. Afinal, me lembrei que a maioria dos anticoncepcionais são produzidos por grandes indústrias farmacêuticas que são multinacionais e produzem o mesmo remédio para o mundo inteiro. Ou seja, não precisei fazer estoque nenhum e ainda descobri que o anel aqui na Europa custa 10 euros.
Minha dica para você é: dá uma olhada no site do laboratório do seu anticoncepcional e com seu ginecologista se sua pílula é produzida para o mundo inteiro, onde você encontra e se o nome muda. Porém, tenha em mente que em alguns países as farmácias não vendem anticoncepcional sem a receita de um médico local. Foi o que as meninas nos comentários, que já passaram por problemas com isso na Irlanda, Reino Unido e Itália, entre outros.
Se você não encontrar, não se desespere. Leve com você a receita médica do anticoncepcional e a caixinha. Com isso, é só levar na farmácia que eles descobrem para você o seu anticoncepcional, com o nome que ele tiver no país. Foi isso que a Valéria, que mora comigo, fez. E ela também descobriu que a pílula dela era mais barata aqui.
4. Voos e trombose
Há estudos que dizem que a combinação “voo longo + anticoncepcional” aumenta o risco de trombose, assim como gravidez, cigarro e álcool, já que esses são fatores de risco para a circulação humana. Por esses e outros motivos, decidi abandonar a pílula e outros métodos hormonais e coloquei o DIU de cobre.
Porém, sei que essa não é uma solução possível para todas as mulheres. Mas sugiro para todo mundo que se houver algum histórico da doença na família ou que fuma, não deixe de consultar não apenas seu ginecologista, mas também um angiologista, para saber se esse é um método realmente adequado para você. E, claro, use sempre camisinha (e lembre-se de levar com você nas viagens!).
Olá! Estou procurando sites que falem se é fácil passar pela alfândega dos países com absorventes na bolsa ou se eles implicam achando que é mais um meio de se carregar drogas (ou qualquer coisa desse tipo) e achei swu blog! Adorei! Eu já viajei para a Europa antes, mas é a primeira vez que viajarei menstruada!
Abraços!
Olá Luiza. Tudo bem?
Me chamo Elaine, eu gostaria de agradecer pelo seu artigo no blog esse assunto é algo muito importante e que é pouco falado, me ajudou bastante a tirá algumas dúvidas. Pretendo ir morá na França e não quero parar de tomar meu antconcepcional. Muito obrigada por compartilhar suas informações sobre o assunto. Um beijo
Ai gente vou viajar 1 semana em março para fazer praia e quase de certeza vou menstruar na altura.
Já ouvi falar do copinho, m n conheço MT. M faz-me um pouco de confusão… será q n se sente e incomoda? Odeio usar OB por causa disso: estou sempre a senti-lo, é horrível. Para mim o maior alivio do mundo é na hora de tirar aquilo!
Oi, Luiza! Como fez para levar o Nuvaring no avião? Colocou na mala ou alguma caixinha térmica? Moro no Brasil e estou de mudança para o Japão. A viagem será longa, em torno de 36 horas contando as conexões. Utilizo o Nuvaring e gostaria de levar umas 4 caixas do anel. Pq lá não consigo comprar na farmácia, só indo ao médico todo mês. Sei que depois de um tempo terei de ir, mas depois de 4 meses creio já estar um pouco adaptada e mais confiante para ir ao médico solicitar o anticoncepcional. Obrigada!
Estou nessa dúvida, pois não tomo anticoncepcional, até pq meu marido é vasectomizado. Mas tenho uma viagem daqui uns dias e justamente no primeiro dia da viagem está prevista minha menstruação. O segundo dia da menstruação sempre é muito fluxo e preciso ir ao banheiro de duas em duas horas no máximo… estou pensando em passar na gineco para ela me receitar mas nem sei se ela vai concordar usar só para esse fim, já que nunca tomei anticoncepcional (antes sempre usava camisinha).
E vou para um lugar que tem um passeio por dunas e será difícil acesso a banheiro..enfim, dúvida cruel, quero suspender…
Comecei a usar o coletor menstrual ano passado, em dezembro viajamos de férias para Porto de Galinhas e Maragogi, fiquei menstruada boa parte da viagem. Usei o coletor e não tive problemas, fui às piscinas naturais e frequentava a piscina do hotel normalmente, às vezes até esquecia que estava menstruada, não tive vazamentos.
Meu, eu li tanga coisa aqui e acabei esquecendo de comentar o quanto este site ajuda.
Vocês estão de parabéns, esse post é utilidade pública haha com certeza vou repassar para umas amigas. Valeu!
Eu simplesmente AMO o blog de vocês, acompanho há 3 anos e esse post só poderia ter lido aqui! MELHOR post de todos! Os comentários sobre depilação, também foram sensacionais. Estou indo mês que vem morar em Bogotá e não sabia como iria fazer. Sou louca para usar o copinho, mas confesso ter um receio com relação a higienizar e como alguém disse, é muito complicado quando você viaja e fica passeando bastante. Enfim, obrigada de verdade por tratar desse assunto!
Oi Luiza! Vou para Portugal em 15 dias e gostaria de comprar o copinho lá (Lisboa ou Porto) pois aqui na Croácia onde moro ainda é muito difícil de achar e caro :/
Não tomo anticoncepcional justamente por esses motivos citados no texto, todos falam que nós mulheres devemos tomar, mas há muito poucos estudos sobre os efeitos colaterais a longo e curto prazo.
Enfim, se vc souber onde comprar o copinho em Portugal me avise, por favor?
Ótimo texto!
Oi, Luiza, muito legal o assunto do post. Eu também uso nuvaring e to indo para a Itália, então fiz estoque. To viajando antes pelos Bálcãs, mas eles podem ficar entre 2 e 3 meses fora da geladeira, segundo meu ginecologista, então quando chegar lá eu coloco. Também vi algumas farmácias onde é possível comprar online, inclusive algumas internacionais. Não consegui achar mais informação sobre isso, mas para quem já está no exterior, às vezes vale a pena tentar.
Quanto ao copinho, comecei a usar há alguns ciclos e to achando uma maravilha. Com algo a mais: sempre me considerei uma mulher com fluxo muito forte, mas a cada vez que eu uso sinto que meu fluxo diminui. Também me sinto menos inchada, tenho menos cólica e dor de cabeça. Algumas pessoas dizem que é porque não uso mais o ob, porque esses seriam efeitos colaterais do alvejante. Pode fazer sentido, porque conheci umas meninas que passaram pela mesma coisa depois de passar a usar ob orgânico (que eu nunca vi no Brasil). O primeiro ciclo foi bem difícil, mas depois só maravilhas.